Nas fábricas que abrigam as montadoras Peugeot e Citroen o processo é perfeito. Não existe parafuso solto ou roscas perdidas. Raramente um funcionário erra no manejo de uma ferramenta ou em sua posição junto à linha de montagem. O motivo de tanta eficiência? Antes de chegar ao chão da fábrica qualquer processo produtivo ou equipamento passa pelas telas dos computadores. Com a ajuda dos princípios da inteligência artificial os engenheiros simulam todos os processos da linha de montagem de um veículo. São as chamadas fábricas virtuais.
“Essas unidades testam todas as fases de produção do automóvel antes da sua realização.” O sistema chega tão próximo da realidade que o usuário chega a sentir a resistência do contato com a chapa de metal, numa operação virtual de soldagem.
Também permite que o funcionário consiga encontrar a posição correta de segurar uma ferramenta em determinado processo ou o quanto deve apertar um parafuso.
Antes isso era feito de forma real e consumia matéria-prima e horas de trabalho dos funcionários. Demoravam-se meses para a linha de montagem ser ajustada, agora o intervalo entre a simulação e a produção real é questão de dias.
O objetivo da companhia é cortar custos e aumentar a produtividade. A estratégia é incrementar as vendas lançando novos modelos em um intervalo menor de tempo do que a média do mercado. “Fazendo isso com qualidade, teremos uma vantagem competitiva enorme.”
A montadora identifica as tendências do mercado e consegue desenvolver aquilo que os clientes estão esperando em um intervalo de tempo menor. “Se em 2006 o intervalo de renovação da família de um produto era de 4,5 anos, até 2010, conseguiremos lançar novos modelos a cada três anos”.
As fábricas virtuais conseguem acelerar o processo em até um ano e meio. O plano prevê recuperar a rentabilidade e ultrapassar a marca de 4 milhões de veículos vendidos.
Nesse período a empresa pretende colocar 53 novos modelos – a começar pelo 207, lançado essa semana no Brasil. Sua ambição é ser o grupo mais competitivo na Europa.
As fábricas virtuais são mais do que visualizar as fábricas em 3D. É, na verdade, a centralização de dados necessários para a produção de um veículo. Em resumo, quando a ordem de montagem das peças é definida, uma ferramenta em 3D irá testar a operação. Todos os processos serão simulados e, a partir daí, as melhores soluções passam a ditar as regras de produção.
Por exemplo, se uma fábrica tem melhor desempenho na montagem de um rádio, esse processo é passado para todas as montadoras e se torna padrão. Esse processo é montado em 3D e passado para as montadoras onde os funcionários têm a perfeita situação de como executar esse processo.
Com esse processo consegue-se diminuir falha e tempo de montagem. Considerando um mercado tão competitivo como o de automóveis, tempo é, sem dúvida, dinheiro.