Pelas estradas de Rondônia, sejam elas estaduais ou federais, passam as principais riquezas do estado: leite, soja, milho, café, madeira, gado para abate, frutas e verduras que abastecem mercados e supermercados dos 52 municípios ou são enviados para outros estados e países do mundo.
Porém, o que sistematicamente se vê nas vias são carretas e caminhões abarrotados de mercadorias, que estão com excesso de peso e de volume. As irregularidades, além de causarem acidentes (normalmente com mortes e feridos graves), ainda aceleram a deterioração do asfalto.
“O excesso de carga é, sem nenhuma sombra de dúvidas, uma das principais causas de deterioração das estradas. Principalmente quando o pavimento é do tipo flexível, como é o caso de 95% da malha rodoviária do Brasil. A passagem de caminhões com peso acima do limite deforma e trinca o asfalto”, diz engenheiro civil e especialista em estradas e transportes, José Roberto Albrecht.
Legislação
De acordo com a Resolução do Conselho Nacional de Trânsito (Contran) Nº 258, de 30 de novembro de 2007, e suas alterações, quando a fiscalização for feita por equipamento de pesagem (balança rodoviária), a tolerância para a carga em excesso é de 5% sobre os limites regulamentares para o peso bruto total (PBT) e peso bruto total combinado (PBTC). Ainda, há uma tolerância de 10% para excesso nos limites por eixo.
Albrecht lembra que a legislação em vigor determina que um veículo padrão deve ter distribuído uma carga máxima de 8 toneladas para cada um dos eixos existentes.
“Não há outro meio eficaz de se coibir infrações à lei que não seja a instalação de balanças”, completa o especialista.
Perigo
Segundo o que o
Rondoniaovivo conversou com dois caminhoneiros, que pediram para não ter as identidades reveladas, não há nenhuma balança funcionando em Rondônia, seja em estradas federais ou estaduais.
“Eu faço muitas viagens para o Mato Grosso e Acre. Mas também puxo algumas cargas de Ji-Paraná e de Rolim de Moura para Porto Velho. Nesse trecho todo, não há nenhuma balança funcionando, seja do DNIT ou do DER”, disse o primeiro.
“Faz tempo que meu veículo não é pesado aqui em Rondônia. Eu trabalho dentro do peso, até para não forçar muito minha carreta e me dar prejuízo, mas conheço muitos colegas que para ganhar um valor a mais no frete, acaba aceitando mais peso do que deveria. E como não tem balanças, fica mais fácil fazer isso”, falou o segundo motorista.
O peso em excesso aumenta o risco de acidentes em diversas situações, dificultando a ação dos freios, prejudicando a estabilidade ou ocasionando quebras mecânicas com o veículo em movimento. Mas os perigos não param por aí. O índice de fatalidade também aumenta nesses casos.
Afinal, a própria estrutura do caminhão (chassi, colunas e lataria) e os equipamentos de segurança (como os para-choques, as travas da quinta-roda e o engate do implemento) foram projetados e construídos para suportar uma determinada quantidade de força em um acidente.
Se a carga transportada está além do limite estabelecido, a energia gerada é superior ao que podem aguentar, comprometendo a integridade da cabine e a segurança do caminhoneiro.
O excesso de carga é um dos motivos que fazem a profissão (e de quem trafega nas estradas) terem os maiores índices de mortalidade no Brasil.
Silêncio
A reportagem entrou em contato com a assessoria de comunicação do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) em Brasília (DF), mas até o fechamento desta reportagem, dois dias depois do chamado, não houve retorno.
O
Rondoniaovivo também entrou em contato com o setor de imprensa do Departamento Estadual de Estradas de Rodagem (DER). A profissional disse apenas que poderíamos passar a demanda sobre o assunto, mas também não tivemos retorno até o momento, dois dias depois do primeiro contato.