Bendita chuva - Por Osmar Silva
Foto: Divulgação
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No último dia de agosto caiu uma chuva gostosa em Porto Velho. Não sei se foi na cidade toda. Mas por onde passei ela caia como uma benção. Cidades, como Cacoal já foi bafejada até com pedra de gelo. Um espanto! Coisa nunca vista por estas bandas.
A chuva veio refrescar esses quentes dias de verão com calor de botar o Deserto do Saara no bolso. Tivemos até baixa umidade do ar em níveis nunca antes registrado. Ou já? Não tenho memória de um verão tão rigoroso e tão seco como este. E olha que somos uma região de alta umidade advinda da maior floresta tropical do mundo.
O fato é que choveu. Liguei o limpador de parabrisa do carro até com encantamento. Pena que estava na rua. Se tivesse em casa, tomaria banho de chuva. Minha mulher brigaria comigo. Mas ora se não tomaria o meu banho! Me alegraria assim como os cafezais que, banhados, logo logo se cobrirão de branco e exalarão o suave perfume de suas flores pelos campos.
Alegrei-me com o meu pé de caju, que encerrou a safra mais cedo e jogou ao chão centenas de cajuís, secos, encarquilhados pelo sol inclemente e o calor abrasador. Agora, tenho certeza, soltará nova florada. Tomarei suco de cajus colhidos com minhas próprias mãos, à altura da minha cabeça. E conversarei com o meu querido cajueiro. Sim, amigos! Nós temos nossos segredos. Somos confidentes e cúmplices.
Contentei-me também com o pé de pimenta da dona Joyce. Sofreu muito com essa sequidão. Deixou cair as folhas e as flores. Recolheu os belos frutos com cara de ‘dedo de moça’. Só na aparência. Que ninguém se engane. Ele exibe as frutas vermelhas, bonitas, sedutoras, desafiadoras. Difícil resistir. Quem aguenta?
Muitos bicos de sabiá já colheram pimenta no arranjo de jardim frente à nossa casa. Soltam a maior pabulagem. Mas avisamos: essa é especial. É pra mestre. Amador não se meta. Ah! ah! ah! Num demora muito e vem o resultado. Ô seu Osmar onde dona Joyce arranjou essa danada? Mas e aí, conseguiu comer? Consegui nada! Arre égua! Quase me matou! A bicha arde, a bicha queima, a garganta incendeia e os olhos choram sem a gente querer. Nunca vi uma coisa assim. Eu caio na risada!
Ha anos eu não via o céu escondendo o sol com tanta fumaça. Voltei a vê-lo todo alaranjado em plena meio dia nesse verão. E o encarando, fixamente, no final da tarde. Coisa dos anos 80, ápice das derrubadas e das queimadas. Tempo da colonização de Rondônia.
Naquela década não via-se o sol e o luar no verão. O fogo tomava conta de Porto Velho a Vilhena. Veículos paravam nas rodovias aguardando a fumaça diminuir para seguir viagem. Trafegavam com faróis de milhas acesos. A visibilidade era mínima. As labaredas lambia a beirada das estradas. Tomávamos cerveja cobrindo o copo. Para protegê-lo da poeira e das cinzas.
De repente tudo voltou nesse verão. Só que, naquele tempo queimar era legal. Agora, não! Agora é proibido. Lá atrás, não tínhamos consciência ambiental. Agora sabemos direitinho o malefício desta prática para os animais, para a flora, para os homens. E para o planeta. Não é mais papo cabeça de intelectual de boteco. É fato. É verdade. E não se admite mais. Nem queimar folhas de quintal.
O fogo e a fumaça fazem mal para o bolso e para saúde. Quem duvidar disso, faça uma visita aos postos de saúde e hospitais. Confira quanta gente, de toda idade, estão lá, sofrendo, buscando socorro.
Por isso também me alegrei com a chuva de hoje. Ela apagou muitas fogueiras. Vamos respirar melhor. Bendita seja. Graças a Deus.
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