Poucos dias se passaram desde que a 1ª Vara da Fazenda Pública de Porto Velho concedeu liminar vetando o deputado estadual Chico Paraíba, escolhido por seus pares, para ocupar uma cadeira no Tribunal de Contas do Estado, um novo escândalo envolve a Assembléia Legislativa de Rondônia.
Agora, é o presidente da Casa, deputado Neodi de Oliveira, que é acusado de queimar mais de trezentos e quarenta mil reais, com doações a associações rurais e distribuição de mimos a eventos os mais variados, segundo noticia veiculada no jornal eletrônico Tudorondonia.
A sociedade parece já ficar na expectativa de que, a cada semana, nova trapalhada aconteça, envolvendo aquele poder ou alguns dos seus membros.
Ao tempo em que o deputado Carlão de Oliveira era presidente da ALE, atribuiu-se a ele um cipoal de bandalheiras, capaz de fazer o diabo de se benzer. Não faltou quem se encarregasse de agravar as eventuais mazelas.
As trapalhadas que envolveram o ex-presidente do Poder Legislativo, com freqüência cavalar, também seriam um retrato das dificuldades que marcam a atual administração, conquanto não com a mesma intensidade.
Há os que vêem nelas simples ausência de know-how político, frequentemente desembocando no sorvedouro da incompetência administrativa.
Os céticos, no entanto, garantem não haver muita diferença entre ontem e hoje. É que o discurso moralizador, supostamente fundado na necessidade de resgatar a credibilidade da ALE e na consolidação democrática e amadurecimento político dos cidadãos, não passa de engodo.
Verdade ou não, o que tem revelado setores da mídia a respeito de certos parlamentares, é o absoluto desprezo pelo povo e por regras de conduta em geral seguidas em outras latitudes, não raro citadas como exemplos a serem imitados.
Deplora-se, sob todos os aspectos, que a experiência nefasta do passado ainda inspire certas condutas. Só isso poderia explicar acordos de última hora, arranjos inesperados, votações na calada da noite, propostas indecentes e o desejo de um quadro que em nada ajuda à consolidação democrática ou ao amadurecimento político do povo rondoniense.
Ouvem-se, aqui e acolá, discursos recheados com tintas de cidadania e intenções moralizadoras, proferidos por políticos e dirigentes públicos, mas a realidade está muito distante disso. No entanto, o que se tem acompanhando é exatamente o contrário. A cada movimento no xadrez político, percebe-se o afã incansável de apropriar-se da máquina pública, para objetivos que jamais são tornados suficientemente claro. Até porque é mais fácil acenar com o chapéu alheio.