O cancelamento das tradicionais solenidades no desfile cívico-militar é uma medida de prevenção sanitária para evitar aglomerações nas cerimônias
Foto: Divulgação
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Sem o toque da corneta, sem bandeiras na avenida, sem alunos escolares, sem tropas do Exército, da Marinha, da Aeronáutica, da PM e do Corpo de Bombeiros. Assim será o feriado pátrio de 7 de setembro em Porto Velho e no Estado de Rondônia, neste ano de pandemia da Covid-19.
O grito “Selva!” ficou para 2021. Essa forma de cumprimento, interjeição, substitui “Ok, tudo bem”. Daqui a um ano, certamente voltarão as solenidades corriqueiras do Dia da Pátria.
Por mensagem em meios eletrônicos, o governador Marcos Rocha se pronunciará, prestando homenagem aos profissionais de saúde que se dedicam dia e noite ao enfrentamento da pandemia do novo coronavírus.
O cancelamento das tradicionais solenidades no desfile cívico-militar é uma medida de prevenção sanitária para evitar aglomerações nas cerimônias, devido ao risco de contaminação pelo novo coronavírus.
No início de agosto, o Ministério da Defesa recomendou o cancelamento dos desfiles, em portaria (nº 2.621) publicada no Diário Oficial da União.
“Como é de amplo conhecimento, o País, como considerável parte do mundo, enfrenta a pandemia da Covid-19, não sendo recomendável pelas autoridades sanitárias a promoção de eventos que possam gerar aglomerações de público, devido ao risco de contaminação”, diz um trecho da portaria.
“As condições atuais indicam que tal recomendação deva ainda vigorar durante o mês de setembro, abrangendo, assim, o período de celebração do 198º Aniversário da Proclamação da Independência do Brasil”, assinala outro trecho da nota da Defesa.
O governador Marcos Rocha irá destacar o entusiasmo e a dedicação de todos os profissionais – médicos, enfermeiros, técnicos, fisioterapeutas, maqueiros e auxiliares diversos, especialmente os de limpeza e motoristas de ambulâncias – “por abraçarem a dor dos doentes em Rondônia, como se abraçassem a dor comum de um ente da própria família”, destaca Rocha.
A Independência do Brasil aconteceu em 7 de setembro de 1822. A história conta que nesse dia Dom Pedro I a proclamou às margens do rio Ipiranga, na cidade de São Paulo. O Brasil rompia sua ligação com Portugal e se consolidava como nação independente*.
A avenida 7 de Setembro, ex-rua do Comércio, em Porto Velho, homenageia a Independência Brasileira. O jornalista e memorialista Lúcio Albuquerque lembra que, na praça em frente ao Palácio Presidente Vargas [atual Museu da Memória] há um obelisco inaugurado a 7 de setembro de 1922.
“A então adolescente Labibe Aiech – depois Bártolo – declamou um poesia em homenagem à data, na primeira vez que uma mulher participou como oradora numa cerimônia pública em Porto Velho”, conta.
No ano passado, o governador Marcos Rocha declarava: “No 7 de setembro, a gente precisa resgatar o nosso sentimento de patriotismo, agir como cidadãos brasileiros em união, buscando o melhor para o nosso País, para a nossa Nação. Esta data é muito importante assim como os Estados Unidos falam ‘Feliz 4 de Julho’, a gente fala ‘Feliz 7 de Setembro’. Que Deus abençoe o nosso País”.
Em desfiles anteriores, na Capital, a Maçonaria marchou em comemoração à data. A Independência do Brasil tem significado especial para os maçons, pois a instituição teve participação decisiva no movimento, quando propôs, durante sessão, que se conferisse ao príncipe Dom Pedro I, o título de “Protetor e Defensor Perpétuo do Brasil”. Dom Pedro aceitou o título, propondo apenas a supressão do termo protetor.
Habilmente, os maçons arquitetaram o desenrolar do 7 de setembro de 1822, lançando a ideia da convocação de uma Assembleia Constituinte, cujo projeto foi redigido por Gonçalves Ledo e Januário Barbosa, dois maçons ilustres.
Rondônia é o único estado brasileiro com nome de personagem da história: o marechal Cândido Mariano Rondon.
Cinco anos atrás, em Brasília, no desfile cívico-militar de 7 de setembro, 850 integrantes do Exército Brasileiro, em tropas, a pé e motorizados, somaram-se às demais Forças, homenagearam os 70 anos da vitória do Brasil na Segunda Guerra Mundial e aos 150 anos do nascimento do Marechal Rondon.
Rondon é Patrono da Arma de Comunicações do Exército, foi homenageado com a presença de seu neto, que desfilou em viatura militar, trajando vestes da época de seu avô, seguido de militares com uniformes de instrução rondonianos.
Em 2018, o historiador Marcos Teixeira lembrava os feitos de Rondon para o País . Naquela ocasião, ele mencionou o etnólogo e escritor Roquette Pinto, que anunciara o nome do Estado em livro de sua autoria. “Quarenta anos antes do território, Rondon aqui esteve estudando populações indígenas, linguística e botânica, muito antes das primeiras migrações”, assinalava o etnólogo.
A escritora e historiadora Yêdda Borzacov, integrante da Academia de Letras do Estado de Rondônia, lembrou que na edição comemorativa ao centenário da Independência, em 7 de setembro de 1922, o Diário Oficial do Governo do Estado do Amazonas publicava nas páginas 94 a 201:
“A povoação de Porto Velho teve início no núcleo de casas dos empregados da “Madeira-Mamoré Railway Co.”, que se foi condensando, desde 1907, em torno da estação inicial e oficinas respectivas, sob a fiscalização da diretoria da Estrada de Ferro referida, que efetuou desde logo obras de saneamento…”. Com fundamento nisso, ela reverenciava a comemoração do centenário da Capital em 2007.
O falecido historiador Abnael Machado escreveu que o município de Porto Velho e a cidade do mesmo nome não passaram pelos estágios político-administrativos de Distrito e de Vila, respectivamente. “O povoado de Porto Velho, sede do município, foi elevado à categoria de cidade pela Lei Estadual nº. 1011, de 7 de setembro de 1919, sancionada pelo Governador Pedro de Alcântara Bacelar, do Estado do Amazonas”.
A independência resultou do desgaste nas relações entre colonos brasileiros, sobretudo da elite, com Portugal. Isso teve relação direta com a Revolução Liberal do Porto de 1820, mas pode-se considerar que tudo começou com a transferência da Família Real portuguesa para o Brasil, em 1808. Isso decorreu da chamada Era Napoleônica [referente a Napoleão Bonaparte, imperador francês], motivada pela invasão de Portugal pelas tropas francesas.
A Família Real fugiu de Lisboa para o Rio de Janeiro, iniciou-se então o chamado Período Joanino, cujo nome faz referência a Dom João VI, regente que esteve à frente de Portugal e só se tornou rei a partir de 1816. No Brasil, ele tomou diversas medidas que contribuíram para a modernização do país, promovendo desenvolvimento econômico e florescimento cultural e artístico.
Duas medidas se destacaram: a abertura dos portos, em 1808, e a elevação do Brasil à condição de reino, em 1815. Com essa última medida, o Brasil deixou de ser uma colônia e tornou-se parte do reino português. Essa situação, no entanto, desagradava a muitos em Portugal. Assim, em 1820, estourou a citada Revolução Liberal do Porto.
Essa revolução mobilizou a elite de Portugal pelo desejo de reformas no país, que incluíam o retorno do rei para Lisboa. O ponto de partida para o processo de independência do Brasil foi, portanto, a intenção da Corte portuguesa [instituição à frente dessa revolução em Portugal] de revogar todas as medidas tomadas por Dom João VI durante o Período Joanino.
Temendo a perda do seu poder, Dom João VI foi pra Portugal e deixou o seu filho, Dom Pedro I, como príncipe regente do Brasil. Os revolucionários, mesmo inspirados por princípios liberais, exigiram a volta do pacto colonial. No Brasil, as repercussões desses acontecimentos impulsionaram a formação de um movimento que possibilitou a Independência. [Com informações do portal Brasil Escola].
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