Li outra dia num site de notícias que o setor de saneamento básico em Rondônia está em crise e que vai piorar com essa atual gestão. O texto afirma ainda que caminhamos para viver dias piores. Pois lamento informar que este dia já chegou. Há dois dias sem água nas torneiras de casa, minha família e eu voltamos aos tempos de criança, ou seja, tomando banho de cuia e correndo para abastecer baldes e a uma caixa d’água para atender as necessidades diárias.
É um absurdo que tal desacerto ocorra, pois a população paga por um serviço que nunca foi adequado ou ideal e que apenas piora a cada dia. O mais lamentável que no final do mês a conta vem rápida e certeira e os dias sem água, mesmo assim, são cobrados. Ai daquele que tiver a ousadia de atrasar ou não pagar. Imediatamente a CAERD envia uma equipe para efetuar o corte. Já não bastaria o absurdo de ficar sem água, o cidadão certamente ainda vai ouvir alguma asneira dita por um funcionário da tal Companhia de Águas e Esgotos de Rondônia.
Seria pedir demais que alguém desta empresa, ao menos fosse a público para dar uma explicação sobre esta falta de água constante na cidade? Uma explicação plausível, aceitável, realista, porém, o cidadão recebe de volta apenas o velho e bom silêncio, a omissão, a descarada cara de pau de mentir, ludibriar, enganar ou simplesmente nos ignorar, como o fazem muitos dos serviços prestados (ou seriam imprestáveis) à população.
O cidadão trabalha o dia inteiro. A maioria vai e volta em ônibus, geralmente lotados e sujos, e com o calor de rachar catedrais, as pessoas chegam banhadas de suor e pensando em se refrescar liga o chuveiro e ai vem primeiro o susto, depois a frustração, em seguida a raiva e por fim a certeza de que de nada adianta esbravejar, gritar. A pessoa tem que correr até a torneira mais próxima e constatar o óbvio. Vai ficar sem banho, pois a CAERD não está cumprindo a parte do contrato que lhe cabe, que é fornecer água mediante pagamento mensal. Não ainda insistir. Você está mesmo sem água.
Munido de argumentos e paciência de Jó, o cidadão vai até a tal Companhia cuja única função é fornecer água, no entanto, não o faz. Sabe se lá por que cargas d’água (perdoem o trocadilho). Chegando lá, a pessoa constata que é apenas mais no olimpo dos infelizes sem uma gota do liquido em casa. E vem a parte em que você se sente com quatro anos de idade, olhando com cara de bobo como se não estivesse entendendo nada, pois o adulto à sua frente está dando uma explicação burocrática difícil de aceitar. Conte a mil. Sorria amarelo e volte para casa onde vai chegar mais suado e mais aborrecido, e pasmem o problema da falta de água ainda está à espera.
Fico matutando sobre mil razões para não ter água em casa e como todo otário que sabe que está sendo mais uma vez enganado, concluo o óbvio, nada justifica a falta d’água, nada justifica tamanho aborrecimento, pois a conta está em dia. Porém (há sempre um, porém na história), o cidadão tem a tendência de enganar a si mesmo, dizendo que a crise vai passar e em questão de horas a água vai voltar. Qual seria a explicação para este fenômeno? Desvio de água para abastecer piscicultores? Alguma tubulação que explodiu devido a algum ataque terrorista? A troca de uma peça que está em falta no mercado e vai demorar algum tempo para consertar e isso é culpa do consumidor, que paga, mas não usa? A vontade é de chorar, no entanto, com o calor que está fazendo, até elas checaram.
Moral da história: Pagar contas em dia, trabalhar, ser um cidadão que respeita a lei e a ordem, não nos habilita a ter água em casa. Triste realidade da nossa cidade. E nenhuma pseudos autoridade toma providências para resolver a situação. A população paga por este serviço e nada mais justo que este atendimento seja reciproco, real, de qualidade e sem falta. Resta apenas parabenizar esta maravilha denominada Companhia de Águas e Esgotos de Rondônia. Ah, e ainda pagamos taxa de esgoto. Onde já se viu pagar por um serviço que não existe?