No ritmo atual, o Brasil demoraria 129 anos para cumprir metas federais de universalização do saneamento básico. Essa lentidão é a principal conclusão do Ranking do Saneamento Básico, do Instituto TrataBrasil.
Foto: Divulgação
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No ritmo atual, o Brasil demoraria 129 anos para cumprir metas federais de universalização do saneamento básico. Essa lentidão é a principal conclusão do Ranking do Saneamento Básico, do Instituto TrataBrasil. Ele avaliou o serviço nas cem maiores cidades do país.
Com só 39% da população com esgoto tratado, 0,3 ponto percentual acima do ranking de 2014, o país está longe de atingir as metas do Plano Nacional de Saneamento Básico, que prevê a universalização do serviço até 2033.
Enquanto isso, milhões de brasileiros vivem em ambientes de risco à saúde, sem contar os impactos na economia e na educação.
É o caso da auxiliar Rosemary Guedes, 42, que construiu um barraco na favela do Tanque, no extremo leste de São Paulo, há 20 anos.
"Todo dia aparece alguém doente, com dengue, e o lixo só aumenta. Quando casas caem, o governo vem aqui, mas não resolve nada", diz.
Ela e outras 150 famílias convivem com a rotina de caçar ratos e espantar moscas que rondam o fétido córrego que corta a região, no bairro de São Mateus.
Crianças brincam descalças ao lado da fossa a céu aberto, onde desemboca o esgoto do bairro todo e há acúmulo de entulho, cacos de vidro e muito lixo.
Segundo o ranking, em um ano, a coleta de esgoto (que falta na casa de Rosemary) subiu apenas 0,3 ponto percentual e atende agora 48,6% da população. O tratamento do esgoto também avançou 0,3 ponto percentual. Com isso, atingiu 39% do volume de água disponibilizado.
Já a população atendida com água tratada caiu 0,2 ponto percentual. O índice está agora em 82,5% dos brasileiros com acesso ao serviço.
Se for considerado o ritmo de avanço nos últimos cinco anos, o Brasil chegaria à universalização do saneamento em 129 anos.
"Houve avanço, mas está muito distante das necessidades do país", diz o presidente do Instituto TrataBrasil, Édison Carlos.
Segundo o estudo, entre as cidades que não deverão cumprir a meta há capitais como Manaus (AM), Belém (PA) e Porto Velho (RO).
Carlos diz que era esperada evolução maior no saneamento das grandes cidades, pois elas concentram recursos e têm melhor estrutura que pequenos municípios. "Os grandes municípios sabem fazer licitação, têm capacidade técnica, acesso a crédito."
Com quase 500 mil habitantes, a capital de Rondônia nunca tratou um litro de esgoto. E, em 2013, só 2,7% do esgoto era captado.
Quase todo o esgoto de Porto Velho vai para fossas ou escorre até córregos e rios. Mesmo assim, a cidade investiu na área só 0,01% da arrecadação em 2013.
Já Franca (a 400 km de SP) ficou pela segunda vez seguida em primeiro lugar no ranking. Ali, toda a população tem acesso a água tratada e coleta de esgoto. O município trata 78% do esgoto. Em seguida aparecem as cidades de Maringá (PR) e Limeira (SP).
* O resultado da enquete não tem caráter científico, é apenas uma pesquisa de opinião pública!