Refugiada haitiana diz que quer ir para bem longe do Acre

Refugiada haitiana diz que quer ir para bem longe do Acre

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Foto: Divulgação

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Segundo relato, a viagem demorou 14 dias até chegar ao Peru. De acordo com a imigrante, foi necessário deixar um casal de filhos no Haiti. A falta de recurso financeiro foi o fator decisivo. Michelle concedeu a entrevista à ONG CONECTAS, durante uma visita da instituição à cidade acreana de Brasiléia, na fronteira com a Bolívia, distante cerca de 240 km da capital do Estado, Rio Branco.

Ainda de acordo com a estrangeira, os coiotes cobram, em média, US$ 4 mil para trazer os haitianos até a região do Brasil. Todo o trabalho é iniciado na República Dominicana, passado pelo Equador e tendo como ponto final o Peru.

“Ainda não consegui mandar um centavo”, preocupa-se. Talvez por isso ela mantenha anotado na memória cada moeda que lhe foi subtraída ao longo do percurso: US$ 2 mil para atravessadores que organizaram a viagem, US$ 500 para policiais peruanos, US$ 450 dólares em uma agência em Quito, US$ 200 em Lima, US$ 250 em Cuzco e US$ 120 em Maldonado. A família mandou US$ 130 quando ela chegou ao Brasil. “Esse é o único dinheiro que não roubaram de mim”, diz. Ela ainda não sabe se o investimento valeu a pena, mas está certa de que era a única saída possível. “Não havia nenhum outro lugar para onde eu pudesse ir. Tentei na embaixada americana, mas eles rejeitaram o meu pedido em dezembro do ano passado. Todos estavam vindo para o Brasil por esse caminho, então eu vim também.” Michelle já conseguiu tirar o CPF e a Carteira de Trabalho e espera logo conseguir um emprego em algum lugar longe de Brasiléia. “Nossa viagem não acabou aqui. Ainda temos caminho a seguir.”

Após conversas realizadas em Brasiléia, é possível perceber que os refugiados emergem relatos de gratidão, esperança, incerteza e decepção. Ainda temerosos muitos preferem não falar, nem se deixam fotografar. Outros repartem histórias de sofrimento na longa rota que separa o Haiti e o Brasil.

Na espera da ajuda efetiva da União, o governo estadual tentou melhorar as condições do abrigo. Só no último mês, cerca de 300 novos colchões foram levados para Brasiléia, e uma equipe especial da Secretaria de Saúde montou um posto no abrigo para prover atendimento preventivo aos imigrantes. Além disso, um batalhão de policiais fardados e desarmados está reforçando a segurança no local.

A vendedora Michelle Brenelus, de 26 anos, que veio ao Brasil na companhia de outras cinco mulheres, se mostra muito decepcionada com a recepção dada no Brasil e afirmou que quer ir para um lugar bem longe do Acre.

Segundo relato, a viagem demorou 14 dias até chegar ao Peru. De acordo com a imigrante, foi necessário deixar um casal de filhos no Haiti. A falta de recurso financeiro foi o fator decisivo. Michelle concedeu a entrevista à ONG CONECTAS, durante uma visita da instituição à cidade acreana de Brasiléia, na fronteira com a Bolívia, distante cerca de 240 km da capital do Estado, Rio Branco.

Ainda de acordo com a estrangeira, os coiotes cobram, em média, US$ 4 mil para trazer os haitianos até a região do Brasil. Todo o trabalho é iniciado na República Dominicana, passado pelo Equador e tendo como ponto final o Peru.

“Ainda não consegui mandar um centavo”, preocupa-se. Talvez por isso ela mantenha anotado na memória cada moeda que lhe foi subtraída ao longo do percurso: US$ 2 mil para atravessadores que organizaram a viagem, US$ 500 para policiais peruanos, US$ 450 dólares em uma agência em Quito, US$ 200 em Lima, US$ 250 em Cuzco e US$ 120 em Maldonado. A família mandou US$ 130 quando ela chegou ao Brasil. “Esse é o único dinheiro que não roubaram de mim”, diz. Ela ainda não sabe se o investimento valeu a pena, mas está certa de que era a única saída possível. “Não havia nenhum outro lugar para onde eu pudesse ir. Tentei na embaixada americana, mas eles rejeitaram o meu pedido em dezembro do ano passado. Todos estavam vindo para o Brasil por esse caminho, então eu vim também.” Michelle já conseguiu tirar o CPF e a Carteira de Trabalho e espera logo conseguir um emprego em algum lugar longe de Brasiléia. “Nossa viagem não acabou aqui. Ainda temos caminho a seguir.”

Após conversas realizadas em Brasiléia, é possível perceber que os refugiados emergem relatos de gratidão, esperança, incerteza e decepção. Ainda temerosos muitos preferem não falar, nem se deixam fotografar. Outros repartem histórias de sofrimento na longa rota que separa o Haiti e o Brasil.

Na espera da ajuda efetiva da União, o governo estadual tentou melhorar as condições do abrigo. Só no último mês, cerca de 300 novos colchões foram levados para Brasiléia, e uma equipe especial da Secretaria de Saúde montou um posto no abrigo para prover atendimento preventivo aos imigrantes. Além disso, um batalhão de policiais fardados e desarmados está reforçando a segurança no local.

Integralmente, em todos os casos, é evidente a dificuldade dos haitianos para conseguir o chamado “visto humanitário” em Porto Príncipe – apresentado pelo governo como remédio para um problema migratório gravíssimo, com perfil de crise humanitária. O governo brasileiro faz uso há meses de um jogo de palavras – entre migração e refúgio – para minimizar a grave crise humanitária instalada na cidade fronteiriça.

Na última sexta-feira, cerca de 150 imigrantes, que estão refugiados no Município, promoveram um protesto em frente à sede da Receita Federal do Brasil. As manifestações se iniciaram por volta das 10h15min e faltou pouco para que a porta do órgão fosse quebrada e os estrangeiros invadissem as instalações da União. O governo do Acre nega as informações.

Na última semana, o Ministério Público Federal também se manifestou sobre as ações do governo e solicitou informações tanto do Estado, como da União, sobre os recursos e suas respectivas aplicações.

Uma diligência do MPF, realizada nos municípios de Epitaciolândia e Brasiléia, na semana passada, constatou a situação de precariedade dos haitianos. O relatório da diligência será encaminhado à Procuradoria Regional da República da 1ª Região, que acompanha uma ação judicial que tramita desde janeiro de 2012, com o objetivo de forçar a União a assumir definitivamente os gastos e responsabilidades com o acolhimento.

A chegada destes homens, mulheres e crianças, que passam ilegalmente pelas fronteiras do Acre está preocupando autoridades e moradores da cidade que possui menos de 25 mil habitantes. Em média chegam, por dia, 80 novos estrangeiros.

No último sábado, 1º, o deputado estadual Denilson Segóvia (PEN/AC), atual presidente da Comissão de Direitos Humanos e Cidadania da Assembleia Legislativa do Acre (Aleac), esteve visitando os abrigos. O ecológico entende que o grande problema é a falta de celeridade para emissão de documentos e que uma ação emergencial da administração dos abrigos resolveria os problemas de alojamento e saneamento básico.  “Eles [os imigrantes] querem celeridade para continuar a trajetória”, informa Denilson.

Sobre o coordenador dos abrigos, Damião Borges, o deputado diz o seguinte: “O Damiao está só… fazendo como um trator… ele trabalha, mas não consegue segurar a pressão de tudo”, finaliza o deputado.

Um dossiê apresentando a situação dos abrigos deve ser encaminhado para a Organização das Nações Unidas e demais órgãos competentes da esfera estadual e federal, em busca de soluções.

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