Nova política comercial dos EUA vai beneficiar Brasil e Mercosul

As reuniões realizadas desde segunda-feira, em Brasília, traçam atuações conjuntas não só de ambos os países, como também dos demais integrantes do Mercosul, para fechar novas parcerias com países asiáticos, Canadá, Associação Europeia de Livre Comércio

Nova política comercial dos EUA vai beneficiar Brasil e Mercosul

Foto: Divulgação

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 A estratégia vem sendo delineada desde que o presidente dos EUA, Donald Trump, anunciou mudanças radicais na política comercial americana.

A visita do presidente da Argentina, Maurício Macri, ao Brasil no dia 7 de fevereiro, já está mobilizando os ministérios de ambos os países. O ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Marcos Pereira, se reuniu com o colega argentino, Francisco Cabrera, para estudar novas estratégias para o Mercosul.

As reuniões realizadas desde segunda-feira, em Brasília, traçam atuações conjuntas não só de ambos os países, como também dos demais integrantes do Mercosul, para fechar novas parcerias com países asiáticos, Canadá, Associação Europeia de Livre Comércio — bloco formado por Noruega, Islândia, Suíça e Liechtenstein — e com a própria União Europeia (UE), diálogo que se encontra paralisado há duas décadas. A estratégia vem sendo delineada desde que o presidente dos EUA, Donald Trump, anunciou mudanças radicais na política comercial americana, como a retirada do país do Acordo Transpacífico (TPP, na sigla em inglês), elaborada pelo ex-presidente Barack Obama com vários países asiáticos, com o intuito de enfraquecer e isolar comercialmente a China.

Uma das iniciativas concretas dos encontros Brasil-Argentina foi a criação de uma Comissão Bilateral de Produção e Comércio que tem, entre outros objetivos, incrementar as trocas comerciais entre os dois países. Cabrera observou que essa ampliação de trocas começou a ser verificada nos últimos três meses, algo que não ocorria desde julho de 2013.

Na visão de José Meireles, consultor da Associação Brasileira de Consultores de Comércio Exterior (Abracomex), espera-se que, com a estratégia montada entre os dois principais parceiros do Mercosul, o Brasil saiba aproveitar esse processo, o que não tem acontecido.

“O Mercosul não tem sido um bloco muito ativo e, por outro lado, o Brasil tem mantido uma postura um tanto distante do comércio internacional. Ainda assim, é uma grande oportunidade que pode acontecer, sem dúvida”, diz o consultor.

Meireles diz que, com o TPP, os EUA iriam estabelecer protecionismo contra alguns produtos que o Brasil exporta, particularmente açúcar e soja. Segundo ele, a decisão de Trump de retirar os EUA desse acordo é benéfica não só para o Brasil como para o Mercosul como um todo.

“Temos que defender esse gesto dos EUA e tirar o máximo de proveito possível para que consigamos desenvolver o nosso comércio exterior”.

Na visão do consultor da Abracomex, os acordos com a UE há bem pouco tempo têm sido travados pela Argentina.

“Poder ser que agora, com essa nova política, possamos avançar, em especial no agronegócio. Eventualmente em um novo acordo com a UE, o Brasil pode ser beneficiado pela proximidade que tem em matérias-primas e desenvolver sua a integração em todo esse processo. Em relação a mercados mais distantes, como os asiáticos, o Brasil vai se beneficiar dessa nova política dos EUA desde que possamos diversificar mercados”, finaliza Meireles.

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