Ações de Ater promovem inclusão de mulheres da agricultura familiar
Foto: Divulgação
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O trabalho desenvolvido pela Emater-RO com 400 famílias de agricultoras familiares nos municípios de Presidente Médici, Jaru, Ouro Preto do Oeste e Governador Jorge Teixeira trouxe resultados surpreendentes. Ao longo dos dois anos e meio de execução do Programa Ater Mulher, observou-se, além do aumento de renda com empoderamento das participantes, maior socialização e entrosamento das beneficiárias com a comunidade. Hoje elas se tornaram grandes empreendedoras em atividades antes executadas somente por homens.
As políticas de desenvolvimento rural até a década passada não reconheciam o trabalho das mulheres e o caracterizava como complemento ao trabalho masculino, reafirmando as desigualdades de gênero. Essa invisibilidade do trabalho das mulheres e a divisão sexual do trabalho também foram seguidas nos serviços de Ater prestados à unidade de produção familiar, pois se entendia que a participação do homem era suficiente para representar o interesse de toda família.
Em Rondônia essa situação não foi diferente, os serviços de assistência técnica e extensão rural mantiveram-se, por muito tempo, voltados para o público masculino, sendo a mulher inserida nas ações de Ater a pouco mais de dez anos. Foi somente após a implementação, em 2013, da Política Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural (PNATER), que norteia as ações dos serviços de Ater no Brasil, que surgiram políticas públicas visando à inclusão das mulheres
Uma dessas políticas está sendo implementada através do Plano Brasil Sem Miséria/Ater para Mulheres que, através da chamada pública do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), contratou a Emater-RO para execução dos serviços. Iniciado em março de 2012, o programa Ater Mulher assiste 100 famílias de baixa renda por município, com o objetivo, entre outros, de promover a inclusão social e produtiva das agricultoras familiares e garantir a segurança alimentar através do aumento de renda, ampliação do acesso aos serviços públicos e às ações de cidadania.
Resultados positivos
O trabalho foi sendo realizado com 400 mulheres rurais em situação de extrema pobreza nos municípios de Ouro Preto do Oeste, Presidente Médici e Governador Jorge Teixeira. Após dois anos e meio de execução já é possível observar resultados de extrema importância para a igualdade de gênero e melhoria da qualidade de vida daquelas famílias.
Dentre esses resultados é possível destacar a atividade de agroindústria. A atividade foi um desafio dentro do programa de Ater para as mulheres. Com a renda e fomento relativamente baixos, trabalhou-se com base na estruturação inicial e plano em longo prazo. “Apenas 3% das produtoras optou por essa atividade”, lembra a extensionista da Emater, Rosária Miranda dos Santos, uma das gestoras de ater deste projeto.
Agroindústria
A produtora Tercília Laudelina dos Santos, do município de Governador Jorge Teixeira, foi uma das que acreditaram no próprio potencial. E fez sucesso com a venda de bananas fritas. Ao entrar no programa a produtora utilizava barracão ao lado de sua cozinha e selava os pacotes com a chama de uma vela. Sua renda mensal era, em média, de R$ 80,00. Motivada e orientada a participar da primeira oficina realizada no Distrito de Colina Verde, levou seu produto e ali mesmo já conquistou mais cinco novos compradores e, em uma semana, obteve um aumento de renda de cerca de R$ 150,00.
Através de financiamento, liberado em novembro de 2014, Tercília fez aquisição de equipamentos e insumos mais adequados para sua atividade, inclusive adquirindo uma seladora. Com isso ampliou sua produção em cerca de 200%, passando a entregar seu produto agora para nove revendedores, e obtendo uma rena média de R$ 300,00 mensais somente com a atividade de banana frita.
Suinocultura
O beneficiamento de suínos foi outra atividade trabalhada com as mulheres. 20% das beneficiárias optaram pelo manejo de raças voltadas para corte e banha e foi um dos projetos produtivos que apresentou resultados mais sólidos na melhoria da renda familiar, garantia da segurança alimentar e elevação da autoestima das mulheres que passaram a ser mais valorizadas com o sucesso da atividade.
Prova disso é a produtora Luciana Salvat, do município de Ouro Preto do Oeste, que se dedicou à atividade com aquisição de matrizes e revenda de leitões desmamados. Sua renda per capita, que era de R$ 77,00 teve um aumento, em dois anos, de 70%. Hoje ela já está buscando recursos para a construção de um abatedouro de suínos.
Horticultura
Valdete Ferreira de Oliveira é uma das 20 mulheres que encontraram na horticultura o caminho para o seu crescimento econômico. Nessas propriedades os trabalhos foram desenvolvidos visando à minimização do uso de insumos químicos e em especial de agrotóxicos.
No caso de Valdete, com os investimentos realizados em sua horta ela conseguiu um aumento de renda através da venda direta a um comprador que lhe garante uma média de R$ 400,00 por semana. Ela também está sendo cadastrada no Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), do governo federal em parceria com o governo estadual por meio da Secretaria de Estado da Agricultura (Seagri) e da Emater, que lhe garantirá a comercialização de seus produtos.
Avicultura
Devido a pouca necessidade de espaço e relativa facilidade de implementação, com baixo investimento e rápido retorno financeiro rápido, a avicultura foi uma das atividades mais procuradas pelas mulheres assistidas no Programa Ater Mulher. Cerca de 150 escolheram trabalhar com frangos de granja, caipirão e galinhas botadeiras.
A produtora Avezina Cordeiro, do município de Jaru, iniciou a atividade adquirindo os animais (50 aves de corte e 50 galinhas botadeiras), a ração, a tela e outros insumos com o fomento de R$ 1.400,00 recebidos do Programa. Com o lucro obtido já no primeiro lote e auxílio da segunda parcela, ela dobrou a quantidade de aves, gerando um aumento de R$ 350,00 em sua renda mensal.
Essas mulheres mostraram que têm grande potencialidade para implantação e implementação dos projetos produtivos. De mulheres invisíveis passaram a ser reconhecidas como grandes empreendedoras e seus empreendimentos estão despertando o interesse das mulheres dos municípios circunvizinhos.
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