São constantes as notícias envolvendo nomeações de cabos eleitorais fantasmas para o serviço público, o que chega a ser espantoso, sobretudo quando se sabe que o país enfrenta uma tremenda crise financeira.
A revista Veja desta semana, informa que um senador paraibano teria contratado cinqüenta e dois apaniguados políticos para trabalharem (?) como assessor parlamentar. O problema é que os nomeados nunca colocaram os pés em Brasília, mas receberiam religiosamente seus polpudos salários, pagos com o dinheiro do contribuinte.
Agora mesmo, chega à notícia de que os deputados estaduais Miguel Sena e Valter Araújo, juntos, manteriam, em seus gabinetes, mais de cento e setenta apadrinhados políticos. Araújo garante que todos os seus assessores trabalham. Difícil é acreditar como os parlamentares conseguem acomodar tantos colaboradores em espaços tão minúsculos.
Insensíveis ao que ocorre ao redor de si mesmos, os ditos representantes do povo rondoniense parecem não perceber as graves seqüelas que poderão advir dessa conduta mesquinha para com os recursos públicos, ignorando-os, consciente ou inconscientemente, as agruras por que a população, especialmente os setores mais desvalidos.
O que se passa nas cabeças desses senhores é algo que a ninguém é dado concluir, tais são as complexidades de um pensamento assim, de homens que não enxergam além dos próprios umbigos.
É claro que Sena e Araújo são os únicos, nem os primeiros, a entupirem seus gabinetes com cabos eleitorais e aliados políticos, mantidos com o suado dinheiro do contribuinte rondoniense, resultante de um cipoal de impostos, taxas e contribuições.
Repare-se o caso do senador paraibano. Mas há outros colegas seus em situação análoga, cujos nomes já são de conhecimento público. Alguns, inclusive, representantes do Estado de Rondônia, que, segundo informações, insistem em manter parentes em seus gabinetes, mesmo contrariando a lei anti-nepotismo.
Em passado não muito distante, a folha de pagamento da ALE foi alvo de uma devassa, por parte da Polícia Federal, que, dentre outras coisas cabeludas, descobriu um duto por meio do qual dinheiro público era canalizado para os bolsos de parasitas.
É deplorável que coisas dessa natureza acontecem exatamente no âmbito de um poder que deveria ser a caixa de ressonância dos clamores sociais. Lamentavelmente, o esforço para reverte esse quadro medonho está mais presente nas palavras que na conduta.
Não é por isso que nos devamos exonerar da obrigação de cobrar dos poderes constituídos, como o altaneiro Ministério Público Estadual, que se debrucem sobre os fatos denunciados.