Crônicas do Velho Porto - A Verdade – por Renato Gomez

Crônicas do Velho Porto - A Verdade – por Renato Gomez

Crônicas do Velho Porto -  A Verdade – por  Renato Gomez

Foto: Divulgação

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Houve um tempo em que tudo que era raro era proporcionalmente mais valioso. Mas naquele lugar não. Ali a verdade por mais rara que fosse não valia nada. Mais contemplada de créditos era a mentira bem contada. Fazia-se valer o ditado de que uma mentira bem contada acaba virando verdade. A única diferença entre o verídico e a fraude estava no fato de que a fraude era mais valiosa na proporção que chegava mais perto de tornar-se verdade, mas a verdade de fato e de direito não passava de um zero à esquerda.

Chegou a tal ponto que ninguém acreditava em ninguém, a não ser que o outro dissesse uma mentira notória que todos sabiam que era mentira, mas que confortava o ego de todos. Era mais valiosa a mentira suave ao amargo da verdade.

Foi quando aconteceu um crime, um crime terrível. Um menino havia sido decapitado por uma espada em uma das vielas do reino. Fora encontrado na poça do próprio sangue com a cabeça logo a frente em uma poça de lama e ao lado a arma do crime: uma espada de dois gumes, enorme e pesada, com o cabo todo trabalhado em bronze.

Decidiu confessar tudo em praça pública. Durante um evento em que a população comparecia em massa, subiu no palco, tomou a palavra tendo que engrossar e muito a voz de menino, e disse: “Tenho uma confissão a fazer. Eu matei. Matei o menino. Sou culpado do crime e estou me entregando para a Justiça, mas quero que todos saibam que foi um acidente, a espada escorregou de minha mão e eu matei o menino.”

Após, um breve silêncio tudo que se ouvia era a gargalhada da multidão e as chacotas duvidando da veracidade das palavras do pobre infeliz. “O rapaz você não tem força nem pra segurar aquela espada.” “Ô moleque você num mata nem barata.” “Não nos faça rir, o assunto aqui é sério.” “Daqui a pouco vai nos dizer que quer ser um gladiador.” “De onde saiu este rapaz? É o bobo da corte?”.

Virou piada no meio do povo sob a alcunha de “assassino que nunca matou”, até que um dia um amigo que era muito observador e talvez o único amigo que o jovem tivesse, teve uma ideia para que todos acreditassem nele e parassem com as gozações.

Foi à mesma praça onde o amigo havia confessado seu crime e disse: “Está noite o fantasma do menino que morreu decapitado veio ao meu encontro e me afirmou que seu assassino realmente foi esse jovem que aqui está e que já confessara o crime, porém afirmou que tudo não passara de um acidente, pois a espada escapou de suas mãos e o atingiu.”

Todos acreditaram e como nem tudo é perfeito, o jovem acabou preso. Preso por  mentiras de verdade ou verdades de mentira, está aquele povo até os dias de hoje.

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