Ser político, no Brasil, não é tarefa das mais espinhosas, como muitos apregoam em suas encenações teatrais. Caso contrário, não teríamos tantos pretendentes brigando para chegar à Assembléia Legislativa de Rondônia. E assim quem está fora quer entrar e quem está dentro não quer ceder lugar. Prova de que as cosias não são tão ruins. São tantos candidatos, que alguns eleitores acabam entrando em parafuso.
Já disse alguém, contudo, que o poder é fascinante. E ocupar uma das vinte e quatro cadeiras existentes na ALE é algo, digamos, indescritível. Um sonho acalentado por muitos. Você sabe quanto ganha um deputado estadual, para trabalhar (?) três vezes por semana? Nem eu.
Pois é. Fala-se em mais de cem mil reais por mês, incluindo-se, aí, além do subsídio, um rosário de benesses, que vai desde auxilio moradia, passando por cotas de telefone, passagens aéreas e combustível, diárias, até 13º salário. Um detalhe: para ser deputado, o cidadão não precisa ter nenhum grau de instrução. Basta ser maior de idade e saber rabiscar o nome.
E quanto ganha um médico, você sabe? Menos de dez mil reais, para trabalhar cinco dias por semana, inclusive sábado e domingo. Isso depois de freqüentar uma faculdade durante seis anos ou mais, sem direito a nenhum tipo de mordomia.
Se o político integrar à tropa de choque do dirigente de plantão, ainda tem direito a indicar parentes e cabos eleitorais para funções de confiança e cargos comissionados na administração, independente do grau de escolaridade, experiência acumulada, idoneidade moral, dentre outros requisitos, e, de quebra, ainda consegue descolar um contrato para ajudar um empresário amigo, que sempre lhe estendeu a mão, durante a campanha eleitoral, com o dinheiro pilhado dos cofres públicos, por meio de obras superfaturadas.
Não satisfeitos com as mansões e fazendas, os carrões e os barcos modernos e sofisticados, adquiridos sabe-se Deus lá de que maneira, muitos ainda inventam cursos de qualificação, que só existem no papel, para engordarem suas já polpudas contas bancárias e fazerem turismo com a família, os amigos e o cachorro de estimação, como mostrou, recentemente, um programa de televisão, em rede nacional.
Depois, quando são abatidos, nas urnas, ainda reclamam, dizendo que o povo é ingrato, que não soube reconhecer o seu trabalho e outras tantas baboseiras, que causam asco. Alguns chegam a chorar, copiosamente, em frente às câmeras de televisão. No fundo, são uns artistas, nada devendo a atores de novelas. Se bem que é uma afronta comparar essa gente com profissionais talentosos, admirados e respeitados, mas, fazer o quê!
Entretanto, como em todos os segmentos da sociedade, há os bons e os maus. Na política também é assim: há bons e maus políticos. Por isso, não podemos generalizar, para não cometer o erro de colocar no mesmo saco de gatos bons e maus. Estes, por serem muitos, acabam ofuscando o trabalho sério e edificante produzido pela minoria, os bons.