O comissariado da Infância e Adolescencia interrompeu na última sexta-feira, 20, o show da dupla sertaneja Jorge e Matheus, que aconteceu no Parque de Exposições em Porto Velho. Os comissários encontraram três menores no local do evento quando faltava apenas seis músicas para o término do show. Com a chegada dos comissários, os responsáveis pelo evento encurtaram a apresentação em função de situações ocorridas anteriormente. Identificados como Ricardo e Azamor, os comissários deram voz de prisão ao empresário José Joaquim (Zezinho do Maria Fumaça) e determinaram que o mesmo encerrasse o show naquele momento. Zezinho argumentou que já havia solicitado a redução das músicas que seriam executadas e que faltava apenas a que estava sendo tocada naquele momento e não fazia sentido encerrar pela metade. Os comissários, acompanhados de Zezinho subiram ao palco e pediram ao produtor da dupla, Cosme Santana que o show fosse encerrado imediatamente.
O produtor também argumentou que o show estava acabando, pois a última música estava na metade. O comissário identificado como Azamor deu voz de prisão ao produtor da dupla e ameaçou prender os cantores caso não fosse atendido imediatamente.
“Em 13 anos de carreira nunca aconteceu nada parecido. E olha que nós já rodamos o País quase todo”, disse o produtor.
O empresário Zezinho do Maria Fumaça disse que “ficamos atônitos com a atitude do comissariado. O evento transcorria dentro da normalidade, tranquilo e não havia necessidade dessa interrupção, até porque faltava apenas a metade da última música”, disse Zezinho.
O empresário também alegou que esse tipo de comportamento por parte do comissariado está gerando uma antipatia por parte dos músicos com Porto Velho, “tivemos problemas igual no show do Djavan e do Zé Ramalho. Ambos já declararam que não retornam a Porto Velho por causa desses transtornos. Espero realmente que o comissariado passe a ser mais racional nessas questões. A impressão que fica é que eles querem demonstrar força durante os eventos, forçando paralisações e ameaçando a todos com prisão”, desabafou o empresário.
Reação do público
Em função da interrupção as pessoas que estavam no local ficaram revoltadas e começaram a vaiar os comissários. O empresário Zezinho do Maria Fumaça disse ao microfone que o show estava sendo interrompido pelo comissariado na melhor parte, mas que infelizmente tinha que obedecer ao que estava sendo imposto pelos oficiais. Zezinho disse ainda que “se continuar dessa maneira, os grandes eventos de Porto Velho vão passar a não existir porque não somos bandidos. Geramos emprego e promovemos a cultura na Capital”.
Dificuldades na realização do show
O empresário Zezinho do Maria Fumaça havia protocolado no dia 13 de março um pedido de alvará para permanência de menores acima de 16 anos acompanhados com pais ou responsáveis. Passados sete dias, o empresário foi até o juizado da Infância e Adolescência e foi informado que deveria detalhar o pedido, com horários e com as atrações que iriam se apresentar. No mesmo dia foi protocolado no juizado, um documento reiterando o horário que já havia no pedido anterior e informando a ordem do evento, pré-show com a dupla Jonas e Jairo, das 21 às 23 horas e show da dupla Jorge e Matheus, das 23h40min às 01h40min. No documento, Zezinho argumentava que “o juiz substituto Dr. Marcos Vinicius que atuou nesse juízo em outras oportunidade já concedeu a tolerância até às 2 horas da manhã, bem como a suspendendo a prisãode promotores de eventos acompanhando decisões do juizado especial criminal, já que as mesmas são sempre arquivadas. Isso foi tratado por meio de um ajustamento de conduta realizado juntamente com o Ministério Público do Estado, onde atuaram os Promotores Dr. Marcelo e Dr. Valdemir”.
Mesmo assim, o alvará foi indeferido. A juíza alegou que o pedido foi protocolado a destempo, ou seja, deveria ter sido feito em dez dias e foi feito em oito. Também afirmou que havia uma “dissonância entre a divulgação de horários do evento em relação aos ingressos”.
O empresário Zezinho do Maria Fumaça alega que entrou com o pedido oito dias antes e a juíza tem quarenta e oito horas para despacha o pedido, seja ele positivo ou negativo, porque só às 17h30min do dia 20 que nós fomos informados sobre essa decisão faltando poucas horas para o evento?”, questiona o empresário.
Zezinho também disse que “o juiz titular, Dr. Enio, que atualmente está corregedoria, tinha coerência e bom senso, quando os comissários pegavam um menor em um evento, levava-se o menor para casa, fazia o auto de infração, designava uma audiência com os promotores de eventos e os pais do menor e nas decisões as multas eram aplicadas para os pais, que eles sim, são responsáveis pelo bem estar de seus filhos”. E continuou, “eu duvido que em um evento acima de 4 mil pessoas, seja possível fiscalizar a todos. Os menores utilizam documentos falsos para entrar e quando são abordados pelos comissários, alegam que na portaria não foi exigida a documentação. Essa é uma forma que eles conseguem burlar a nossa segurança que é cada vez mais severa com essa fiscalização.
APERO
A Associação de Promotores de Eventos de Porto Velho – APERO – solicitou uma audiência com a juíza Inês Moreira da Costa Juíza da Infância e Juventude, para que possa buscar um consenso, pois da forma que está não dá para continuar e temos certeza que vamos buscar a melhor solução para o impasse, explicou o empresário Zezinho. Ele disse ainda que “pretende convidar a magistrada para assistir a um evento promovido por sua empresa para que a mesma possa tirar suas próprias conclusões, porque atualmente os comissários tem uma implicância com os promotores de evento, devido ao longo tempo de convivência. A juíza Inês Moreira é uma pessoa sensata e vai resolver essa situação da melhor forma possível, porque nao podemos perder os grandes eventos na Capital, pois é dessa forma que contribuimos para economia local, gerando emprego, renda e acima de tudo, cultura para essa população que não tem grandes opções”, finalizou Zezinho.