O bumbódromo e o rei da gambiarra – Por Ariel Argobe

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Foto: Divulgação

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No popular, gambiarra significa trabalho feito com improviso, com peças alternativas. Segundo o Dicionário Aurélio Online: 1. Renque

de luzes entre as bambolinas do palco. 2. Extensão elétrica, com fio comprido, que permite levar luz a sítios afastados.

Sinônimos de gambiarra: improviso, quebra-galho, jeitinho, conserto menor, trabalho mal feito, desvio tecnológico, adaptação técnica alternativa, remendo sem qualidade.  

Então, o que é uma gambiarra? Segundo Fábio Belo, “gambiarra é um arranjo contingente, um tipo de solução, geralmente inusitada para a solução de um problema. Um nó, uma amarração com arames, fitas adesivas: qualquer coisa pode ser alvo de ou servir como uma gambiarra”.

Eu acrescentaria, sem pestanejar, gambiarra é trabalho de preguiçoso, de gente incompetente e, mais uma vez, no dito popular: trabalho de porco. Digo mais: trabalho realizado com resultado perigoso, dependendo da dimensão da gambiarra, das condições e dos riscos iminentes.

Para entender melhor a dimensão exata de uma situação abrangida pela definição de gambiarra, a partir de exemplo prático aqui em terras perolenses, cito o trabalho realizado no Bumbódromo de Guajará-Mirim, reinaugurado na última sexta-feira, 25, na presença de várias autoridades das esferas estadual, municipal, inclusive autoridades bolivianas - representantes do governador do Departamento do Beni - e de grande público. É o mais perfeito exemplo incontestável de uma gambiarra.

A autoridade ou profissional que comandou o trabalho de revitalização do Bumbódromo em Guajará-Mirim é, no meu modesto entendimento, a personalidade mor em gambiarras. Afirmaria também – sem sobras de dúvidas – que se trata do Rei da Gambiarra. Acredito que um profissional com habilidades em tais níveis, muito provavelmente fez estágio e aperfeiçoamento na área, em terras estrangeiras, talvez nos lendários e mágicos países do mundo árabe, região do planeta das mil e uma noites, onde tudo é possível, inclusive tapetes voarem. Só uma boa gambiarra faz tapete levantar voo.

Sabemos das dificuldades de cada agremiação de bumbás para colocar o espetáculo artístico na arena, e que para tal se faz necessária diversas autorizações e liberações de órgãos públicos pertinentes ao perfil e envergadura do certamente cultural a ser realizado nos dias 9, 10 e 11 de novembro, de forma que, fica aqui nossa preocupação – e denúncia – com relação à qualidade dos trabalhos (duvidosos) realizados no Bumbódromo, que certamente irá enfrentar resistência de autoridades para liberação da área, particularmente do Compro de Bombeiros.

É flagrante a precariedade do trabalho realizado, cujo resultado até parece mais ação de vândalos. Como é de hábito imputar aos brincantes e amantes do folgue de bumbá, danos causados em estruturas públicas de uso de todos, nos antecipamos em divulgar a baixa qualidade técnica das obras de restauração realizadas no Bumbódromo. Pasmem todos, a dita obra de restauração já foi entregue assim, com qualidade duvidosa, gambiarra pura!

Esperamos que a empreitada do Rei da Gambiarra não penalize os nossos bumbás e nem seja impedimento para realização do Duelo da Fronteira, e que as instituições e autoridades pertinentes enquadrem o autor da obra – melhor dizendo: da cagada.

Fica a dica para o MP que - sejamos justos – pela primeira vez estabeleceu um TAC que favorece a cultura popular e cumpre preceitos constitucionais no que se refere à democratização do acesso ao bem cultural, um direito de todos.

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