Não há propriamente muito a ser feito na eleição da Assembléia, apesar de numa manobra típica de desespero o deputado estadual Jesualdo Pires ainda tentar ressuscitar sua candidatura dizendo ter o apoio do governador Confúcio Moura que, em entrevista, ao site Gente de Opinião, confessou que estava assistindo a eleição da Mesa Diretora da Assembléia “de binóculo”.
Podia até não ser seu desejo,mas, as condições em que assumiu o levaram a acabar por ter, de fato, pouca influência na questão. Não se sabe ao certo o que o induziu ao pensamento de que bastaria contar com os partidos aliados para ter condição de ungir alguém de seu interesse. Talvez tenha sido a experiência de parte de seu núcleo duro que se formou no nível municipal e, portanto, ainda carrega a idéia de que as forças estaduais funcionam, mais ou menos, da mesma forma. Não é assim e, hoje, o resultado final da Assembleia mesmo não sendo, como dizem, uma derrota do governo é o resultado direto de sua inação inicial em relação aos seus interesses parlamentares.
À espera de um milagre
É verdade que, nesta semana, alguns auxiliares de Confúcio procuraram em encontros tentar ainda compor uma chapa com Edison Martins ou Adelino Folador para o presidir a ALE. Como Jesualdo, que durante tanto tempo foi de cama e mesa com Cassol, que hoje tenta rotular Valter Araújo como cassolista, são nomes que não reúnem densidade para alcançar o que desejam. Tanto que, até sexta-feira, o número de adesões a qualquer um deles se mostrava bem abaixo do necessário.
Uma grande parte disto se deva à reação lenta do governo do Estado, apesar de que o ex-presidente da Câmara e atual deputado Hermínio Coelho, ter alertado a quem podia sobre o fato. A eleição à Presidência da ALE sempre foi um jogo de paciência e de xadrez de resultado incerto. Porém, Hermínio, politicamente sábio, descortinou que se não houvesse uma rápida aglutinação o jogo estaria perdido na largada. Não houve e, por conseguinte, o quadro que intuía se fez praticamente desde o fechamento das urnas, em outubro.
Campeão de votos, hábil negociador e com bala na agulha Valter Araújo, se lançou e começou um lento trabalho de buscar aliados. Desde que seu nome apareceu, tornou-se o mais forte candidato a comandar a Casa. Por outro lado, os nomes que, com o apoio do governo, poderiam confrontá-lo foram sendo hostilizados por parte dos segmentos do próprio governo numa estratégia pouco consistente de achar que poderiam “ungir” o nome que quisessem. Ledo engano. Quem navegou de braçadas neste mar calmo foi Valter Araújo com o discurso de independência e de equilibrar as forças políticas.
Uma parte da lentidão do governo é compreensível. Enfrentaram um segundo turno duríssimo e, logo depois, tiveram que montar o governo quando não possuíam uma equipe consolidada. A própria montagem do governo, porém, sem negociação com os parlamentares funcionou como uma alavanca de descontentamento ainda mais flagrante pela falta de menção aos parlamentares no seu discurso de posse.
Hoje, os estrategistas do Palácio Presidente Vargas, embora não o digam, sentem que entraram tardiamente no jogo e o deixaram sem uma coordenação efetiva. Quando começam a mexer sentem que entregaram o jogo antes de começar a partida. Jesualdo Pires é quase uma tentativa desesperada ainda mais querendo tachar a candidatura de Valter Araújo de cassolista. É quase o reconhecimento de que não há muito a ser feito ou sintoma de que se espera um milagre.
Apoio espírita
Eleição é eleição. Tudo pode acontecer, porém, a julgar pela disposição dos deputados e pelos adversários de Valter na disputa pela Presidência do legislativo estadual será uma reviravolta inédita e Confúcio teria que se empenhar no jogo com o desgaste que isto pode acarretar que são muitos. Não há entre os parlamentares muitos que estejam satisfeitos com este início de governo e até mesmo alguns que pareciam próximos dizem que, agora, o governo irá tomar seu “primeiro choque de realidade”.
O possível apoio do governo a Jesualdo Pires parece não preocupar muito a Valter Araújo que procura disseminar o factóide de que não existe dissensão entre os deputados, mas, um “processo normal” de disputa entre os pares e que não vê nenhuma relação entre sua eleição e qualquer derrota do governo. Para Valter, embora o governo tenha interesse na eleição e possa até usar binóculo para assistir sua participação é mesmo de espectador. Disse ainda que classificar uma eventual vitória sua como uma “derrota governista” é uma “bobagem”. De acordo com o parlamentar, estas notícias foram plantadas para criar uma animosidade entre o Legislativo e o Executivo.
De qualquer forma, a participação do governo neste processo realmente tem sido tímida. È possível que até haja mesmo algum apoio a Jesualdo Pires, porém, intramuros se afirma que nada que possa vincular o nome de Confúcio, ou seja, o apoio será teórico. Talvez até de palavras, mas, não deve aparecer, de forma alguma, no Blog do Confúcio.