Para celebrar essa data, o
Rondoniaovivo está lançando nessa semana, uma série de matérias com mulheres que fazem a diferença em nosso estado. Elas superaram uma série de obstáculos em suas vidas profissional e pessoal, para se tornarem referência e inspiração para outras mulheres.
A sexta e última reportagem é com uma rondoniense de garra: a tenente da Polícia Militar de Rondônia, Heline Abreu Braga, de 38 anos, e 19 anos de corporação.
Heline ou Braguinha para os mais íntimos, é feminista, bastante atuante em política (já foi candidata à deputada estadual e vice-prefeita em 2020).
Ainda é mãe de um autista (Iuri, de 02 aninhos) e encontra tempo para participar do grupo Marias – Comissão de Mães Atípicas, que batalha contra o preconceito e pela efetivação dos direitos das pessoas com deficiência.
Nesta entrevista, Heline fala um pouco sobre seu trabalho, avanços na vida e expectativas para os próximos passos.
Veja a entrevista:
Rondoniaovivo - Qual a diferença entre as mulheres que conviveram contigo quando você era criança e as mulheres de hoje?
Heline: Muitas. A principal é que elas não tinham tanto apoio e a visibilidade necessários para ocupar os mais variados espaços - inclusive de poder - na sociedade. Contudo, abriram caminho para mulheres como eu. Sou muito grata por todas que fizeram parte da minha trajetória. O que temos em comum? Luta!! Ser mulher é sinônimo de luta.
Heline Braga exalta a luta diária de ser mãe de um garotinho autista e batalhar por mais direitos pelas crianças neurodiversas - Foto: Arquivo Pessoal
ROVivo – Como é ter uma posição de comando, em um local em que ainda há muito machismo como a Polícia Militar?
Heline: É um grande desafio. Uma força de segurança é historicamente constituída por homens. Não surpreende que a inserção das mulheres nesse nicho tenha sido tão carregada de violações. Ocupar posição de comando em uma instituição que tem sua maioria feita por homens exige muita resiliência, coragem e posicionamento.
É sobre patriarcado que falamos, né? Então dá pra imaginar que o processo não é tão fácil. Mas já foi muito mais difícil. Sinto-me muito acolhida e valorizada como mulher militar dentro da minha instituição.
Ainda temos que avançar? Nossa!! Muito!! Por isso não podemos desistir nem desanimar. É pelas que vieram antes de mim, pelas que estão e pelas que virão.
ROVivo – Como é ser mãe de um autista? Difícil?
Heline: Ser mãe já não é fácil, né? Mãe atípica, então!! Ser mãe de uma pessoa neurodiversa exige muito de mim e dos que me rodeiam. É fator de adoecimento, físico e mental!
Sempre fico a imaginar como seria caso eu não tivesse rede de apoio. Sem romantismos, é luta todo dia!
ROVivo – Você é bastante atuante na política, inclusive se candidatando a dois cargos importantes. Qual a sua visão da mulher rondoniense na política em ano de eleição?
Heline: Precisamos ocupar espaços de poder! A política é mais um sistema que é historicamente direcionado à figura do homem.
A inserção da mulher nesse cenário é urgente e necessária. Mas precisamos estar vigilantes quanto à superficialidade com que vem ocorrendo, de forma a combater, também, a violência política de gênero.
ROVivo - Qual a mensagem que você deixa para as mulheres de Rondônia nesse Dia da Mulher, especialmente, as mães autistas e policiais militares?
Heline: Poderia dizer muita coisa. Na verdade, falar de mulher não comporta linhas, né?
Meu recado é que resistam, que se reconheçam umas nas outras e que nos fortaleçamos enquanto protagonistas sociais. Há muito o que se fazer e nenhuma mulher está livre enquanto existir alguma acorrentada.