Aplicar bem a teoria na prática é o diferencial dos profissionais que apresentam bons resultados nos projetos em que atuam. O técnico agrícola Dilmar Elias dos Reis e o engenheiro agrônomo Johnnescley Anes de Morais conhecem essa prática estão um importante elo na cadeia da transmissão de novas tecnologias para agricultores familiares de o projeto Tempo de Empreender Rondônia. As capacitações recebidas por eles, através do projeto, têm ampliado seus horizontes e dos agricultores com novos conhecimentos no cultivo de banana, açaí e abacaxi em Rondônia.
Dilmar atravessa as ruas de União Bandeirantes, uma das comunidades localizadas no entorno da obra da Usina Hidrelétrica Jirau (UHE Jirau) que recebem assistência para a viabilização técnica e econômica na produção e comercialização de frutas, como se fosse um velho conhecido. Muitos agricultores param para conversar com o técnico e tirar dúvidas sobre o cultivo em suas plantações de banana.
Desinibido, Dilmar conhece cada família participante do projeto pelo nome e sabe a localização de cada propriedade.
Essa intimidade entre o técnico da Emater e a comunidade proporciona uma boa absorção dos conhecimentos que ele e seu colega Johnnescley, da mesma empresa, têm recebido nos últimos meses através de Tempo de Empreender, um projeto do Instituto Camargo Corrêa desenvolvido em parceria com o Sebrae e a construtora Camargo Corrêa.
Tecnologia do açaí -De acordo com o agrônomo Johnnescley, o cultivo do açaí é um assunto específico que não é ministrado nas escolas técnicas ou universidades de agronomia. Por essa razão, Dilmar e ele tiveram que ler livros sobre o assunto para aplicar a tecnologia no projeto. Além disso, foi organizada uma missão técnica para os técnicos e participantes do projeto à Embrapa Amazônia Oriental (Belém-PA), que tem um núcleo de estudos e de desenvolvimento de tecnologia da cultura do açaí.
Durante esse evento foram elucidadas dúvidas com os autores dos livros consultados pelos técnicos, assim como os agricultores puderam ver de perto as lavouras. Essa capacitação foi ampliada com a visita de uma das pesquisadoras de Belém, doutora Maria do Socorro Padilha, que aprofundou a explicação dos conhecimentos do cultivo do açaí em plantios racionais com a abordagem de assuntos como a origem das sementes e as embalagens adequadas para seu plantio, os substratos, tipos de viveiro, manejo e tratos culturais das mudas. Ela também esclareceu sobre as normas e padrões específicos de cultivo e de qualidade exigidos pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
Operacionalização de câmara fria – As novas tecnologias ministradas pelos técnicos da Emater têm surtido efeito nas lavouras dos participantes do projeto em União Bandeirantes, que, para otimizar a comercialização de sua produção de banana, precisam armazenar as frutas em uma câmara fria para que a maturação das mesmas seja uniforme. “Participei de uma das missões técnicas em que visitamos uma cooperativa de comercialização de banana em Janaúba (MG). A missão foi muito proveitosa e seus conhecimentos foram estendidos para agricultores familiares na área de gestão empresarial com a capacitação ministrada pelo consultor Jorge Luis Raymundo de Souza, presidente de uma cooperativa frutícola em Janaúba.”, explica o técnico e completa, “através do intercâmbio foi possível realizar, em agosto, uma nova visita, com dois participantes, de cinco dias a Janaúba. Ediomar Luís de Souza, diretor de produção da Unicoop, cooperativa participante do projeto em União Bandeirantes, também recebeu a capacitação em que aprendemos sobre a operacionalização de câmara fria, com o controle de temperatura ideal, para que não haja o escurecimento da casca da banana, e a aplicação do gás etil 5. A fruta maturada em condições ideais tem um melhor preço no mercado.”
Irrigação – Apesar de estarem instaladas na Amazônia, as famílias de agricultores familiares tem a produção de suas lavouras limitada durante o período de estiagem, que se prolonga a cada ano e tem atingido um índice de umidade na casa dos 12%. Em função disso, a visita à região norte de Minas Gerais também proporcionou o acesso à tecnologia de irrigação, bastante comum na região. “Descobri que a banana que produzimos está com sede e carece de uma melhor adubação para que atinja a qualidade dos frutos de Janaúba”, explicou o agricultor Ediomar.
Capacitações – Além das capacitações no Pará e em Minas Gerais, o Tempo de Empreender RO proporcionou um curso sobre gestão e implantação de agroindústria na agricultura familiar em Curitiba, através da Universidade Corporativa do Sebrae, assim como uma missão técnica à maior cooperativa agroindustrial do Nordeste, Cooperativa Pindorama, em Alagoas, onde foram ministrados conhecimentos a respeito da cultura do abacaxi.
Parceiros
Tempo de Empreender Rondônia é uma realização do Instituto Camargo Corrêa, Sebrae, construtora Camargo Corrêa e Energia Sustentável do Brasil em parceria com Emater, Prefeitura de Porto Velho, Organização e Planejamento em Biodiversidade, Universidade Federal de Santa Catarina, Sescoop, Embrapa, Federação do Comércio, Federação da Agricultura, FCDL, Federação das Indústrias, Facer, Secretaria de Finanças de Rondônia, Sedam, Incra, Ibama, Banco do Brasil, Banco da Amazônia, Caixa Econômica Federal, Sedes e Semagric. (Texto e fotos de GleiceMere)