SEM AULA: "Sonho ser veterinária", diz aluna do Baixo Madeira

Maria veio morar com familiares na capital na esperança de estudar, mas não consegue vaga nos colégios de Porto Velho

Rondoniaovivo

02 de Agosto de 2019 às 15:16

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Foto: João Vitor Muniz/Rondoniaovivo

A timidez deixa de ser uma barreira quando ela fala sobre o que quer ser no futuro. Apaixonada por animais viu na universidade o caminho para levá-la a conquista de um objetivo.

O sonho de Maria Joia Galdino de Lima, aluna da 8º série do ensino fundamental, na Escola Municipal Deigmar Moraes de Souza, é se transformar em uma doutora defensora dos bichos, sejam eles domésticos ou não.

"Amo os animais e não gosto quando vejo alguém maltratá-los",

explica a jovem de 14 anos quando justifica porque escolheu medicina veterinária.

A meta para a faculdade já estava traçada até o ano passado quando Maria recebeu a notícia de que as aulas estavam suspensas temporariamente no Baixo Madeira, onde ela morava com a mãe. Era mês de agosto, e de lá para cá a adolescente não pisou mais na sala de aula e cada dia que passa vê seu sonho cada vez mais distante por conta da incerteza quanto ao retorno das aulas.

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Ela teve que mudar para Porto Velho para ver se consegue continuar os estudos, mas a tarefa não tem sido fácil. Ficou um mês na casa de uma tia, no bairro Marcos Freire, zona Leste, e não conseguiu vaga perto de casa. Agora, foi praticamente “adotada” por outra tia, na zona Sul da capital, onde também tem escutado que não há vagas disponíveis na escola mais próxima.

Na conversa com o jornalista Cícero Moura, Maria diz não entender os anúncios dizendo que toda criança tem direito de estudar | Foto: João Vitor Muniz/Rondoniaovivo

Maria fica séria, triste, quando é questionada sobre o motivo de não está estudando. A menina não consegue entender como que o governo estadual e Prefeitura de Porto Velho fazem anúncios dizendo que todas as crianças tem que estudar, enquanto para ela isso parece um caso sem solução.

Para a legislação brasileira é inaceitável ver Maria e outras tantas crianças implorando por educação quando isso, na verdade, nem deveria ser motivo de discussão já que existe um estatuto que, em tese, deveria resguardar esse direito.

Apesar do drama vivido em busca de uma escola, ela garante que o sonho de ser veterinária vai continuar mesmo que a incompetência pública faça com que seu desejo demore além do que deveria ser.

Assista ao vídeo com o relato da jovem Maria ao jornalista Cícero Moura:

Conselho Tutelar

O servidor público, Edvaldo Coelho, marido da tia da jovem Maria diz que há duas semanas procurou o Conselho Tutelar para tentar resolver o assunto, mas a resposta que teve é que não há vagas disponíveis na escola perto da casa dele.

Edvaldo garante que já procurou a Prefeitura de Porto Velho, a Câmara de Vereadores e Assembleia Legislativa, mas nada foi resolvido. “Todos os dias é um sofrimento ao ver meus dois filhos indo para a escola enquanto que Maria é obrigada a ficar em casa. Não vou desistir. Isso é ilegal e alguém tem que fazer algo”, declarou.

Ele afirmou que poderá uma ação judicial contra o estado e o município se ninguém conseguir uma vaga para a menina. Infelizmente, só resta a justiça para obrigar os governos estadual ou municipal a disponibilizarem uma vaga para Maria.

O problema é que outros mil estudantes vivem situação parecida e a impressão que se tem é que nem a Lei consegue fazer valer o direito constitucional para crianças e jovens impotentes diante do péssimo exemplo de gestão pública na área educacional em Porto Velho.

A falta de transporte escolar fluvial em Porto Velho tem deixado centenas de estudantes sem conseguir acesso a escola. Apesar das promessas governamentais, o ano letivo de 2019 ainda não se iniciou em muitas localidades da capital.

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