Secretário Jair Ramires usa tribuna da Câmara para tecer loas ao chefe - Por Valdemir Caldas

Fiel ao estilo bonachão, do tipo que fala escorrendo saliva pelo canto da boca, Jair voltou-se contra os proprietários de terrenos baldios, que mantém extensas áreas de terras intactas

Secretário Jair Ramires usa tribuna da Câmara para tecer loas ao chefe - Por Valdemir Caldas

Foto: Divulgação

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Terça-feira (1) teve entrega de títulos no plenário da Câmara Municipal de Porto Velho. Os agraciados foram os empresários João do Vale Neto e Ayres Gomes do Amaral Filho.
 
A concessão dos títulos foi aprovada em 2006, a partir de uma proposta do então vereador Jair Ramires, atual Secretário Municipal de Serviços Básicos (SEMUSB).
 
Coube à simpática vereadora Mariana Carvalho (PSDB), no entanto, a tarefa de desenterrar o cadáver legislativo. Restar saber, porém, se a pedido dos homenageados, ou de algum tucano influente, ou, então, do próprio Jair.
 
Depois que todo mundo falou, foi a vez de Jair. E ele falou...! E falou...! E falou...! O problema era conseguir concatenar as idéias.
 
Jair falou tanto, que se tornou inconveniente. Cansada de ouvir tanta baboseira, a vereadora Ellis Regina chegou a pedir ao presidente para admoestá-lo.
 
Jair foi autêntico do começo ao fim de sua fala. Repetiu a mesma cantilena enfadonha que se tornou seu mantra preferido, ou seja, endeusar seu ex-arquiinimigo político e atual chefe Roberto Sobrinho e atacar os que discordam do jeito nada convencional de o prefeito administrar a cidade.
 
Em vez de tentar justificar os motivos que o levaram a homenagear os dois pecuaristas, com a honraria máxima concedida pela Câmara Municipal, Jair preferiu enveredar pelo caminho do ridículo e do caricato mais vulgar.
 
Primeiro investiu contra o Ministério Público Estadual por haver impedido a realização da cavalgada, certamente, para agradar os promotores do evento, dentre eles Ayres e Durval. Depois, apontou o dedo na direção dos críticos da administração Sobrinho, referindo-se a jornalistas que, segundo ele, “não conhecem a cidade e ficam escrevendo bobagens”.
 
Fiel ao estilo bonachão, do tipo que fala escorrendo saliva pelo canto da boca, Jair voltou-se contra os proprietários de terrenos baldios, que mantém extensas áreas de terras intactas, para fins especulativos. Só não disse o que a prefeitura e a SEMUSB vêm fazendo para resolver o problema.
 
Ecológico, criticou os que emporcalham a cidade e sugeriu que os moradores da capital substituíssem o capim defronte às suas casas por árvores. E desafiou: “vamos continuar plantando árvores, custe o que custar”. Só não se arriscou a pronunciar a palavra grama.
 
Quem se acostumou a testemunhar o comportamento agressivo do então vereador Jair Ramires contra a administração do petista Roberto Sobrinho, vê-lo, hoje, derramar loas ao prefeito, soa quase sem sentido.
 
Jair é considerado por muitos como um homem de temperamento explosivo. Acusam-no de haver espatifado o joelho de um gari só porque o cidadão teria desobedecido a uma ordem sua.
 
Na Câmara, ele era temido por colegas, mas evitava o confronto aberto com o então deputado estadual Paulo Moraes, marido da então vereadora e presidenta da Casa, Sandra Moraes. Quando o clima esquentava, Sandra chamava Moraes para acalmar os mais exaltados. Durante os mais de quarenta minutos que ficou na tribuna, Jair se preocupou apenas em tecer loas ao chefe Roberto Sobrinho, relegando os homenageados a um plano secundário. 

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