O secretário municipal de Transportes e Trânsito de Porto Velho (Semtran), Itamar Ferreira, participou como convidado, de uma reunião com vários representantes de Sindicatos da capital. A pauta foi o recente aumento da tarifa de ônibus coletivo de R$ 2,30 para R$ 2,60. A reunião aconteceu na sede da Central Única dos Trabalhadores (CUT), na tarde desta terça-feira, 11.
O presidente da CUT, Edirseu Jonas de Almeida, conduziu a pauta que foi aberta aos presentes para expor seus posicionamentos sobre o assunto. Itamar ouviu atentamente os sindicalistas que trouxeram opiniões contra e a favor do assunto. Um ponto importante destacado por Edirseu foi que “o Itamar não está aqui mais como presidente da CUT, agora ele é governo e mesmo pertencendo ao Sindicato vamos cobrar o que tiver que ser cobrado e apoiar no que for necessário. Quem está aqui conosco não é mais o Itamar e sim o secretário municipal da Semtram, isto tem que ficar bem claro”, destacou.
Itamar apresentou detalhes sobre o assunto, que foram muito além do fato da nova tarifa. Ele explicou sobre o tema, tendo como base o raciocínio da avaliação entre pontualidade e qualidade dos serviços prestados em Porto Velho, e a forma como isto interfere nos valores das tarifas. O secretário também fez comparações sobre o transporte coletivo de Porto Velho com os das capitais de Manaus, Rio Branco, São Paulo e Curitiba. “Para a maioria dos usuários desses serviços o valor não é a principal preocupação e sim a pontualidade, a qualidade e depois o valor da tarifa. Isso se explica porque dentre outros, dois fatores são principais: o primeiro, que uma parte expressiva dos usuários utiliza o vale-transporte, cujo valor é pago pelos patrões em sua totalidade ou em sua maior parte; o segundo é que 32% dos usuários têm gratuidade, os estudantes são 21% dos passageiros e pagam meia passagem, os idosos correspondem a 6% e 5% dos portadores de necessidades especiais têm passe livre”, apontou.
Sobre a qualidade dos serviços prestados, “eu sempre achei e o prefeito Roberto Sobrinho também, que os serviços prestados para os usuários na capital não é boa e precisa melhorar. Mas este é o principal problema de toda grande cidade brasileira. Mas estamos buscando meios para mudar esta realidade”, disse.
Contrapartidas
O secretário destacou duas contrapartidas importantes no campo da tecnologia para melhorar o sistema, uma é a bilhetagem eletrônica e a outra é o GPS em 100% da frota. A bilhetagem, cujas informações passarão a ser repassadas diretamente das catracas/validadores dos ônibus para a Semtran, permitirá análise como horário de inicio do “balão”; quantidade e tipo do vale-transporte, estudante, etc, de passageiros por ônibus e linha; horários de embarque; dados sobre a integração, entre outras informações. A previsão de implantação é de 60 dias para estar em funcionamento.
A instalação do sistema GPS, que é o mesmo utilizado para localizar veículos roubados, estará concluída até o próximo mês de maio e contará com uma central de controle dentro da Semtran. Através desta tecnologia será possível saber em tempo real e a qualquer hora do dia ou da noite sobre a localização exata de cada ônibus da frota. Serão identificados se estão na garagem, no ponto final, fazendo o percurso da linha, se não parou em uma parada, se houve desvio de rota ou se não completou o “balão”.
Malha Viária
De acordo com os dados apresentados por Itamar, a malha viária atende hoje mais de 90% das linhas. E sobre as contrapartidas está previsto o aumento de 10% da frota até o final de 2011, todos os ônibus novos com acessibilidade para cadeirantes; trinta e três novos abrigos e a construção do Terminal Central na Rua Euclides da Cunha, que começará a construção assim que a prefeitura liberar o terreno. A prefeitura investirá este ano, em mais de cinqüenta novos abrigos e também a construção do Terminal do Hospital de Base. Ainda dentro das contrapartidas, o trânsito da Rua José Amador dos Reis, será transformado em mão-única, ampliação dos corredores exclusivos para ônibus e outras intervenções de engenharia de tráfego.
Desoneração
Itamar apresentou como é possível reduzir o valor da tarifa. “É preciso que haja parceria do governo do Estado, através de incentivos de impostos e custeio da gratuidade estudantil. No caso do Governo Federal, atualmente está em debate no Congresso Nacional, um Projeto de Lei sobre a desoneração do transporte coletivo, através de incentivos como a redução de imposto (IPI)”. Ele ainda apontou, como “o que define o valor de uma tarifa são duas questões principais: os custos de manutenção do sistema e quem paga estes custos. Em São Paulo, por exemplo, para manter a tarifa em “apenas” R$ 3,00 haverá em 2011, um subsidio de R$ 743 milhões; em Manaus o Estado isenta o ICMS do diesel e o IPVA para ônibus, aqui não temos nenhuma ajuda do governo de Rondônia para o transporte público municipal”, destacou.
Participaram da reunião os representantes dos sindicatos dos taxistas, trabalhadores rodoviários, vigilantes, bancários, motoristas e cobradores, dos estudantes, das telefônicas, terceirização entre outros e membros da CUT.