Palestras e debates marcam o mês da consciência negra no IFRO-Vilhena

Segundo dados divulgados pelo Conselho de Direitos Humanos da ONU, em março deste ano, houve "um fracasso em lidar com a discriminação enraizada, exclusão e pobreza enfrentadas por essas comunidades" e denuncia a "criminalização" da população negra no Bra

Palestras e debates marcam o mês da consciência negra no IFRO-Vilhena

Foto: Divulgação

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Com 04 mesas temáticas nos 03 turnos, o IFRO-Campus Vilhena iniciou uma extensa programação para discutir a temática da Consciência Negra entre docentes, estudantes e comunidade local. Para o presidente da comissão organizadora, professor Márcio M. Martins, da área de História, a temática visa “combater o racismo e todas as formas de preconceitos que ainda existem na sociedade atual”.

Segundo dados divulgados pelo Conselho de Direitos Humanos da ONU, em março deste ano, houve "um fracasso em lidar com a discriminação enraizada, exclusão e pobreza enfrentadas por essas comunidades" e denuncia a "criminalização" da população negra no Brasil. Segundo Rita Izak, relatora sobre Direito de Minorias da ONU, Rita Izak, o mito da democracia racial continua sendo um obstáculo para se reconhecer o problema do racismo no Brasil. "Esse mito contribuiu para o falso argumento de que a marginalização dos afro-brasileiros se dá por conta de classe social e da riqueza, e não por fatores raciais e discriminação institucional", constatou a relatora. Para ela, "lamentavelmente, a pobreza no Brasil continua tendo uma cor".

Das 16,2 milhões de pessoas vivendo em extrema pobreza no país, 70,8% deles são afro-brasileiros. Segundo o levantamento da ONU, os salários médios dos negros no Brasil são 2,4 vezes mais baixos que o dos brancos e 80% dos analfabetos brasileiros são negros. Outro dado apontado pela ONU é o de que dos 56 mil homicídios no Brasil por ano, 30 mil envolveram pessoas de 15 a 29 anos. Desses, 77% eram garotos negros. Ainda segundo o relatório, os números de afro-brasileiros que morreram como resultados de operações policiais em São Paulo são três vezes superiores do que é registrado com a população branca. No Rio de Janeiro, 80% das vítimas de homicídios resultante de intervenções policiais são negros. "Movimentos sociais já chamam a situação de genocídio da juventude negra", apontou a relatora.

As palestras ocorridas na segunda-feira, 21/11, discutiram “O mito da Democracia Racial no Brasil”, “Do Dilema da Igualdade: estereótipo, estigma e identidade” e o “Racismo e relações étnico-raciais na sociedade contemporânea”. Para o debate foram convidados especialistas na temática: O prof. Dr. Claudemir da Silva Paula (UNIR), Prof. Dr. Fábio Santos Andrade (UNIR) e o Prof. Me. Marcel Eméric Bizerra de Araújo (IFRO – Colorado D’Oeste).

PROGRAMAÇÃO ESTENDIDA ATÉ DEZEMBRO

Os professores das áreas de História, Português e Sociologia estão organizando um conjunto de atividades de pesquisa sobre a temática da história e cultura afro-brasileira. Estas atividades serão organizadas em forma de apresentação que ocorrerão no mês de dezembro.

Duas atividades concluem a programação

09 de dezembro de 2016 – Sexta-feira – Debate “Diversidade, cultura e ideologia no contexto das reformas do Estado brasileiro”

A proposta de programação visa aprofundar a discussão que vai além do preconceito racial. Há na atualidade um conjunto de práticas e discursos que estão na contramão da temática da diversidade cultural e da própria conceituação de ensino laico. Materializados por meio de projetos de lei que tramitam nas esferas municipal, estadual e federal que querem restringir o acesso ao conhecimento científico e às teorias histórico-críticas. Para este debate, um dos expositores confirmados é o Procurador Federal Raphael Beviláqua (Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão – Ministério Público Federal – Porto Velho/RO), que estará abordando esta temática.

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