CRÔNICA - Como da primeira vez – Por Flávia Gutierrez

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Foto: Divulgação

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Ela chegou assim, completamente displicente. Banho recém tomado. Cabelo úmido e solto ao longo das costas lisas. Tinha cheiro de sabonete. Usava o mesmo vestido de sempre, aquele que compramos em nossa última viagem, de alcinha e listrinhas. Sentou-se ao meu lado no sofá, olhou atentamente a sala e disse:

 

 - O que você acha de trazermos a mesa de reunião pra cá?

 

- Boa idéia - respondo de pronto.

- Vamos fazer isto agora? pergunta ela cheia de entusiasmo enquanto me pergunto por que mulher adora tirar as coisas do lugar.

Pronto! Deslocamos a mesa de um lugar para o outro. Colocamos no centro da sala. Ela olha, analisa e dispara:

 

 - Podíamos organizar esta área dos computadores. O que você acha?

 

- Ótimo - respondo ao mesmo tempo em que oro para ela não pedir ajuda.

Ela se levanta do sofá e começa a modificar o layout da área do computador. Tira daqui, põe ali. Arrasta pra cá. Arrasta acolá. No meio disto tudo, me pego observando seus movimentos femininos no levar e trazer das bobagens eletrônicas.

 

Se abaixa, se levanta, deita o dorso.. fica de joelhos.. seu vestido curto acompanha seus movimentos. Ora fica mais curto, ora fica mais cumprido. Era um mostra e esconde de pernas, coxas, decote dos seios.. me perdi olhando a cena.

 

 - Hey - ela chama a minha atenção - me ajuda aqui!

 

 Vou até ela.

 

- O que você quer que eu faça? pergunto solícito.

 

- Entra debaixo da mesa e conecta todos os cabos. Eu vou te dando aqui por cima e você vai colocando nas tomadas - explica ela totalmente atenta aos seus movimentos.

Me deito no chão, barriga pra cima e espero que ela me passe os cabos e conectores. Ela retoma a dança de movimentos e, eu, agora privilegiado observo seu ritmo de baixo pra cima. Ouso olhar as curvas escondidas pelo vestidinho soltinho, agora por entre as suas pernas. Vejo o subir das suas pernas e a curva perfeita dos seus quadris. Espero ver, ao menos de relance a cor da sua calcinha, imagino o tecido leve, rendado. Penso na moldura do que guardaria peça tão íntima.

 

Rio sozinho pelo comportamento tão ousado e, tremo de medo em ser flagrado! Ridículo. Aos quarenta anos volto a ser um adolescente pueril, que olhava as calcinhas das meninas por debaixo das suas saias. Desta vez, não mais uma menina, mas, a mulher com quem planejei estar todos os dias e para quem são meus olhos todos os momentos.

 

Mais tarde, após o amor e deitada em meus braços, confesso em seu ouvido meus olhares lascivos para ela, que sorri feliz. Fui notada, deve ter pensado naquele momento. Sim, foi notada. Tão bela e atraente como há muito eu não a via. Tão linda e desejável como no primeiro dia.

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