O senador eleito Ivo Cassol (PP) quer, a todo custo, fazer o deputado Valter Araújo (PTB) presidente da Assembléia Legislativa de Rondônia, mas não terá apoio nem do atual presidente, Neodi Carlos de Oliveira (PSDC), seu velho ex-aliado e afilhado político, que pleiteia permanecer no cargo. Nos bastidores, Neodi já se movimenta em busca de votos dos colegas recém-eleitos e dos que permaneceram na Assembléia.
Neste domingo, após ser confirmado como novo governador de Rondônia, Confúcio Moura, do PMDB, imprimiu um novo tom às discussões em torno da troca de comando do Poder Legislativo Estadual. "Gostaríamos que todos fossem conversando, sem citar nomes, para que lá na frente seja montada uma chapa que acomode de oito a dez membros da nossa aliança".
Valter Araújo se reelegeu deputado estadual para o segundo mandato como o mais votado, com 22.186 votos.Outro reeleito que também está de olho na cadeira hoje ocupada por Neodi é Jesualdo Pires (PSB), que obteve 18.358 votos.
Além desses dois, foram reeleitos Lebrão (15.980 votos), Luizinho Goebel (15.510), o próprio Neodi (15.401), Luiz Cláudio da Agricultura, “fiel escudeiro” do senador eleito Ivo Cassol” (14.432); Euclides Maciel (11.511), Valdivino Tucura (9.684) e Edson Martins (8.345), este último, membro do PMDB e ligado ao senador Valdir Raupp.
Da atual legislatura, não foram reeleitos Tiziu Jidalias, que concorreu ao cargo de vice-governador na chapa do governador João Cahulla (PPS); Ezequiel Neiva, acusado de trair os policiais militares, Néri Firigolo, do PT de Cacoal; Miguel Sena, homem de confiança de Ivo Cassol; Professor Dantas (PT), Maurão de Carvalho, que sempre misturou a vida de comerciante-empresário com a atividade parlamentar; Kaká Mendonça, que estava no terceiro mandato; Jair Miotto, Maurinho Silva, Amauri dos Muletas e , Daniela Amorim. No total, 16 parlamentares deixarão a Assembléia a partir do início do próximo ano.
OS NOVOS.
Eles serão sucedidos pelo vereador de Porto Velho Zequinha Araújo, do PMDB, o segundo mais votado, com 20.900 votos; Glaucione Néri, de Cacoal (15.822); Jaques testoni, irmão do prefeito de Ouro Preto do Oeste, Alex Testoni (13.993); Jean Oliveira, filho do ex-presidente da Assembléia Legislativa de Rondônia, Carlão de Oliveira (12.604 votos); Marcelino Tenório (12.025), Lorival Amorim (11.218), José Hermínio, do PT, atual presidente da Câmara de vereadores de Porto Velho (9.741); Epifânia Barbosa, do PT, afilhada política do prefeito de Porto Velho, Roberto Sobrinho (8.521); Adelino Follador, amigo de longa data do governador eleito Confúcio Moura (8.140) e também citado como nome forte para suceder Neodi; Saulo da Renascer (7.928), Ribamar Araújo, do PT, que vive às turras com seus colegas de partido e só ganhou a legenda para disputar a eleição porque os petistas acreditavam que ele seria derrotado nas urnas (7.292); Davi Chiquilito, que já chegou à Assembléia perseguindo colegas de partido e ameaçando expulsar do PC do B quem não o apoiou (6.664); Edivaldo Soares da Band (6.646), Ana da 8 (5.475) e o lanterninha da disputa eleitoral Flávio Lemos (4.285).
CASSOL DEU AS CARTAS, MAS NÃO MANDA MAIS NADA.
Durante os últimos quatro anos, o então governador Ivo Cassol deu as cartas na Assembléia legislativa, aprovando tudo o que desejasse. Contou para isso com a fidelidade canina de Neodi Carlos, que agora quer ver o ex-governador bem distante do Legislativo estadual.
Para justificar sua traição a Ivo Cassol, que o manteve no cargo de presidente da Assembléia por quaro anos, Neodi anda espalhando que foi “sacaneado” no interior do Estado na disputa eleitoral.
A "TRAIRAGEM" COMEÇOU
A traição começou na campanha de Cahulla, com uma debandada dos comandados de Neodi no PSDC, que passaram a trabalhar para Confúcio Moura tão logo as pesquisas mais confiáveis indicavam a vitória do peemedebista. Entre os que viraram a casaca por ordem de Neodi está o vereador Carmozino, presidente da Câmara de Vilhena.
Por ordem de Neodi, os cabos eleitorais do PSDC passaram a pedir votos para Confúcio.
A desculpa de Neodi para a traição a Ivo Cassol é de que o ex-governador e senador eleito não investiu nas candidaturas a deputado estadual dos partidos da base do Governo, prestigiando apenas Valter Araujo, Carlinhos Camurça, Kaka Mendonça e Valdivino Tucura. Cassol teria deixado de lado Neodi, Brito do Incra e Glaucione , todos do PSDC. Mas como Kaka e Carlinhos não conseguiram se eleger, agora Cassol está apostando em Valter Araújo para presidente. Na semana passada, véspera do segundo turno, Cassol teve uma surpresa: quiz fazer comício em Machadinho, colégio eleitoral de Neodi, e recebeu um não bem sonoro. Rei morto, rei posto.