'Recebo mais preconceito de mulheres que de homens', diz Anitta em entrevista

Anitta recebeu-a na própria casa, uma mansão de três andares em um condomínio na Barra da Tijuca, bairro de emergentes no Rio de Janeiro

'Recebo mais preconceito de mulheres que de homens', diz Anitta em entrevista

Foto: Divulgação

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A jornalista Natacha Cortez entrevistou a cantora Anitta, para a seção páginas negras, da revista Trip. A cantora revelou detalhes de sua intimidade, falou sobre feminismo, preconceito e carreira. Acompanhe:

À esq., na abertura das Olimpíadas do Rio, em 2016, com Caetano e Gilberto Gil; com Maluma, na gravação de “Sim ou não”, no mesmo ano. FOTO: Felipe Costa e Sergio Blazer/Divulgação.

Nascida em 1993 com o nome de Larissa de Macedo Machado e criada em Honório Gurgel, bairro carioca de classe média baixa, Anitta se inspirou na minissérie Presença de Anita (baseada no livro homônio de Mário Donato) para escolher o nome artístico. Quando criança aprendeu a cantar na igreja, levada pelos avós paternos. Em 2012, assinou com a Warner Music e lançou o clipe de “Show das poderosas”, que a catapultou para a fama: Anitta passou a estar em todos os lugares, fez parcerias certeiras, estudou muito, cuidou – e ainda cuida – de cada detalhe, incansavelmente. Aos 24 anos, dispensa empresários, não é de largar o osso e atribui a isso a chave pro sucesso que colhe agora. “Querer é poder” é como um mantra pra ela.

Na entrevista a seguir, as estratégias, os interesses, os sonhos e as opiniões (e algumas respostas evasivas) de uma das mais influentes artistas brasileiras da atualidade.

 

Trip. É normal, por conta do seu primeiro sucesso,  “Show das poderosas”, você ser associada a essa palavra. Mas você se sente poderosa? Anitta. Se ser poderosa é ser livre para fazer o que você tem vontade e conseguir chegar aonde você quer – se poder significa fazer o que quero –, sim, me sinto.

A fama faz você pensar duas vezes antes de fazer algo? Não existiu até agora uma situação em que eu tenha chegado à conclusão de que não faria algo por ser uma pessoa pública. Não me privo. E nunca fui de fazer coisas erradas. Sempre medi muito as coisas e procurei respeitar o próximo. Quando você respeita o próximo, não tem erro. Meu limite é onde o do outro começa.

O sucesso não tirou nada de você? Não. Sou muito feliz com a minha vida. Sou dona da minha agenda, dona das minhas decisões. Tudo que faço é uma escolha minha. Esta entrevista, por exemplo, eu soube, eu quis e eu decidi que seria este dia.

 

“Sou dona da minha agenda, dona das minhas decisões. Tudo que faço é uma escolha minha”

- Anitta

 

Até coisas banais você consegue fazer normalmente? Tem uma coisa banal: comer. Amo comer exageradamente. Mas não tenho certeza se me privar de comer seja uma exigência do sucesso, talvez tenha mais a ver com saúde. Se não fosse famosa, cairia na mesma limitação.

Você faz dieta? Como de forma saudável. Quando escapo, escapo. No mais, dá pra você comer gostoso e saudável. É só recorrer às pessoas certas para te ajudar.

A quem você recorreu? Agora, à Mayra Cardi, que veio da Califórnia para passar um mês me acompanhando aqui em casa (Mayra é ex-BBB e, hoje, life coach). Ela ensina as pessoas a mudarem a rotina de exercícios e o cardápio. Cuida da alimentação, do treino e até da mente. Te ajuda a não ficar pensando em comida o dia inteiro, como eu ficava.

À esq., acima, na Bahia com a amiga Marina Morena, em 2016; abaixo, com o pai, Mauro, na festa de 24 anos; à dir., com a mãe, Miriam, o irmão, Renan, e sua namorada, Jeniffere o música Xanddy, na Bahia. FOTO: Arquivo pessoal

 

Você disse que a dieta não tem muito a ver com a fama. Mas, para uma artista pop, o quão importante é o corpo? É preciso ser magra? Sem hipocrisia: é importante. O trabalho que faço envolve dança, fôlego e disposição, mas nem sempre saúde quer dizer magreza. Aprendi isso com a Mayra. A pessoa pode ser magra, ter um corpo lindo e não ser saudável. É importante, pra mim, ter um corpo saudável por causa da dança, e pela forma como gosto de me vestir no palco. É difícil você dançar com muita roupa, por exemplo. Os movimentos ficam travados. Mas não sou refém disso. Não fico mal por isso, sabe? Não vivo em torno disso. É uma parte de um todo. Se você está bem, resolve isso bem.

Vivemos um momento de liberação feminina. Como você vê essa ideia de as mulheres se aceitarem como elas são? Acho que as pessoas têm que fazer o que se sentem felizes fazendo. Quando tô a fim de cuidar do corpo e ficar incrível, faço isso e tá tudo certo! Tudo em exagero é ruim. Comer em exagero é ruim, pensar exageradamente em dieta também.

Você sempre se gostou? Não. Esteticamente falando, nem sempre.

Quando foi isso? Na adolescência. Mas não sofria com isso. O fato de eu não me gostar não significava que eu acordava e ficava reclamando com o espelho.

Você lembra do que não gostava? Ah, não gostava de tudo que aparei depois, né? De tudo em que fiz plástica.

E quais foram as plásticas? Já fiz plástica no nariz, no corpo. Mas não quero especificar.

Você pensa em fazer outras? As pessoas me perguntam isso o tempo todo. Mas não, não fico com essa obsessão, pensando em fazer mais uma plástica. Tipo: “Não vejo a hora de fazer outra plástica”. E, se eu fizer, não vai ser porque eu estou infeliz. Pra mim plástica é algo simples. É como eu acordar e decidir que quero deixar o cabelo crescer ou decidir ficar loira.

Mas plásticas são procedimentos definitivos. Não. Se você quiser, você pode ficar mudando a plástica que fez.

Mas aí comparar com pintar o cabelo… Olha, me sinto completamente outra pessoa ao pintar o cabelo. Me sinto outro ser humano. Se estou com um cabelo que não me agrada, nem me reconheço.

Então, ao fazer os procedimentos você tinha vontade de se sentir completamente você? Não. Era vontade de fazer o que queria. As pessoas têm a necessidade de potencializar o motivo de uma plástica, né? E nem pra todo mundo existe esse motivo tão grande assim. Para mim pelo menos, não. E, sabe, é justamente isso que está começando a mudar aos poucos na sociedade. As pessoas estão começando a entender que aquilo que é difícil pra um, não é pro outro. Para mim, plástica não é questão nenhuma. Se fiz e não gostei, faço outra para resolver. Não potencializo as coisas como se não tivessem volta. E plástica é uma coisa que as pessoas têm dificuldade de assumir, pois tem isso do “você tem que se amar do jeito que você é”. E essa obrigação traz uma dificuldade em assumir que você fez uma. Falo disso abertamente justamente porque ninguém tem coragem de falar.

Por que acha que as pessoas não falam? Quando se é uma pessoa pública, vocês [a imprensa] se metem o tempo todo pra dizer se fulano era melhor antes ou depois. E tem muita gente que não gosta dessa entrada das pessoas, dessa invasão.

Você sente essa invasão? Acho injusto eu chamar de invasão ou reclamar. Adoro ver as curtidas nas minhas fotos e que meu clipe seja assistido por milhões. Não é justo eu querer que as pessoas lotem meu show, assistam ao meu clipe, comprem meu CD, meus produtos e proporcionem a vida que tenho, e não querer que elas se metam na minha vida. Essa é a minha filosofia. Eu acho que faz parte da fama: eu pedi isso e busquei essa vida.

Então esse preço da fama nunca foi alto? De novo: quando vou atrás de milhões de visualizações, milhares de pessoas no show, eu sei que vai rolar uma espécie de troca. As pessoas têm curiosidade de saber da minha vida. É uma troca e respeito isso. Até quando elas são invasivas, tento entender o lado delas.

Você já declarou que sonha em ser artista desde que se conhece por gente. É isso mesmo? Penso em ser artista desde que nasci. Tenho fitas em que eu tinha 2 anos de idade e tô cantando naqueles microfones de brinquedo. Fazia show para as minhas bonecas e apresentava programas com embalagem de perfume como microfone para meus bichinhos de pelúcia. Eu ia em festas de criança, de penetra, só para dançar. Queria ser atriz, apresentadora, cantora. Eu queria ser tudo.

Dá para dizer que sua casa era musical? Era movida à música porque eu mesma tinha isso. A música tocava o tempo todo porque eu pedia e fazia questão. Sempre fui muito curiosa. Queria saber como o mundo acontecia, acho que isso me levou à música, mas também me levou pra tudo. Assistia a documentário de biologia e história, coisa que as crianças da minha idade não gostavam. E vim de um lugar humilde, onde a leitura não era estimulada. Quanto mais humilde o lugar, menos você sente a presença da leitura. Na minha casa, a televisão era estimulada, a leitura eu fui atrás.

À esq., no Bloco das Poderosas, no Carnaval do Rio deste ano; à dir., acima, foto que causou polêmica por conta das tranças; abaixo, com a life coach Mayra em uma viagem de jato. FOTO: Arquivo pessoal.

 

Você foi autodidata então. De uma forma, sim. Eu ia atrás do que me interessava. Mas recebi muito conhecimento pela TV também. As pessoas engessam o que é estudar. Tem várias formas de você adquirir conhecimento, a TV pode ser uma delas.

Ainda vê bastante televisão? Sim, mas procuro assistir coisas que vão me agregar. Assisto a muitos documentários. É uma coisa que não imaginam que eu faça, né?

Que documentário você viu recentemente? É uma série, chama Cosmos, vi na Netflix. Fala sobre a teoria da criação do universo. Tenho muita curiosidade dessa coisa religião versus ciência.

Você reza? Muito. Creio na ciência, mas, até crendo nela, acredito no poder das minhas rezas. Rezo pra sempre me manter uma pessoa correta, pra que seja justa e merecedora das coisas que tenho. Peço a Deus e aos meus anjos da guarda, a pessoas que faleceram, minha avó, por exemplo.

 

Você vai à igreja? Não tenho tempo.

Se tivesse, iria? Não. Nem sempre acho que as pessoas que estão ali têm bons propósitos.

 

Você estava contando mais cedo que assiste aos shows da Beyoncé e da Jennifer Lopez para estudar figurino e dança. Você estuda para poder opinar em todos os processos ligados à sua carreira? Olha, não me meto onde não sei. Se abro a boca pra falar alguma coisa, é porque tenho certeza do que estou falando, é porque já pesquisei, e vi que não tô falando asneira.

O vídeo de “Bang” foi um divisor de águas? Foi. Muito. O Giovanni [Bianco] conseguiu um produto e uma imagem que agradassem gregos e troianos. Aquela imagem ficou entendível pro público da moda, pro público que não entende nada de moda, pros adultos, pras crianças… Conseguimos mostrar que é possível fazer um trabalho popular e chique. Divertido e sensual. E, né, eu vim da favela. Minha carreira começou cantando nos bailes de favela. Hoje, canto pra público AAA – não acredito muito nessa coisa de classe A ou B, mas as pessoas separam –, canto para todos os públicos.

 

“As pessoas engessam o que é estudar. Tem várias formas de você adquirir conhecimento, a TV pode ser uma delas”

- Anitta

 

Tem algo naquele clipe de você se apresentar como uma artista mais ligada à moda. Isso era uma vontade sua? Olha, antes eu não gostava de moda. Mas, a partir do momento em que entendi que tinha que lidar com moda, entendi que tinha que gostar. E hoje não só gosto como tento entender como a moda pode me ajudar na carreira. Não tenho tempo pra estudar como gostaria, porque, afinal, tenho um monte de coisa pra cuidar, mas sempre procuro o profissional ideal pra trabalhar comigo. E tem uma pessoa, que é a Marina Morena [empresária, filha de consideração de Gilberto Gil e Flora Gil], que me ajuda a encontrar as pessoas certas. E aí eu vou aprendendo. Acho que a gente nunca pode ter vergonha de dizer que não entende, porque senão vai continuar sem entender pro resto da vida.

Você acabou de falar da quantidade de coisas que faz. Você tem empresário? Hoje eu sou minha empresária. Tenho a minha empresa e supervisiono todo o funcionamento dela. São mais de 50 pessoas que vou gerindo diariamente, fora os colaboradores indiretos.

“Supervisiono” você quer dizer dá a palavra final? Palavra final, mas não só. Eu cuido o tempo inteiro das coisas.

E quais são elas? Cabelo, maquiagem, styling. Publicidade, propaganda, patrocinadores, campanhas. Assessoria de imprensa. Mídias sociais – o que eu devo dizer nelas, quando sumo, quando volto, quando faço eles sentirem falta de mim, quando os fãs precisam de mais atenção. Coreografias. Parte musical da direção do show. Compor músicas. Lançamento de clipe. Cenário, luz, roteiro de show. Gerenciamento da equipe técnica que vai fazer isso acontecer. A venda de shows. E agora o internacional. A parte legal também, porque tudo que acontece tem contrato. Contabilidade, que é a parte que eu mais odeio.

Mas não tem ninguém pra cuidar da contabilidade pra você? Óbvio que sim. Mas, se você não vai lá olhar, uma hora algo ruim acontece.

O que você não supervisiona? O que você confia para outro de olhos fechados? Isso é impossível. Não existe nada que eu nunca cheque. Estou sempre cobrando, analisando, vendo se está tudo exatamente como eu gostaria que estivesse. Mas existem, sim, os profissionais em quem eu mais confio. É o seguinte: quando eu contrato alguém, deixo por um mês ele fazer o que quiser. E daí, se eu gosto, show.

Em uma profissão em que todo mundo quer pegar um pedaço do seu sucesso, do seu dinheiro, é necessário ser controladora? Quando eu não tô prestando atenção em tudo, você pode ter certeza de que algum lugar vai ter uma falha. Mas esse controle todo, eu não faço com dor, nem com tristeza, porque eu que escolhi isso pra minha vida.

Você tem dificuldade de confiar no outro? Eu digo que tenho, mas não tenho, não. Se eu encontrar uma pessoa em quem eu consiga confiar minha carreira, vou amar. Sei o quanto custa de energia para tomar conta de tudo perfeitamente. É uma rotina desgastante. Só consigo porque amo o que faço.

Seu irmão é seu sócio? Sim. Ele fazia faculdade de ciência da computação e eu meio que obriguei ele a vir viver minha vida e agora ele ama o que faz. Meu irmão cuida pra mim das partes mais exatas, os custos por exemplo. Ele tenta fazer as coisas que eu quero fazer pelo menor custo possível.

Dá impressão de que você tem irmãs gêmeas e que as esconde. Pra você ver! E além disso tem que ensaiar, fazer show, tirar fotos com a galera, ficar magra! [Risos.] Essa é brincadeira. Não é tanto assim. Mas sou detalhista. Olho os mínimos detalhes de tudo, pra que tudo fique o mais próximo de perfeito. E consigo porque conheço muito o meu público.

Uma reportagem recente dizia que você mesma agendava e fazia reuniões com patrocinadores. Continua assim? Sim. Semana passada eu fiz uma dessas reuniões. Dessa vez com a marca que vai patrocinar o próximo clipe. Conheço meu público melhor do que ninguém. Então prefiro entender o que o cliente quer e ser sincera. Se meu fã não gostar, não vou fazer. Ou então digo: meu público vai entender melhor se for desta maneira.

Quem são seus patrocinadores hoje? Três grandes marcas estão comigo há três anos e a gente acabou de renovar: Samsung, Adidas e Niely Gold. E eles têm meu telefone pessoal. Podem falar comigo quando quiserem.

Você ainda tem um programa no Multishow, que é ao vivo, toda semana. Nunca faltou na gravação? Este ano eu falei com eles que os próximos meses seriam de muita viagem, por conta da carreira internacional. E eles falaram: “Mas a gente quer muito renovar, então vamos combinar assim: você pode faltar cinco vezes”.

Em que pé está sua carreira internacional? Eu falo dela porque as pessoas me perguntam muito, mas por enquanto ainda estou fazendo o trabalho de base, armando o jogo.

E por que você acha que perguntam muito? Acho que é porque as pessoas realmente têm essa esperança de que eu consiga. Mas só falo da carreira internacional porque as pessoas perguntam. Se fosse por mim, não falaria. Não gosto de causar expectativa de uma coisa que nem sei ainda como vai ser, do que vai rolar. Eu sou planejada. E falo isso até com os managers lá de fora. “Olha, se não tiver aqui na minha frente pra eu olhar as datas, como vai ser, quanto, os números, não vou mexer um pauzinho.” Não adianta sair colocando coisa na internet, jogando aí ao léu, entende? Vou estar queimando cartucho.

Tem uma frase da Beyoncé: “I’m not bossy, I’m the boss” [Eu não sou mandona, sou eu quem manda]. Você se identifica com essa frase? Sim… É… Médio. Eu realmente sou quem manda, mas eu não gosto de ter que deixar isso claro. Gosto de ver a minha equipe crescer num nível que não precise falar “eu que tô mandando” ou “a chefe sou eu”.

Na gravação de Bang, em 2015. FOTO: Divulgação.

 

Eu queria voltar nos estudos. O que você está estudando agora? Inglês eu nunca paro. Agora faço accent coach, que é pra tirar o sotaque. Estudo espanhol. E estou lendo muito sobre psicologia. Se não fosse artista, seria uma psicóloga feliz.

Estuda psicologia em casa? Sim, só em casa. E tenho pessoas que vão me dando recomendações. A minha terapeuta, por exemplo.

Que tipo de terapia você faz? Não quero dizer, não.

Quanto tempo faz? Tem pouco tempo, desde que eu conheci a Mayra. Ela indicou.

Gosta de cozinhar? Amo! Só não tenho tempo, mas adoro.

Qual é o prato que você mais gosta de fazer? Pizza! Mas sei fazer tudo: panqueca, lasanha, até pão. Sei fazer muita comida, desde criança.

Tem algo que não interessa aprender de jeito nenhum? Se eu pudesse, aprenderia de tudo. Conhecimento é sempre libertação.

Como você se informa? Lê jornal, alguma mídia específica? Leio jornal, sim. Mas não tem nada que eu acesse todo dia.

“Não existe uma fórmula certa pra ser mulher. Existe uma fórmula certa pra ser humano: respeitar o outro e se respeitar”.

- Anitta

 

Qual sua opinião sobre o caso Su Tonani e Zé Mayer? Muitas globais se posicio-naram com a hashtag #mexeucom-uma-mexeucomtodas. E você? O que pensa sobre isso? O respeito tem que existir. Era o que eu estava falando sobre limites. O seu limite termina onde o do outro começa. Você pode ir até onde for o limite do outro. E isso é uma coisa muito delicada, né?

Você se identifica com o feminismo, com as reivindicações do movimento? As pessoas me perguntam muito isso, sabia? Perguntam também se sou feminista.

E o que você responde? Que sim, que espero que os direitos sejam iguais para todos. Nesse sentido eu me identifico com o que diz o movimento. Mas, quando vejo mulheres dizendo que são melhores que os homens e têm o direito de se sobrepor, daí não concordo. Não acho que a mulher é melhor que o homem, nem o homem melhor que a mulher. Eu não sou a favor do pensamento que diz que o homem deve ser tratado como coisa. Se não queremos ser tratadas, não podemos tratar ninguém assim.

Mas você recebe críticas por rebolar e muitas vezes é vista como objeto, não? É verdade. Mas olha que engraçado: recebo mais preconceito de mulheres que de homens. Inclusive, já me deparei com mulheres que se diziam feministas e julgavam minhas vestimentas e jeito de dançar. Mulheres devem se unir, não se atacar. Não existe uma fórmula certa pra ser mulher. Existe uma fórmula certa pra ser humano: respeitar o outro e se respeitar. Não gosto de nada que aponte dedos.

Já pensou que, se você fosse homem, seria menos julgada? Não. Acho que sou julgada por vir do funk, por dançar e porque as minhas músicas não oferecem conhecimento. Minha música é entretenimento, mas você não vai aprender… Ou vai, né? Talvez minha música conte um pouco de feminismo. Acredito que mulheres podem aprender a se amar mais ouvindo o que canto. Isso de autoestima. Pra mim, homens precisam tratar mulheres como tratam os amigos deles: sem julgar.

Você falou do preconceito que sofre por ter vindo do funk. Não tem mesmo nada sexista aí? Homem cantando funk sofre o mesmo preconceito que você sofre? Quando você vê um homem cantor muito vaidoso, ou que se assuma gay, ou que use roupas justas e femininas… Todo mundo não tem preconceito com o cara?

Mas ainda é machismo, não? É verdade. Pensando bem, a sensualidade é sempre punida. Com homens ou mulheres. Se você é muito vaidoso, vão dizer que sua música é ruim. Isso acontece comigo.

Recentemente acusaram você de apropriação cultural por causa de umas tranças que fez em Salvador. Aquele era um momento em que todo mundo falava sobre esse tema. Você pensou sobre isso? Pensei. Mas acredito que as pessoas são livres para fazerem tranças em seus cabelos. Eu resolvi fazer no meu. Se causei algum tipo de situação que possa ter ferido alguém, essa nunca foi a minha intenção. Eu gosto de tranças.

Qual é sua ascendência? Tenho avós maternos nordestinos e paternos negros.

 

“Se você é muito vaidoso, vão dizer que sua música é ruim. Isso acontece comigo.”

- Anitta

 

Você geralmente fala o que pensa, se coloca. Alguém já te aconselhou a ser mais comedida? Já, sim. E com alguma razão. Se a gente é verdadeira, jogam pedra. Mas, sabe, as pessoas têm medo de se impor, medo de falar, medo de se mostrarem como são. Justamente porque, se fizerem, vão tomar muita pedrada. Elas preferem evitar essa fadiga. Eu não. Eu falo, me coloco. E sou incansável. Prefiro dar minha opinião e ser o que quero ser, me sentir confortável na minha pele. Alguém precisa fazer isso e estimular as pessoas a olharem pro que é diferente.

Alguma crítica, notícia ou meme já mexeu de verdade contigo? Botou você pra baixo ou te emputeceu? Já. Mas não gosto de falar. Não gosto porque quando falo parece que a coisa volta. E pra mim é difícil limpar uma coisa que me deixou brava ou triste.

Foram críticas? Não. Foram vezes que inventaram coisas, me botaram em polêmica.

As vezes que inventam namorado? É tipo isso.

Você não teve muitos relacionamentos públicos. Namora pouco ou assume pouco? Não tenho problema de assumir. Se alguém pergunta se fiquei ou estou ficando, não sei mentir. No fim, não tive um namoro sério desde que fiquei famosa de verdade.

Cobram de você esse namorado? Opa! As pessoas têm esse pensamento de que, pra mulher ser feliz, precisa ter um homem do lado. Pelo amor de Deus, né?! Pra eu ser feliz, bastam meus amigos, uma penca de gays que amo.

Em uma época disseram que você estava namorando uma amiga, por causa de uma selfie postada por ela, ou por você, no Instagram. Vocês se pegavam? Quem!? Ah, já sei: a Juliana. É uma amiga minha lésbica. Não, a gente nunca teve nada.

Mas você já se relacionou com mulheres? Ainda não.

Poderia se relacionar? Sim, tranquilamente.

O tema desta edição da Trip é privilégio. Qual foi o maior que você teve na vida? Minha mãe. O apoio que ela me deu, o fato de ter parado a vida para nos criar, eu e meu irmão. Se não fosse o apoio da minha família, a minha vontade – que é enorme, eu sei – não teria vingado e eu não sei se estaria aqui.

E seu pai? Onde estava? Ele se separou da minha mãe quando eu tinha 1 ano. Mas, mesmo longe, ele ajudava.

Era um pai presente? Da maneira dele, sim. Olha, hoje entendo por que meu pai não era tão presente. Hoje que trabalho muito, entendo completamente.

E hoje vocês são próximos? Somos inclusive muito amigos.

Quantas horas você dorme por dia? Depende, tem dia que consigo dormir quatro, três horas, tem dia que oito. Mas sou eu que escolho.

E férias? Prefiro ter um intensivão de trabalho e férias mais folgadas. Quando paro pra descansar, tento realmente descansar.

O que você faz nas suas folgas, por exemplo? Amo ir ao cinema.

Pra onde foi sua última viagem de férias? Los Angeles. Mas nessa roubei no jogo, acabei indo pra lá porque tinha umas reuniões da carreira internacional. Eram férias, mas usei pra trabalhar. Antes de Los Angeles fui pra Los Cabos, no México. Foi incrível.

Com o que você sonha – literalmente? Ultimamente com comida. Também sonho bastante com trabalho.

Vivemos um momento particular do país. Como você se envolve nele? Como é a sua relação com a política? Influencio muita gente, especialmente os jovens, que procuram opinião pra poder formar a sua, por isso evito falar do que não entendo. Acho que vivemos um momento jamais visto antes. E é difícil você dar uma opinião quando não tem o veredito de fato. Eu não consigo opinar sobre certo ou errado porque todo dia o cenário muda.

A crise financeira afetou sua carreira? Afetou, sim. E artista que disser que não afeta, tá mentindo. O país está vivendo um momento no qual as pessoas precisam fazer escolhas mais criteriosas. Não estão esbanjando.

Mas você continua fazendo uma média de 20 shows ao mês. Continuo. Mas, se o país não estivesse em crise, os shows poderiam, por exemplo, ser mais luxuosos e custar mais. Entende? Os meus cachês seriam outros também. A equipe poderia ser outra e os shows poderiam chegar a outros lugares.

A partir de quanto custa um show seu hoje? Essa é uma informação que a gente não dá. E não dá porque os valores mudam. Posso divulgar isso agora e amanhã o valor ser outro.

 

“Tenho vontade de ter filhos e de adotar também. Quero muitas crianças. Mas só farei isso quando tiver tempo pra ser mãe por completo”

- Anitta

 

O que dá mais dinheiro? Show, venda de CD, contrato com marca? Geral. Eu faço uma balança onde tudo tem mais ou menos o mesmo peso. Primeiro porque não quero virar um outdoor ambulante, ostentando marcas e perdendo minha identidade, e depois porque não quero cansar o público fazendo show todo dia.

Quanto do dinheiro fica para você e quanto é investido de volta na carreira? Fico com 10% do meu bruto. O resto boto de volta na carreira. Uma vez meu irmão veio com umas contas e disse: “Você vai ficar chocada, nosso bruto é muito maior do que o dinheiro que fica contigo”. Respondi: “Não fico chocada. Minha carreira tá do jeito que eu sempre quis”.

Qual foi a coisa mais especial que o seu dinheiro comprou até agora? Meu clipe “Essa mina é louca”. Dirigido pelo Giovanni.

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