Confira a coluna
Foto: Divulgação
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O movimento islamita Hamas divulgou nesta segunda-feira (01) uma nota crítica à visita do presidente Jair Bolsonaro a Israel, em um gesto que foi considerado uma “violação às leis e normas internacionais”.
Publicado no site do grupo, que é considerado a maior organização islâmica nos territórios palestinos, o texto repudia a visita de Bolsonaro ao Muro das Lamentações, além da decisão de criar um escritório comercial do Brasil em Jerusalém.
O movimento Hamas condena veementemente a visita do presidente brasileiro Jair Bolsonaro à ocupação israelense como um movimento que não apenas contradiz a atitude histórica do povo brasileiro, que apoia a luta pela liberdade do povo palestino contra a ocupação, mas também viola as leis e normas internacionais”, diz trecho da nota.
Para eles, Bolsonaro e o Brasil precisam se retratar pela visita. O Hamas conclama o Brasil a reverter imediatamente essa política que é contra o direito internacional e as posições de apoio do povo brasileiro e dos povos da América Latina.
Finalmente, o Hamas insta a Liga Árabe, a Organização da Cooperação Islâmica e todas as organizações internacionais a pressionar o governo brasileiro a derrubar esses movimentos que apoiam a ocupação israelense e fornecer cobertura para seus abomináveis crimes e violações contra o povo palestino.
A aproximação entre presidente brasileiro e Israel pode afetar o mercado bilionário de carne halal no Brasil? Representantes da indústria que segue rígidos preceitos da lei islâmica temem possível embargo de países árabes às exportações brasileiras caso seja concretizada a mudança de embaixada do Brasil para Jerusalém.
A mudança tem potencial de provocar atritos com palestinos e países árabes, rompendo com a postura de neutralidade mantida pelo Brasil desde a fundação do Estado de Israel, há 70 anos. Fixar a embaixada em Jerusalém implicaria o reconhecimento da cidade sagrada como capital israelense, enquanto palestinos também pleiteiam soberania sobre a cidade que desejam ter como sua capital.
Segundo o Itamaraty, a promessa de campanha de Bolsonaro "permanece em estudo". "No entendimento brasileiro, a perspectiva de melhorar as relações com Israel não implica piora das relações com os outros parceiros do mundo árabe", afirma o Ministério das Relações Exteriores à BBC News Brasil.
A hipótese de mudança aventada por Bolsonaro durante a campanha eleitoral de 2018 tem gerado apreensão entre entidades comerciais, representantes da indústria e funcionários do setor, que temem um possível embargo dos países árabes às exportações brasileiras se a mudança de embaixada for concretizada.
O presidente da Câmara de Comércio Árabe Brasileira, Rubens Hannun, afirma que o tema é sensível, e que países árabes têm demonstrado preocupação em conversas, cartas e movimentações a nível diplomático.
De acordo com a Câmara de Comércio Árabe Brasileira, as exportações de carnes de frango e halal para países árabes aumentaram 418% nos últimos 15 anos - pulando de US$ 706 milhões em 2003 para US$ 3,65 bilhões em 2017.
Hoje, o Brasil é de longe o principal fornecedor de proteína animal halal para o mundo árabe, tendo suprido 51,9% dessa demanda em 2017, segundo dados do Centro de Comércio Internacional (ITC) — ou seja, mais de metade do consumo.
Os países árabes e o Irã compraram mais de um terço (36,3%) da proteína halal exportada pelo Brasil em 2017, e respondem por cerca de 10% das exportações do setor agropecuário do Brasil, e por quase 6% de todas as exportações brasileiras, segundo dados do Ministério da Economia.
Um embargo árabe às exportações nacionais "amplia o grau de incerteza para que as empresas brasileiras realizem investimentos no território nacional voltados à expansão da produção de produtos halal, pois os novos investimentos podem se tornar gastos sem uso", afirma a Câmara Árabe Brasileira.
Por Victoria Bacon
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