Foram identificadas complicações como a hepatite tóxica e deficiências na coagulação do sangue.
Foto: Divulgação
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Pesquisas desenvolvidas em diferentes países e agrupadas no estudo do professor Lázaro Nunes, da instituição Faculdades Integradas Metropolitanas de Campinas (Metrocamp), mostram a relação entre produtos da Herbalife e problemas no fígado. Foram identificadas complicações como a hepatite tóxica e deficiências na coagulação do sangue.
O estudo analisou seis produções científicas de diversos países, entre eles Israel, Suíça, Espanha, Alemanha e
Islândia, que relatam casos de 33 pessoas com problemas no fígado decorrente do consumo de produtos da Herbalife, entre 1999 e 2010.
A alteração mais preocupante, de acordo com o estudo, foi a apresentação de sintomas de hepatite tóxica, que pode ocorrer pela ingestão de alimentos, suplementos ou medicamentos que possuam toxinas que afetam o órgão.
Um dos estudos analisados mostrou que houve elevação de até 58 vezes na quantidade da enzima do fígado ALT (Alanina aminotransferase) e de 267 vezes, da AST (Aspartato transaminase), ambas enzimas do fígado. Os números são um comparativo em relação ao padrão de uma pessoa saudável. Nos outros estudos, o aumento foi de, no mínimo, 10 vezes ao valor de referência para pessoas saudáveis.
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Nunes explica os efeitos observados em relação ao consumo da marca. “Quando alguém está tomando um suplemento ou um alimento que faça com que o fígado fique sobrecarregado e tenha uma lesão, essa pessoa vai ter dificuldades de eliminar todos esses componentes do organismo e pode sofrer, por exemplo, a icterícia, que é quando a pessoa fica amarela por excesso de bilirrubina no sangue”, explicou. A icterícia é popularmente conhecida como amarelão.
Segundo o pesquisador, não há produção científica sobre o tema no Brasil, mas ele aponta que os dados internacionais já servem de alerta. “Não encontramos estudos realizados no Brasil, o que não quer dizer que estes casos não tenham ocorrido aqui também”, declarou.
O professor explica que o fígado controla a taxa de glicose no sangue, sintetiza proteínas e elimina substâncias tóxicas do organismo. “Se uma pessoa tem alguma lesão hepática, ela pode ter dificuldades de coagulação e corre risco de sangramentos internos”, explica. Ele ressalta que o consumo destes produtos somados à predisposições à doenças no fígado podem colaborar para o desenvolvimento de complicações.
Herbalife
Procurada pela reportagem, a empresa informou, em nota, que nenhuma hepatotoxina foi descoberta em seus produtos. “Nenhuma autoridade governamental encontrou, ao longo dos mais de 30 anos de operação da empresa e após mais de 25 investigações envolvendo relatos de casos, alegando hepatoxicidade, qualquer razão para que fossem tomadas medidas regulatórias contra a Herbalife”, apontou. A companhia afirmou que possui licença de órgãos competentes e “que seguem padrões rigorosos de qualidade”.
A nutricionista Beatriz Carvalho, presidenta do Conselho Regional de Nutrição de Minas Gerais, avalia que este tipo de suplemento prejudica não só a saúde do consumidor, mas toda a cadeia alimentar da população. “Defendemos a soberania alimentar do povo, que incluí uma alimentação saudável, baseada em alimentos reais [sem processamento] e que valorizem a diversidade natural do Brasil. Além disso, promove uma saúde que vai além da alimentação, porque promove a saúde cultural de um povo, que se expressa pela cultura de alimentos”, explica.
O Guia Alimentar Para a População Brasileira de 2014, do Ministério da Saúde, orienta a redução máxima consumo de produtos hiperindustrializados, [alimentos que perdem suas características após serem processados, por exemplo, biscoitos, chips].
“O país saiu do mapa da fome, mas tivemos uma inversão. Hoje mais de 50% dos adultos estão no sobrepeso. E o que levou a isso? As pessoas foram ganhando peso através da alimentação industrializadas e grandes quantidades de açúcar. Ninguém ganha peso comendo um prato de arroz”, avaliou a nutricionista.
Para Beatriz, a alimentação vai além dos nutrientes. “Uma cápsula com nutrientes, a indústria é capaz de produzir, mas isso não é saúde. A gente não pode ficar refém de tudo o que a indústria propõe. Nos alimentos, há tudo que é necessário para uma vida saudável” completa.
* O resultado da enquete não tem caráter científico, é apenas uma pesquisa de opinião pública!