As primeiras notícias sobre o carnaval portovelhense, ainda que não surpreendam, devem preocupar as autoridades da segurança.
Informações dão conta de que, por enquanto, foram registradas mais de quarenta ocorrências, com as agressões liderando o ranking do carnaval sangrento.
A cada ano, o período carnavalesco marca considerável aumento na quantidade de delitos de várias modalidades. A euforia inconseqüente, o consumo exagerado de álcool e outros tipos de produtos levam cidadãos considerados pacatos a praticar toda sorte de loucura.
Por isso, é dever das autoridades (e elas têm consciência disso) prepararem-se para reduzir a incidência de episódios que afligem a população e, conseqüentemente, podem comprometer a alegria do folião.
De uns tempos para cá, a capital vem experimentando o aumento nos índices de violência. É claro que isso não ocorre apenas durante o período momesco.
Ao longo do ano, se tem verificado tanto o crescimento nos números que registram a criminalidade, quanto o aparecimento de certos delitos, anteriormente, digamos, não muito freqüentes nos livros policiais.
Não se tem dúvida, porém, de que a facilidade com que se adquire uma arma de fogo concorre em muito para que a situação apresente os contornos abusivos que hoje se observa.
Apertar o cerco ao comércio de armas, procurando reduzir significativamente a ocorrência de crimes, não resolveria o problema, como muitos pensam.
Condição necessária, essa não parece ser a única, nem a suficiente, para que a sociedade experimente sensação de maior tranqüilidade e segurança.
O problema maior, no período de carnaval, é a dificuldade que tem a polícia para identificar os infratores que têm maior responsabilidade no incremento da violência. E por razões óbvias.
Poucos são os delinqüentes apanhados e castigados, como manda a lei. A maioria, porém, continua a gozar da liberdade que se julga um direito dos cidadãos que se comportam de acordo com as normas legais.
Por outro lado, o deslocamento de parte expressiva do aparelho policial para os locais onde acontecem os folguedos populares, acaba deixando certas áreas da cidade praticamente entregues de pés e mãos amarrados aos marginais, enquanto se tenta prevenir infrações noutros bairros.
Os foliões portovelhenses têm até quarta-feira para afogar as mágoas. Depois, é preparar-se para a dura realidade. Nos últimos meses, a administração Roberto Sobrinho tem sido alvo de denúncias graves, que a comprometem de morte. Mas poucos são os que revelam interesse pelo assunto. A maioria quer, mesmo, é brigar o carnaval.
Pedir mais das autoridades policiais não parece o mais adequado, tantas são as carências e tão abrangentes as ações que devem ser empreendidas. A saída é apelar aos brincantes para que mantenham a calma e divirtam-se dentro da lei, sem a necessidade de roubar a paz ou a vida dos seus semelhantes.