Município tem a primeira fazenda com gado rastreado
Foto: Divulgação
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Na semana passada, a fazenda B-Zéro, de Monte Negro (a cerca de 290 quilômetros de Porto Velho), foi a terceira de Rondônia e a primeira da região entre Cacoal até a Capital que foi
habilitada para o Sistema de Identificação e Certificação de Bovinos (Sisbov) do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). As outras duas são da Zona da Mata e Cone Sul, respectivamente.
Servidores da Agência de Defesa Sanitária Agrosilvopastoril de Rondônia (Idaron), credenciados pelo MAPA, realizaram a auditoria da Fazenda B-Zéro, localizada em Monte Negro, região da grande Ariquemes no Vale do Jamari. O parecer da auditoria oficial em rastreabilidade feito pela médica veterinária Virgínia Maria Amorim de Oliveira e a zootecnista Lays Fernanda Pinheiro foi conforme, ou seja, a fazenda B-Zéro foi considerado Estabelecimento Rural Aprovado no Sisbov (ERAS).
Por enquanto, Rondônia ainda não tem frigorífico habilitado para exportar aos países da Europa. Estes só compram carne de gado rastreado, desde o nascimento até a gôndola do supermercado. Prevendo a liberação de Rondônia para exportar carne para a União Europeia, a fazenda B-Zéro se antecipou e se habilitou no ERAS do Governo Federal.
Trabalho
De acordo com o Ministério da Agricultura e Pecuária, procurado pela reportagem do Rondônia Vip em Brasília (DF), o Sisbov é um sistema de adesão voluntária, baseado na identificação individual de animais, que dá garantias adicionais a mercados que a exijam, como por exemplo, a União Europeia.
A garantia da qualidade e procedência da carne exportada não é dada pelo sistema, mas sim pela rastreabilidade oficial, por meio dos registros de movimentações entre propriedades e dos registros de todos os segmentos da cadeia produtiva, como por exemplo, os frigoríficos.
Para essa certificação, existem empresas credenciadas pelo MAPA que realizam o gerenciamento das propriedades. No caso da fazenda B-Zéro, quem realizou o trabalho foi a Pantanal Certificadora que faz o controle de todo o processo. A empresa de Rondonópolis (MT) treinou os funcionários da propriedade para cadastrar todos os animais, que são exclusivamente criados no sistema extensivo (solto no pasto) para abate. Todo o cadastramento foi acompanhado de perto por um técnico da instituição. “Cada animal tem dois brincos com 15 números, onde está toda a ficha de vida do animal, desde o nascimento e toda movimentação que ele realiza, desde a compra, venda até a ida para o carrinho de supermercado do consumidor. A médio ou longo prazo, a rastreabilidade será uma tendência mundial, para que o comprador da carne tenha mais confiança no produto que ele está adquirindo. A certificação é extremamente rigorosa, já que a cada dois meses, enviamos novamente nossos técnicos a fazenda para conferir todos os dados e movimentações dos animais da propriedade”, afirmou Nelson Oliveira, sócio proprietário da Pantanal Certificadora, que conversou por telefone com a reportagem do Rondônia Vip.
A rastreabilidade é facultativa, mas se torna obrigatória quando exportada para alguns mercados. Apesar do investimento, a carne exportada tem preço de mercado diferenciado. No mínimo, os ganhos de preços giram em torno de 10% a mais do que no mercado comum. “O custo para implantar a rastreabilidade não é considerado alto, já que ele é um investimento e há um ganho no final com a exportação de carne para mercados diferenciados. Em alguns casos, como por exemplo, os animais da raça Angus, os ganhos chegam em média, a 8, 10 reais por arroba. Se você abate um boi com 20 arrobas (cada arroba tem 15 quilos), o ganho ultrapassa os 100 reais por animal. Se você abate mil animais, o ganho é de 100 mil reais em relação ao mercado nacional”, destacou Nelson Oliveira.
Segundo a Pantanal Certificadora, o processo também não é demorado. “Treinamos os funcionários da fazenda, que estão sempre acompanhados por um técnico nosso. Se a fazenda tem mil bois, fazemos todo o processo em no máximo, 40 dias. A tecnologia ajuda muito para agilizar todo esse processo. A burocracia também diminuiu bastante, já que antigamente precisávamos preencher dezenas de documentos para serem enviados para a Europa. Tudo era analisado, publicado e homologado por eles. Hoje, tudo é feito pela internet e autorizado pelo Ministério da Agricultura”, disse Oliveira.
Já o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento divulgou que, em média, depois da certificação, a habilitação no Sisbov demora, aproximadamente, dois meses. No site do MAPA há uma lista com as certificadoras credenciadas e os estados em que a mesmas estão habilitadas para atuar.
Venda de carne para a Europa
De acordo com a Idaron e a Confederação Nacional de Agricultura (CNA), que tem um escritório em Bruxelas (Bélgica), sede da União Europeia, há a previsão da vinda de auditores da UE a Rondônia no mês de outubro para inspecionar os frigoríficos e as propriedades cadastradas no ERAS e assim liberar o estado para exportar carne para o continente. Segundo a Pantanal Certificadora essa é a expectativa de quem está investindo na rastreabilidade.
Já o Ministério da Agricultura e Pecuária informou ao Rondônia Vip que ainda não está prevista uma data para a vinda dos auditores europeus, mas que o MAPA tem atuado no sentido de habilitar os estados de Rondônia, Tocantins e Distrito Federal para exportar carne para o continente em questão em breve.
Segundo a CNA, atualmente Espírito Santo, Goiás, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Paraná, Rio Grande do Sul e São Paulo estão autorizados a exportar carne bovina para a UE, segundo lista elaborada pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), ou seja, nenhum estado da região Norte ou Nordeste do país ainda tem tal chancela. São pelo menos 2 mil propriedades já cadastradas no Sisbov, de acordo com a entidade.
Em 2013, as exportações totais de carne bovina in natura do Brasil somaram US$ 5,36 bilhões. O Tocantins exportou US$ 186,9 milhões e Rondônia, US$ 545,3 milhões, representando 3,48% e 10,2%, respectivamente, do total de carne bovina in natura exportado pelo Brasil. Os principais mercados para os dois estados são Hong Kong, Rússia e Egito.
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