Governo e indústria constroem agenda para melhoria da qualidade dos alimentos

Governo e indústria constroem agenda para melhoria da qualidade dos alimentos

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Foto: Divulgação

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O ministro da Saúde, José Gomes Temporão, instalou, nesta terça-feira (22), um fórum de debates com os representantes do governo e da indústria de alimentos para a definição de alternativas para a redução dos teores de gordura trans, sal e açúcar dos alimentos industrializados. Segundo pesquisa do Ministério da Saúde, até 260 mil mortes poderiam ser evitadas todos os anos com uma alimentação adequada da população. No encontro, o ministro defendeu a construção de uma agenda de pautas com temas que preocupam o governo e a indústria para a construção de pontos de consenso. “O fórum é um espaço democrático e transparente que avança na discussão de questões que preocupam a sociedade brasileira”, afirmou o ministro. “Precisamos avançar também na busca de consensos e alternativas que tenham sustentabilidade e possam ser pactuados em comum acordo, sempre sob a ótica da saúde pública”, completou Temporão. Para a elaboração de novas medidas de promoção da alimentação saudável no Brasil, o governo também se baseará em experiências internacionais bem sucedidas, como a do Canadá. Segundo o ministro, naquele país, relevantes mudanças na composição dos alimentos foram promovidas no decorrer de três anos. “O que nós queremos é que os alimentos oferecidos à população brasileira sejam de qualidade e que não coloquem em risco a saúde de ninguém. Mas, para isso, é preciso pactuar com a indústria como isso será possível”, disse Temporão. Existem questões técnicas, mercadológicas e prazos que têm que ser discutidos. “Em nenhum país do mundo se fez essa transição do dia para outro. Mas nós precisamos avançar e sair da inércia”, acrescentou o ministro. Para o presidente da Associação Brasileira das Indústrias da Alimentação (Abia), Edmund Klotz, o objetivo principal do fórum é encontrar alternativas viáveis para a substituição e conseqüente redução de alimentos prejudiciais à saúde. “A Abia já pactuou com a Organização Pan-Americana da Saúde que, o mais rapidamente possível, iremos eliminar a gordura trans dos nossos produtos por outros ingredientes. Por outro lado, não podemos deixar de produzir (esses alimentos) de uma hora para outra. Temos que procurar as alternativas para não deixarmos faltar produtos“, destacou Klotz. AÇÕES – A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) já iniciou a avaliação do perfil nutricional de 23 tipos de alimentos industrializados, como embutidos, laticínios, salgadinhos prontos, biscoitos, bebidas, farinhas e refeições prontas. O Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde (INCQS) ficou encarregado de analisar 40 amostras de cada alimento selecionado para saber qual a quantidade de açúcar, gorduras saturadas e trans, sódio, ácido fólico e ferro. O encontro é um desdobramento do acordo de cooperação assinado entre o Ministério da Saúde e a Abia (Associação Brasileira das Indústrias da Alimentação), em novembro de 2007. Paralelamente ao trabalho do grupo técnico, a entidade e seus associados se comprometeram a colaborar em ações de saúde pública, como na campanha de rubéola, que acontecerá entre 9 de agosto e 12 de setembro. OBESIDADE — Um dos reflexos do alto teor de açúcar, sal e gordura nos alimentos é o sobrepeso, já encarado em todo o mundo como epidemia, e que atinge cerca de 40% da população brasileira, segundo o IBGE. Além disso, sofrem de obesidade 12,7% dos brasileiros. De acordo com dados da PNDS (Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde), divulgada pelo Ministério da Saúde no início do mês, 6,6% das crianças com menos de cinco anos têm excesso de peso. A obesidade em todas as idades desencadeia uma série de doenças que está entre as que mais matam no Brasil como problemas no coração, diabetes, câncer de intestino, artrite, além de atacar outros órgãos como pulmão e vesícula. Estudo do Ministério da Saúde aponta que entre 212 mil a 260 mil mortes poderiam ser evitadas com uma alimentação adequada. REFEIÇÕES PRONTAS — A participação dos alimentos industrializados na contribuição da alimentação do brasileiro aumentou 82% entre 1974 e 2003 (POF/IBGE), indicando uma importante mudança no comportamento alimentar da população. Os alimentos processados, em geral, possuem teores elevados de gorduras, açúcares e sal.
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