NO CHÃO: Camponeses acusam PMs de destruírem assentamento próximo a Nova Mutum

Famílias foram impedidas de retornarem para área, após decisão do STF e ainda tiveram poços de água contaminados

Rondoniaovivo

30 de Outubro de 2021 às 09:53

Atualizada em : 04 de Novembro de 2021 às 10:31

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Posseiros denunciam que a Polícia Militar destruiu o acampamento Tiago dos Santos, localizado em uma área próxima do distrito de Nova Mutum Paraná.

O terreno está sendo ocupado há mais de um ano, em uma área supostamente sem uso, da Fazenda Norbrasil, que é de propriedade de um latifundiário conhecido como Galo Velho.

Mesmo com ordem da ministra Cármen Lúcia, do Supremo Tribunal Federal (STF), que suspendeu a reintegração de posse da Fazenda Norbrasil, os policiais militares continuam na região para cumprir as ordens judiciais de recuperação de outras sete áreas, mas impedem os posseiros de retornarem para a área do acampamento Tiago dos Santos.

Rastro de destruição

Famílias da região mandaram vídeos ao Rondoniaovivo mostrando várias casas destruídas, com o apoio de máquinas pesadas.

Imagens feitas por um dos moradores mostram o poço que ele levou semanas cavando, totalmente contaminado com carcaças de animais, que eram criados pelas das famílias. Os bichos foram abatidos, consumidos e os restos jogados dentro do reservatório.

“Enquanto eles descumpriam a sentença do STF, aproveitaram para destruir o pouco que a gente tinha. Mataram as criações, destruíram nossos barracos e contaminaram nossa água. Levaremos meses para voltar à vida normal”, disse um dos posseiros.

Os membros do acampamento se reuniram na sexta-feira (28), para discutir algumas questões, como a formalização de denúncia contra o comando-geral da Polícia Militar, pelos prejuízos sofridos, além de reorganizar as famílias para evitar que os assentados não passem necessidades, principalmente as crianças e idosos.

“Os policiais militares agiram iguais os hunos liderados por Átila”, resumiu um advogado que dá assistência aos posseiros, mas pediu para não ter o nome divulgado.

História

Átila foi rei dos hunos e chefe de uma confederação tribal de hunos e povos germânicos e iranianos, que governou o maior império europeu de seu tempo.

O território se estendia do sul da atual Alemanha, no Oeste, até o rio Ural, no Leste; e do mar Báltico, no Norte, até o Mar Negro, no Sul.

Durante seu reinado, levou a cabo uma política agressiva de cobrança de tributos, e eventualmente, de intervenção militar em reinos vizinhos, que viria a torná-lo um dos inimigos mais temidos dos impérios romanos Ocidental e Bizantino.

O que diz a PM

Por meio da assessoria de comunicação, a Polícia Militar informou que após o retorno de 100 invasores para as regiões, com suspensão da reintegração de posse pelo STF, sendo as fazendas Norbrasil e Arco-Íris, a PM anunciou que as equipes policiais observaram obstrução de linhas que dão acesso aos locais de retorno dos invasores.

Ainda de acordo com a nota, os posseiros voltaram a cometer crimes ambientais derrubando árvores de grande porte nas vias rurais, buscando dificultar mais uma vez o acesso das equipes da Operação Nova Mutum na região invadida.

Segundo o texto foi visto durante patrulhamento aéreo, alguns invasores com motosserras, iniciando construções em locais que já tinham sido reintegrados.

Com a chegada das equipes policiais os invasores teriam fugido e não foi feita nenhuma prisão em flagrante.

A PM também divulgou que 56 invasores já foram autuados por crimes ambientais, onde teriam sido desmatados mais de 720 hectares de áreas florestais e o valor total das multas aplicadas já ultrapassaria R$ 5,5 milhões de reais.

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