Os vestígios de populações pré-cabralinas encontradas na área da cachoeira de Santo Antônio, durante estudos para implantação do canteiro de obras para construção da usina hidrelétrica, ficarão no Estado de Rondônia. Esta é a intenção comunicada à Imprensa em entrevista coletiva realizada na manhã desta quinta-feira pelo reitor da Universidade Federal de Rondônia, Januário Amaral e pelo representante da Madeira Energia S/A – MESA, engenheiro Acyr Gonçalves.
Os sítios arqueológicos já haviam sido identificados em estudos anteriores e agora, com a necessidade da construção da barragem, estão sendo resgatadas peças para posterior análise e datação da época a que pertenceram. Há muito fragmentos de cerâmica e urnas, aparentemente, funerárias.
Segundo o gerente de Sustentabilidade da MESA, Acyr Gonçalves, cerca de 60 pessoas estão trabalhando na área onde será construído o canteiro de obras da UHE Santo Antônio, na margem esquerda do Rio Madeira, com dois mil hectares, desde maio deste ano e onde foram identificados seis sítios arqueológicos, cujos vestígios encontrados foram resgatados. São os sítios denominados Veneza, Campelo, Garbim, Igarapé do Engenho, Catitu e Novo Engenho Velho. Também foi identificado o sítio arqueológico Sítio do Brejo, na margem direita e Sítio da Ilha, na Ilha Grande, ou do presídio.
O reitor Januário Amaral explicou que a Unir está se preparando para criar um curso de Arqueologia, com vestibular previsto para maio de 2009 e estará publicando edital para contratar arqueólogos. O MEC já teria destinado um milhão de reais para o projeto. “Mas não é o suficiente para montarmos os laboratórios. Vamos precisar do apoio das concessionárias das usinas do Madeira e de outros empreendimentos que estão chegando a Rondônia”. Januário disse ainda que já há um espaço que deverá receber adaptações para servir para estudar , guardar e expor à visitação pública as peças que já foram e que serão resgatadas nos próximos anos, durante a formação do reservatório das barragens.
Januário disse ainda que está sendo montado um projeto para ser apresentado ao Iphan – Instituto Nacional de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional para que seja autorizado à Unir a guarda das peças arqueológicas que forem identificadas nos diversos sítios. “Estamos trabalhando no projeto executivo para apresentar ao Iphan, que tem a palavra final”.
Para Acyr Gonçalves, já há tratativas para que a Unir tenha condições de receber o material coletado “tanto para pesquisa, como para a exposição ao público. O nosso interesse é que esse material fique no Estado de Rondônia”.
1 – A Madeira Energia S/A – MESA cumpre os Programas de Salvamento da Arqueologia pré-histórica e histórica determinados pelo IPHAN, tendo a empresa Scientia Consultoria Científica, já devidamente registrada junto ao Iphan, já liberado praticamente toda área do Canteiro de Obras;
2 – As peças resgatadas na área do Canteiro de Obras estão sob a guarda da empresa Scientia Consultoria Científica, devidamente autorizado pelo Iphan;
3 – Nenhuma peça resgatada será retirada do Estado de Rondônia; elas ficarão sob a guarda provisória da Scientia até que se defina o local definitivo para preservação do material;
4 – As peças da extinta Estrada de Ferro Madeira-Mamoré, retiradas do trecho onde estão sendo realizadas as obras para construção das ensecadeiras da Usina Hidrelétrica
Santo Antônio na margem direita foram catalogados e estão guardados na área interna do Casarão, até que o Iphan determine outra destinação;