Obediência
A seleção japonesa passou por Camarões graças a um sério compromisso tático, muita disciplina e um bocadinho de sorte. E isso aconteceu em vários outros jogos. A Copa de poucos gols é pragmática, fechada, com pouca novidade tática e quase nenhuma técnica até aqui. Até mesmo os times africanos entraram nessa. Seus treinadores europeus fizeram de equipes que davam show, times frios e calculistas. Para a África, até aqui, o resultado é péssimo. Só Gana venceu. A equipe de Parreira não tem um treinador europeu e quase venceu seu jogo. Ficou no empate por qual razão? Um a zero estava bom...
Quem diria
A exceção é, incrível dizer isso, a seleção alemã. Como seu próprio capitão definiu, é a Alemanha mais talentosa dos últimos anos. Resta saber se era isso mesmo que o treinador havia preparado, ou se foi algo que ocorreu em função de vários desfalques, que o obrigaram a investir em novos talentos e também a improvisar. A mais talentosa é também a Alemanha mais jovem, com média de 24 anos. Você pode até dizer que venceu uma seleção fraca, a da Austrália. Concordo. Mas existem várias maneiras de se ganhar de um time frágil. Os alemães mostraram a maneira bonita de se fazer isso.
Decepção
Ainda é cedo para se falar em frustração com essa ou aquela seleção. Claro que esperávamos mais da Holanda. Mas a Laranja pegou um adversário antigo e rival histórico, a Dinamarca. Estreia assim não pode ser tão cobrada. O mesmo pode se dizer da Inglaterra e da Argentina. Não mostraram nada de mais, mas também não deram sinal de que tem algo de menos. Numa Copa de pouco brilho, qualquer flash pode ser decisivo.
É o Brasil
Independentemente disso o Brasil joga sua primeira partida contra uma equipe fraca. Tudo bem que a Coreia do Norte aposta na força e na concentração e acredita que pode surpreender. Tem a seu favor o fato de que vive isolada e ninguém conhece seu futebol? Não vejo assim: é ponto a favor do Brasil. Um time que não saiu das fronteiras, deve ter muito pouco a oferecer e aprontar. É para golear. Menos que isso será preocupante. Ainda mais depois de tanto segredo nos treinos de Dunga.
Bastidores
Confusão entre trabalhadores e polícia por falta de pagamento mostra mais um pouco do lado avesso da Copa. Lindos estádios e grandes obras, mas muita gente insatisfeita num retrato de pais pobre que deseja sair dessa e fazer bonito. Torço para que a competição traga bons retornos para a gente daquele país. Mas não às custas de corrupção e injustiça.
Eita!
A Jabulani pode até ser inocente, mas que Copa é essa? Frangos históricos, gol contra esquisitíssimo e lances bizarros, marcaram a primeira rodada do Mundial. Disse eita, na abertura do texto, porque é também interjeição de espanto no linguajar diário da África do Sul. Eita, vamos falar bastante isso nos próximos dias.