Auditoria do TCE/MP demonstra que Saúde pode ser informatizada com custo reduzido
Foto: Divulgação
Receba todas as notícias gratuitamente no WhatsApp do Rondoniaovivo.com.
Um trabalho inédito desenvolvido em parceria entre o Tribunal de Contas (TCE) e o Ministério Público do Estado (MP) aponta como solução imediata para o problema de falta de controle na aquisição e distribuição de medicamentos pela Secretaria de Estado da Saúde (Sesau) a adoção, pelo órgão do Executivo, de um novo sistema informatizado, o Hospub, em detrimento do atual, o Sinples, que apresenta deficiências.
Essa é a conclusão do relatório da auditoria conjunta realizada pelo corpo técnico, sob determinação do conselheiro Paulo Curi Neto, relator das contas da Sesau, e do procurador-geral do MP, Héverton de Aguiar.
O objetivo foi avaliar dois sistemas – Sinples, adquirido pelo Estado ao custo de R$ 9,8 milhões, e Hospub, que é um software público e gratuito desenvolvido pelo Ministério da Saúde –, indicando o mais vantajoso para a administração pública, além de apurar possíveis irregularidades na contratação do Sinples pelo Estado.
Para a realização do trabalho, foi formada uma comissão integrada por servidores dos dois órgãos, incluindo profissionais da área de informática, devido à especificidade da fiscalização. Essa equipe contou com os analistas Paulo Lacerda, Luciano José e Charles Vasconcelos (TCE) e João Ricardo e Saulo Faria (MP).
Desdobrada em duas modalidades – uma operacional, a fim de apurar a eficiência dos programas, a outra de legalidade, visando analisar a legitimidade da aquisição do Sinples pelo Estado –, a auditoria foi materializada em dois relatórios, um de 124 páginas e outro, de 100, nos quais os analistas de Controle Externo e Informática do TCE e do MP fazem, entre outros exames, uma aprofundada análise dos programas, indicando providências para a resolução do problema de controle da Sesau.
Durante três meses, a comissão trabalhou no levantamento de informações, incluindo visitação a 16 unidades de saúde (nove da rede estadual, cinco do município de Porto Velho e duas do Estado do Rio de Janeiro). Para a análise dos programas, foram entrevistados 218 usuários – 118 do Estado de Rondônia e 100 do Rio de Janeiro –, visando traçar um perfil de cada um dos sistemas informatizados, enquanto instrumental de gestão hospitalar.
Foram avaliados 11 itens, a partir de três enfoques: qualidade do sistema, infraestrutura adequada e existência ou não de suporte técnico eficaz. Em todos os quesitos analisados, o Hospub se mostrou mais vantajoso e eficiente, além de menos oneroso do que o Sinples, já que é disponibilizado gratuitamente pelo Ministério da Saúde.
Já utilizado no Estado pelo município de Porto Velho, o Hospub, de acordo com o levantamento dos técnicos do TCE e do MP, facilita o atendimento hospitalar, farmacêutico e laboratorial, permitindo um controle on-line sobre todos os procedimentos médico-farmacológicos.
No caso de Porto Velho, a equipe técnica relata que “a comodidade para o paciente é imensurável, pois não mais precisa se deslocar até a Central de Diagnóstico em busca dos resultados dos exames, podendo retirá-los na própria Unidade de Saúde em que foi atendido”.
Ao longo do trabalho, os técnicos obtiveram, ainda, informações sobre a evolução do Hospub, em especial a utilização de ambiente web (internet) e interface gráfica, além das novas funcionalidades, como o registro eletrônico de pacientes e o armazenamento de exames de imagem. Com isso, será possível fazer a migração do prontuário físico para o prontuário eletrônico.
Paralelamente à avaliação dos sistemas, a comissão apurou, também, a carência de pessoal na área de tecnologia da informação (TI) da Sesau, sugerindo, como solução, a realização de concurso público para se evitar a descontinuidade da prestação desse serviço na Secretaria da Saúde.
CONTRATO
Em relação ao contrato do Estado para a informatização da Saúde (de número 389/2008/PGE-RO), que resultou na aquisição do Sinples, a equipe técnica detectou, entre as irregularidades, dispensa indevida de licitação; subcontratação ilegal; não parcelamento do objeto do contrato; falta de planejamento prévio da contratação; pagamentos sem a devida liquidação, em razão do adimplemento não ter sido vinculado a resultados.
E mais: ao fim da auditoria, constatou-se que 46% dos módulos do Sinples são desnecessários, contemplando funcionalidades que não estão correlacionadas às atividades das unidades de saúde, situação que deverá acarretar a glosa (rejeição da despesa apresentada por motivo ilegal ou indevido) de R$ 1,9 milhão, sem prejuízo de impugnação de outros valores, que somam mais de R$ 4 milhões de dano ao Estado. Dos 25 módulos adquiridos, apenas três são destinados ao controle do almoxarifado e farmácia, razão da contratação do sistema.
Dos 1.558 equipamentos contratados pelo Estado para a utilização do Sinples, 480 não estavam sendo utilizados e 248 não foram encontrados. Quanto aos equipamentos não utilizados, foi sugerida a devolução ao locador. Já em relação aos não localizados, sugeriu-se ao gestor que tomasse as providências necessárias para encontrá-los, informando, logo em seguida, o paradeiro dos equipamentos aos órgãos fiscalizadores.
No total, o relatório da comissão sugere ao conselheiro e ao procurador-geral do MP 13 medidas, entre as quais, a transição do Sinples para o Hospub, solicitando, nesse caso, orientações e adaptações necessárias para que o programa possa atender às peculiaridades locais. Propõe ainda que se determine à Sesau que o sistema esteja em pleno funcionamento, no máximo, em 180 dias após a decisão.
Segundo o presidente da comissão, Paulo Lacerda, o resultado positivo obtido na realização da auditoria só foi possível devido à integração interinstitucional proporcionada pela parceria do TCE com o MP, órgãos atuantes na defesa do patrimônio público e na guarda do erário.
A política de comentários em notícias do site da Rondoniaovivo.com valoriza os assinantes do jornal, que podem fazer comentários sobre todos os temas em todos os links.
Caso você já seja nosso assinante Clique aqui para fazer o login, para que você possa comentar em qualquer conteúdo. Se ainda não é nosso assinante Clique aqui e faça sua assinatura agora!
* O resultado da enquete não tem caráter científico, é apenas uma pesquisa de opinião pública!