ARTIGO – Dia da Consciência Negra - Wagner de A. Januário*

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Foto: Divulgação

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O dia 20 de novembro foi escolhido para ser comemorado o Dia da Consciência Negra como forma de conscientizar e manter viva não só na população afro-brasileira, mas toda a sociedade no que tange à discriminação que ainda anda tão presente aqui no Brasil, embora muitos teimem em não querer aceitar este fato, pois a discriminação hoje encontra-se camuflada nas mais variadas formas e cometidas pelos mais diversos setores da sociedade, até mesmo por aqueles que deveriam fiscalizar a ocorrência de fatos desta natureza.

Foi nesta data 20 de novembro, mas em 1695 que morreu Zumbi, líder dos Palmares, tendo representado a mais forte e resistente comunidade de escravos que lutou pela liberdade de forma heróica e sofrida, contra a escravidão no período do Brasil - Colônia.

Somos sabedores que a maior parte do trabalho no Brasil foi realizada por mão-de-obra escrava por mais de 350 anos, tendo nós negros além de sustentarmos a economia nacional ajudado e contribuído de forma significativa a enriquecer também a nossa cultura.

Hoje já representamos quase metade da população brasileira, e a influência dos afro-brasileiros está presente não só na economia, mas também de forma diferenciada na música, na dança, na língua, na culinária e no folclore rico em diversidade.

Cansados do paternalismo, da bondade, da misericórdia como tenta demonstrar a história de como se deu a abolição da escravatura em 1888, mais precisamente em 13 de maio, através de um possível ato humanitário da princesa Isabel, para o historiador Flávio Gomes, do Departamento de história da UFRJ, a escolha de 20 de novembro foi muito mais do que uma simples oposição a 13 de maio, para ele “os movimentos sociais escolheram essa data para mostrar o quanto o país está marcado por diferenças e discriminações raciais. Foi também uma luta pela visibilidade do problema. Isso não é pouca coisa, pois o tema do racismo sempre foi negado, dentro e fora do Brasil como se não existisse”.

Certamente que só temos uma maneira de construirmos a história, a verdadeira história, é preservando sua memória, é conscientizando e fazendo uma reflexão da importância da cultura e do povo africano na formação da cultura nacional, pois apesar da abolição ter ocorrido somente em 1888, os negros jamais aceitaram isso pacificamente, resistiram e lutaram contra a opressão e as injustiças advindas da escravidão o tempo todo com as armas e maneiras que possuíam.

No caso de Palmares, por exemplo, esta resistência durou por aproximadamente cento e quarenta anos.

Esta data foi comemorada pela primeira vez no ano de 1971, mas somente em 2003, através de projeto-lei tornou-se definitivamente uma data oficial, tanto que aproximadamente hoje, 250 municípios brasileiros adotam este dia, como feriado municipal.

Hoje é necessário que todos os afro-brasileiros tenham orgulho de ser NEGRO, pois não somos marrons e nem furta cor, nem camaleão, nem moreno claro e nem moreno escuro. Eu pelo menos tenho orgulho de ser NEGRO.

O primeiro ministro italiano Silvio Berlusconi foi de uma infelicidade total ao dizer dias atrás que Barack Obama era jovem, bonito e “bronzeado”. Barack Obama não é bronzeado é negro e durante toda a campanha presidencial americana fez questão de ressaltar o orgulho de ser negro.

Camaleões são alguns medíocres de nossa sociedade que disfarçados nas formas mais vis e abjetas, ainda continuam a ser racistas, ainda continuam querer impor seus desejos através de imposição da lei do mais forte sobre o mais fraco, que ainda não admitem os negros assumirem cargos de posição e de relevo ou de freqüentarem uma Universidade, nesta sociedade que tanto ajudamos econômica quanto culturalmente, que muita das vezes escorados nas leis com objetivos escusos, ainda assim praticam acintosamente de forma covarde perseguições e intolerância racial.

Esta é uma data torno a repetir para meditação, conscientização, reflexão. Precisamos entender que a desigualdade no Brasil tem cor, nome e história. “Esse não é um problema dos negros no Brasil, mas sim um problema do Brasil, que é de negros, brancos e outros mais” conforme avalia o historiador Flávio Gomes.


* Wagner de A. Januário, Delegado de Polícia Civil, professor de Teoria Geral do Processo e Processo Penal no Curso de Direito da Farol, Mesc. em Direito Internacional.


 
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