MPF de Rondônia denuncia 24 envolvidos em imigração ilegal de chineses

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Foto: Divulgação

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O Ministério Público Federal em Rondônia (MPF/RO) denunciou 24 envolvidos em uma organização criminosa internacional especializada no aliciamento e tráfico de chineses para fins de exploração. A denúncia do MPF foi feita pelos procuradores da República Heitor Alves Soares e Ercias Rodrigues de Sousa, e refere-se à quadrilha desarticulada durante a Operação Da Shan, realizada no dia 22 de maio, em que 14 pessoas foram presas em Rondônia, São Paulo e Pernambuco. Os acusados responderão por introdução irregular ou clandestina de estrangeiro no país, falsificação de documentos, aliciamento de trabalhadores para fins de exploração e lavagem de dinheiro. Estes crimes têm penalidades que variam de um a oito anos, cada.
 
 
As investigações da Operação Da Shan tiveram início em setembro do ano passado. Durante as investigações, foram realizadas prisões em flagrante de chineses tentavam embarcar no aeroporto de Porto Velho (RO) com documentos falsos ou viajando pela BR-364, junto com “coiotes”, pessoas que facilitavam a entrada ilegal. Constatou-se a partir de trabalho de inteligência e de monitoramento telefônico, realizados pela Polícia Federal, a existência de uma organização criminosa de caráter estável e permanente, com ramificações em diversos estados brasileiros e no exterior, e que tinha por finalidade trazer chineses, notadamente da cidade de Fujian (China), para a cidade de São Paulo, local em que trabalhariam em condições sub-humanas, análogas às de escravo.
 
 
Na época, os documentos aprendidos com os chineses deram a rota do transporte clandestino: eles partiam de Fuzhou, capital de Fujian, na China, rumo a Pudong, distrito de Shangai, passavam por Amsterdã, na Holanda, depois entravam no continente americano por Guayaquil, no Equador. Os documentos apreendidos na investigação revelaram que os chineses entravam no território equatoriano por meio de pedido ao Cônsul-Geral do Equador em Pequim (China), solicitando autorização para irem ao Equador na condição de comerciantes.
 
 
Em seguida, os chineses iam para as cidades de Lima, Arequipa e Puno, no Peru. De lá, seguiam por via terrestre, até chegarem à Bolívia, ingressando em solo brasileiro através do município de Guajará-Mirim (RO), de onde eram transportados até Porto Velho e depois para a cidade de São Paulo. Um dos 'coiotes' afirmou em depoimento que “todos eles sabem que vão trabalhar arduamente e em condições subumanas em São Paulo”.
 
 
O transporte de Rondônia até São Paulo era feito, na maioria dos casos, por via terrestre. Segundo a denúncia, os chineses eram transportados como mercadorias, sem direito a parar para as refeições, de forma degradante e desumana. As mulheres chinesas eram obrigadas a transportar seus documentos dentro de suas peças íntimas.
 
 
Um grupo de “coiotes” que agia em Rondônia foi identificado e apurou-se que alguns deles agiam a mando de uma paraguaia chamada Hilda Beatriz Goiri, com atuação principalmente na Bolívia e Paraguai. Antes da Operação Da Shan, Hilda já havia sido presa em flagrante no começo deste ano, quando entrou no Brasil pela fronteira de Foz do Iguaçu (PR), transportando chineses ilegalmente.
 
 
O chinês Zhu Ming Wen, conhecido como Toni, foi identificado pela Polícia Federal como o líder da quadrilha. Ele mora em São Paulo (SP) e tem visto permanente no Brasil. Há fortes indícios de que ele também atue na área do contrabando, com o transporte de mercadorias, via aérea, de São Paulo para Recife (PE).
 
 
A hierarquia da quadrilha era em quatro níveis: na base estavam os 'coiotes', que transportavam os chineses de Rondônia a São Paulo; no segundo nível existiam os gerentes dos 'coiotes', que comandavam os primeiros e eram os intermediários; no terceiro nível ficavam os articuladores internacionais, com a paraguaia Hilda; no topo estava o chinês Zhu Ming Wen, que controlava a chegada dos estrangeiros na cidade de São Paulo. A quebra do sigilo fiscal identificou incompatibilidade entre os ganhos declarados e o padrão de vida ostentado por Toni, dono de três veículos, imóveis e empresas.
 
 

Os denunciados são Zhu Ming Wen, conhecido como Toni (de São Paulo); Luiz Marcelino da Silva, Eucir Soares Ramires, Ucir Soares Ramires, Manuel Gomes da Silva, Dilberto Pereira Lima, Maria José de Oliveira, Maria de Jesus de Oliveira, Marilene do Carmo Silva, Vanildo do Carmo Silva, Cláudio Roberto Ferreira, Nelinho Carvalho da Silva, Gilson Alves da Silva, Francisco Saraiva de Assis Filho, Rita do Carmo Silva, Liliane Araújo de Freitas Nascimento, Dinermam Gadelha Farias, Ronildo Costa, Romildo Costa, Leziane Padro Correa (Porto Velho); Nilcélia Paulina Vieira Gonçalves, Reginilson Oliveira Marques (Ji-Paraná); Elias Lopes Medeiros, Paulo Vasques (Guajará-Mirim); e Hilda Beatriz Goiri Garrido (custodiada na penitenciária feminina da cidade de São Paulo).

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