Quando da subdivisão dos estados brasileiros em regiões, foi discutido se Rondônia ficaria no Centro-Oeste ou na região Norte. Ficou estabelecido que ficaríamos encravados como nortistas, mais precisamente como amazônidas, fugindo totalmente do que tradicionalmente era adotado nas campanhas desenvolvimentistas do centro-oeste, com a criação de novas fronteiras agrícolas, adotadas pelo governo federal.
Diga-se de passagem, que no início da colonização foi incentivada e divulgada a necessidade do centro-oeste, em especial o território federal de Rondônia, passando o governo federal e o Banco Mundial fazerem vultosos investimentos na região, com criação de vários programas fundiários no próprio IBAMA.
O governador Teixeirão voava constantemente em seu helicóptero em todo interior do Estado, sendo folclórica a cena quando ele, para acabar com o levante dos caminhoneiros que pleiteavam melhorias nas estradas, queimando pneus sob a ponte do Rio Machado em Ji-Paraná/RO, descendo com seu helicóptero e indo dialogar diretamente com os caminhoneiros, com seu uniforme militar e boné, disse que também aderia à manifestação, após algumas horas de diálogo, tomando café e comendo pão, por fim, tudo se resolveu pacificamente.
Assim, milhares de famílias, vindas de todos os recantos do país, para cá chegaram, com esperança de ter uma vida melhor, sendo exigido a abertura, de no mínimo, 50% das florestas, com cláusula resolutiva expressa com os contratos estabelecidos com o INCRA, caso contrário, perderiam seus direitos sob a propriedade adquirida.
Pois bem, os demais estados já haviam derrubado quase toda a cobertura florestal existente, bastando dizer que de 1949 até 1960, foi derrubada quase toda a cobertura arbórea no Estado do Paraná.
Os brasileiros que aqui chegaram ávidos de progresso, enfrentaram toda a diversidade que a região tropical apresentava, clima desfavorável, quente e úmido, animais selvagens, doenças tropicais e a total falta de conforto, morando em choupanas às escuras, a maioria não resistiu e tomaram, outros retornaram à suas plagas, os heróis imigrantes que sobraram, atualmente clamam por regularização fundiárias de suas terras legitimamente ocupadas, o órgão público encarregado na legalização fundiária (INCRA), há mais de seis anos paralisou as maioria dos processos dominiais, não expedindo sequer licença de ocupação ou declaração de posse de seus imóveis, sem que se tenha notícia do reestabelecimento da provação dos processos que se encontram aos milhares paralisados no órgão, passando a imagem que só se preocupam com seus princípios partidários e ideológicos dos chamados “sem terra”, estes sim, recebem especial tratamento nos acampamentos com a entrega gratuita de cestas básicas, na maioria, multados pelo IBAMA por haver desmatado áreas em seu lote, quando na realidade era o próprio INCRA que impunha a necessidade da derrubada de árvores.
Vivemos num clima preocupante, o que fazer com as terras de nosso Estado? Vez que a lei complementar nº 41 que criou o Estado, não transferiu as terras para a nova unidade da federação, temos governo, povo, mas o território (terras), não nos pertence, se é para deixarmos intactos nossas florestas e mudarmos o conceito de desenvolvimento, é necessário que nos dêem recursos financeiros para mantermos uma floresta intacta, obtendo outros meios de subsistência, o Estado do Amazonas tem a sua Zona Franca, incentivo que garante milhares de dólares para serem empregados no Estado, se é para manter quase dois milhões de rondonienses aqui residindo, já que não existe incentivo para os habitantes da zona rural e termos poucas indústrias, sequer os recursos minerais (diamantes) da reserva Roosevelt, são permitidos sua extração, é necessário que se crie opções de trabalho e sustentação do seu povo, caso contrário, teremos que procurar outras regiões do país para o nosso sustento.
Que sejam criadas zonas de processamento para exportação que já foi criado pelo governo federal, durante o Governo de Sarney, que não está sendo implementado pelo governo federal, principalmente, de produtos regionais, modelo aplicado na China, hoje com mais de 130 zonas de exportação, 240 nos Estados Unidos, ou ainda, criar a nossa Zona Franca.
Não é mais possível continuar com tamanha desigualdade social em que vivemos, onde os recursos são encaminhados aos Estados do Sul e do Sudeste, ficando nós, distantes dos grandes centros, fadados ao subdesenvolvimento e a estagnação, lá tudo pode, já derrubaram a quase totalidade de suas florestas, as terras estão quase todas plantadas, não havendo nenhum impedimento de ordem legal, aqui é o completo engessamento de nossas riquezas, não podemos tirar nossos diamantes porque é reserva indígena, não podemos plantar porque estamos na bacia amazônica, não podemos abrir novas fronteiras agrícolas porque o mundo necessita de novas reservas ambientais para não causar danos ao meio ambiente, não podemos ter nossas reservas energéticas, porque meia dúzia de índios não foram informados, não podemos ter saída para o pacífico que outros países não querem que tenhamos uma ligação com a costa oeste dos
Estados Unidos e Ásia, querem continuar nos tutelando como se os milhares de rondonienses não possam pretender um Estado com mais dignidade humana e oportunidades para todos.
O crescimento tem que ser nacional como um todo e não somente em determinadas regiões, caso contrário, não teremos um país de Estados federados, mas alguns que devem ser fadados a nada ser e outros com mais expressão federativa e que recebem a maior fatia dos recursos federais.
Devemos registrar que o presidente Lula não veio uma vez sequer no Estado de Rondônia durante os quase cinco anos de mandato, na campanha eleitoral, disse que as hidrelétricas sob o Rio Madeira, eram prioridade no início de seu governo, mas infelizmente a sua ministra do Meio Ambiente Marina Silva, impede o início das obras com a não emissão da autorização ambiental, até onde, os rondonienses se calarão com a inércia daqueles que têm o dever de encontrar meios para consolidarmos como Estado federado?
*
VEJA TAMBÉM:
*
ARTIGO - "O Rico e o Indigente" - Por: D. Antonio Possamai
*
ARTIGO : Quem taí, do outro lado do muro? -Grupo Cidade, Cultura e Inclusão