ARTIGO - Os dias são mais quentes no Centro de Porto Velho - Por Ranyére Nóbrega

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ARTIGO - Os dias são mais quentes no Centro de Porto Velho - Por Ranyére Nóbrega

Foto: Divulgação

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O período de inverno amazônico se estende de junho até meados de setembro. Isto significa que os dias de muito sol e calor em Porto Velho ainda estão longe de acabar. E quem mora ou transita pelo Centro da cidade deve se preparar. Em média, o Centro tem ficado com temperaturas quase três graus celsius acima das outras regiões da cidade. Esta diferenciação nas temperaturas na Capital rondoniense dá indícios da existência de microclimas na cidade.

Em Porto Velho existem três estações meteorológicas, duas localizadas na Embrapa (uma pertencente ao Inmet e outra à Sedam) e uma no Aeroporto (pertencente ao Sipam). As temperaturas registradas no Aeroporto têm se apresentado maiores que as estações localizadas na Embrapa. Estes registros podem ter relação com a existência de microclimas em Porto Velho. Em geral os microclimas são divididos em duas classes - o urbano (com presença de asfalto, prédios, casas e outras áreas sem cobertura vegetal) e o de vegetação (com presença de árvores).
 
Desta forma, as temperaturas são menores na Embrapa, uma região com maior vegetação, enquanto no aeroporto, região com menos vegetação, são maiores. Isso tem ocorrido tanto para as temperaturas mínimas (que ocorrem de madrugada), quanto para as máximas (que ocorrem à tarde).
 
Um microclima pode ser originado pela desordenada ocupação do solo, aumento de áreas construídas e o crescimento populacional, associados à redução de espaços verdes dentro da cidade e à poluição atmosférica. A consequência de tudo isto não é apenas na elevação da temperatura, mas também na mudança da umidade relativa do ar e na direção dos ventos. O conjunto destes fatores causam um desconforto térmico muito grande ao ser humano.
 
E aí começamos a ligar outros aspectos: maiores temperaturas demandam um uso maior de condicionadores de ar para melhorar o conforto térmico, que consomem mais energia, que por sua vez, consomem recursos naturais, e geram maiores gastos para quem utiliza os condicionadores de ar (diretamente) e para a população em geral (recursos naturais reduzidos podem aumentar o valor da eletricidade, por exemplo).
 
É sob este aspecto que se destaca a importância de áreas verdes dentro de um centro urbano. Não estamos aqui criticando a urbanização ou a construção de edifícios, mas sim informando que, caso não haja correto planejamento neste sentido, teremos a cada dia temperaturas mais elevadas em regiões como o Centro da cidade. Você já imaginou a Avenida Sete de Setembro daqui a alguns anos, com o aumento da urbanização na cidade em conjunto com o aumento das temperaturas no globo?
 
* Ranyére Nóbrega (ranyere.nobrega@sipam.gov.br) é doutorando em Meteorologia pela UFCG, chefe da Divisão de Meteorologia e Climatologia do Sistema de Proteção da Amazônia (Sipam) em Porto Velho, e professor colaborador da Universidade Federal de Rondônia.
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