O martírio continua – Por Valdemir Caldas
Foto: Divulgação
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Já sujeito ao pagamento de uma das tarifas mais altas do país, que a cada mês lhe reduz o poder aquisitivo, o usuário de ônibus tem sobejas razões para protestar, gritar, a pleno pulmões, contra a inércia e os desacertos da administração petista.
Andar de ônibus, na capital, principalmente no horário de pico, é uma aventura arriscada, um teste de paciência. O martírio começa pela espera nos pontos. A maioria dos veículos chega a demorar até duas horas para passar.
Nos finais de semana e feriados, a situação complica-se ainda mais, já que as empresas retiram mais da metade dos carros de circulação. Isso, evidentemente, com a complacência da Secretaria Municipal de Transportes e Trânsito (SEMTRAN), a secretária dos fatos consumados, pois não faz nada para punir os que desrespeitam os direitos dos passageiros.
Sair de casa, com a família, para ir a Igreja ou aos raros locais de lazer da cidade, repita-se, é um exercício de resignação, à que nem todos estão acostumados, sem explodir a sua santa ira cívica.
E de pensar, que, durante a campanha, Sobrinho prometeu acabar com o que chamou de “ônibus tele sena”. Lembra-se? Pois é. Só ele é que se esqueceu disso.
A chegada de Itamar da CUT ao comando da SEMTRAN foi cercada de muita expectativa, principalmente para alguns “companheiros”, que julgavam conhecê-lo e acreditavam nas suas idéias socialistas. Crítico ferrenho do atual modelo, Itamar parecia ser a pessoa exata para colocar um cobro na bagunça em que se transformara o sistema de transporte coletivo. Sobrinho acertara em cheio. Certo? Errado.
Há quatro meses e treze dias no cargo, Itamar revelou-se um desastre, uma decepção. Nem parece aquele sindicalista, que usava a tribuna da Câmara Municipal de Porto Velho, durante as sessões populares, para manifestar toda a sua revolta contra um sistema carcomido pela incompetência e pela inércia administrativa. De defensor dos direitos individuais coletivos, transformou-se, como que em passe de mágica, no porta-voz do SET. Perdeu, assim, a oportunidade de tornar-se grande.
Nada disso, porém, parece incomodar o secretário Itamar, sempre cioso em atender os preitos dos empresários do setor, mesmo que isso implique em contrariar dogmas partidários e velhos “companheiros” de luta, muitos dos quais, hoje, deveras, envergonhados, com a sua atuação à frente daquela pasta.
No fundo, nem Sobrinho nem Itamar revelam preocupação com os que dependem de transporte coletivo. Caso contrário, já teriam providenciado a abertura de concorrência pública para facilitar o ingresso de novas empresas, melhorando, assim, os serviços prestados e acabando com o martírio diário dos que precisam dessa modalidade de transporte.
* O resultado da enquete não tem caráter científico, é apenas uma pesquisa de opinião pública!