Uma das áreas históricas da cidade, o bairro Triângulo, localizado na região do Cai N'Água, foi interditada por tempo indeterminado na manhã desta segunda-feira, 04, pela Prefeitura de Porto Velho. O bloqueio, feito pela Defesa Civil municipal, atinge um perímetro que vai da rua Rio Machado até o Barracão do Rai, na área baixa do bairro, às margens do rio Madeira. A interdição é por causa do risco de desmoronamento do barranco que cede a cada dia comprometendo as casas localizadas na região. Apesar do perigo, algumas famílias retornaram para suas casas — cerca de sete, segundo os próprios moradores —, mesmo sabendo do risco que correm ao permanecerem no local impróprio para morar. Muitas casas já desabaram e outras ameaçam cair a qualquer momento.
O chefe de Minimização de Desastres, da Coordenadoria Municipal de Defesa Civil (Comdec), Natanael Moura, foi enfático em afirmar que ninguém está autorizado a voltar enquanto as residências não forem vistoriadas e seja emitido o laudo técnico atestando a viabilidade de ocupação das casas. Ele também não descartou a possibilidade de demolição das residências localizadas nas áreas interditadas. “Muitas residências não tiveram a estrutura afetada, mas o entorno está comprometido. Há desmoronamento de barranco todo dia que fragiliza ainda mais o solo. Com o solo comprometido, a casa também fica comprometida. Se o solo ceder a edificação não fica em pé. Tem também o risco da casa do lado desabar e comprometer a residência vizinha”, adianta.
Todas essas questões têm que ser levada em conta, de acordo com o que afirmou o técnico da Defesa Civil, daí não estar descartada a demolição. Se for previso chegar a esse caso extremo, deverá ser assegurada às famílias afetadas toda a estrutura necessária para que elas possam recomeçar suas vidas em outro local. A Defesa Civil ainda trabalha no levantamento para saber quantos imóveis existem na área interditada.
Natanael Moura revela que todo ano a Defesa Civil interdita temporariamente a área por 90 dias, por causa da elevação do nível do Madeira no período do Inverno. Mas essa será a primeira vez que o bloqueio será por tempo indeterminado. “É de praxe haver a interdição, mas não com essa de agora. É uma situação tão atípica, que o rio está há três metro acima do nível registra nesse mesmo período no ano passado”, frisou.
O local lembra uma cidade-fantasma, com casas destruídas, outras na iminência de desmoronar, solo com grandes fissuras que aumentam a cada dia por causa da infiltração dos canos estourados da rede de abastecimento de água da Caerd. Andar pela área só a pé. Veículos não conseguem mais trafegar pelo que antes era uma rua.
Parte do trilho do patrimônio histórico da estrada de ferro Madeira-Mamoré, cede junto com o solo. Grande extensão da fissura passa por debaixo do trilho, o que agrava mais a situação. Não fosse as famílias resistentes, o local estaria abandonado nesse cenário de destruição, provocada por uma tragédia natural. A maior enchente do rio madeira já registrada na história de Porto Velho.