Um em cada quatro usuários de cartão de crédito entrou no rotativo em fevereiro

Os dados são do Indicador de Uso do Crédito apurado pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), divulgado hoje (5) pelas entidades.

Um em cada quatro usuários de cartão de crédito entrou no rotativo em fevereiro

Atrasos no rotativo do cartão de crédito custam muito caro para o consumidor, lembra economista do SPC / Foto: Arquivo/Agência Brasil

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Uma pesquisa mostrou que 35% dos consumidores fizeram uso do cartão de crédito para realizar alguma compra em fevereiro e um em cada quatro usuários entraram no rotativo (24%), sendo que 10% pagaram um valor entre o mínimo e o total. A maioria (72%) afirma ter pagado o valor integral da fatura. Os dados são do Indicador de Uso do Crédito apurado pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), divulgado hoje (5) pelas entidades.

 

A sondagem ainda investigou o uso de outras modalidades de crédito, pré-aprovadas ou não, e constatou que quatro em cada dez consumidores (41%) utilizaram alguma delas: o crediário foi mencionado por 9%; o cheque especial, por 6%; os empréstimos, também por 6%, além dos financiamentos, por 3%.

 

Para a economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti, atrasos no rotativo custam muito caro e o consumidor precisa ter consciência disso. “O pagamento do mínimo não é algo com que se deve contar, sob pena de ver a dívida crescer muito rápido. Mesmo que se apliquem as novas regras do cartão de crédito, que determinam que os atrasos devem ficar no máximo 30 dias no rotativo, a opção de parcelamento da fatura também envolve altas taxas, que chegam a mais de 170% ao ano, na média”, alerta.

 

O levantamento revela ainda que cerca de 20% dos brasileiros tiveram crédito negado em fevereiro ao tentarem parcelar uma compra em estabelecimentos comerciais ou contratar serviços a prazo. A inadimplência (9%) e a falta de comprovação ou insuficiente de renda (5%) foram as principais razões para a negativa.

 

“O acesso ao crédito é um fator de inclusão no mercado de consumo, mas que requer bastante cuidado. O consumidor que tem acesso ao crédito consegue antecipar o consumo de bens que, de outro modo, só seriam conquistados depois de um tempo de poupança. Mas muitos consumidores acabam se perdendo no atalho do crédito e comprometendo a própria vida financeira”, afirma a economista.

 

O Indicador de Uso do Crédito que varia de zero a 100, marcou 26,2 pontos, sendo que quanto mais alto, maior a utilização de modalidades de crédito.

 

Supermercado lidera gastos no cartão

 

Na lista de itens comprados com o cartão de crédito, os alimentos no supermercado foram os mais citados, lembrados por 64% dos consumidores. Em seguida, vieram os remédios (43%), as roupas, calçados e acessórios (33%) e o combustível (32%).

 

De acordo com a sondagem, entre os que usaram cartão de crédito em fevereiro, 39% aumentaram o valor da fatura com relação ao mês anterior, enquanto 19% notaram redução e 36% tiveram manutenção do valor anterior. Questionados sobre o gasto total da fatura, o valor médio foi de R$ 928,28.

 

Atrasos

 

Apenas 11% dos consumidores consideram a tomada de crédito como algo fácil de se fazer. Para 54%, trata-se de algo difícil, ao passo que 18% consideram regular. Entre as classes C, D e E, a percepção de que é difícil contratar crédito é maior, chegando a 60% desses consumidores.

 

Sobre as dificuldades que o mau uso do crédito pode acarretar, o levantamento aponta que 47% dos tomadores de empréstimos e financiamentos atrasaram, em algum momento, parcelas dessa dívida, sendo que 21% ainda possuem prestações pendentes.

 

De acordo com o Indicador de Propensão ao Consumo, entre os produtos que os consumidores pretendem comprar em abril, excluindo os itens de supermercado, os remédios lideram a lista (21%). Em seguida, aparecem as roupas, calçados e acessórios (19%) e a recarga para celular (14%).

 

No que diz respeito à própria situação financeira, a maior parte diz estar no vermelho, sem conseguir pagar todas as contas (41%) ou no zero a zero, não sobrando e nem faltando dinheiro no orçamento (40%). Apenas 15% dizem estar com sobra de dinheiro.

 

A principal razão para estar no vermelho, segundo esses entrevistados, é o fato de os bens de consumo estarem mais caros, mencionado por 46%. Além disso, foram citados a queda da renda (26%), a perda do emprego (19%) e o descontrole dos gastos (9%).

 

“Os dados acerca da situação financeira dos consumidores são bastante claros ao mostrar que, apesar de a economia ter iniciado um processo de recuperação, muitas famílias ainda estão em situação de aperto. Justamente esses casos demandam mais cuidado no uso do crédito, pois o acesso irrestrito e o uso irrefletido das modalidades disponíveis pode agravar a situação”, explica o presidente do SPC Brasil, Roque Pellizzaro.

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