Num país mais sério é difícil o cidadão acreditar que um acusado de meter a mão na cumbuca do dinheiro público, em vez de responder pelo eventual dano causado ao erário, é brindado com uma polpuda aposentadoria.
Esse é o Brasil do “jeitinho”, onde a corrupção caminha a passos largos, gerando suas crias, cada vez mais famintas por verbas e recursos públicos, sem que nada lhes aconteça.
Escândalos sucessivos vêm sendo trazidos ao conhecimento de uma sociedade lesada em seus mais comezinhos direitos. Repare-se o caso do JOER, a mais recente rapinagem envolvendo o dinheiro do contribuinte rondoniense.
E as providências saneadoras, quando serão efetivamente levadas a cabo? Ou tudo permanecerá como dantes no quartel de Abrantes?
Dir-se-ia que a população está anestesiada, diante de tantos arreganhos e de tantas bandalheiras. E o pior é que muitos permanecem no estado de pueril ingenuidade, como se fossem gratos aos que nos exploram e infelicitam.
No âmbito local, o vocabulário política sofreu uma completa e lamentável deturpação. Poucas são as pessoas qualificadas que conseguem eleger-se.
Os políticos medíocres e obscuros, na ausência de coisas mais sérias a fazer, danam-se a distribuir prebendas a autoridades, endeusando-as, com elogios, bajulações e jantares. Só assim, conseguem liberar verbas orçamentárias, deixando impressionados os que testemunham essas demonstrações de “prestígio”.
Outros, no entanto, contentam-se em ocupar os pequenos expedientes das Casas Legislativas com mini discursos que ninguém ouve e requerimentos que ninguém ler, mas que são distribuídos, na forma de “releases”, a rádios e jornais, sobretudo impressos e eletrônicos, para embair a consciência de incautos eleitores.
Às vezes, dá uma vontade tremenda de desistir*, de recolher os remos do bote e deixá-lo seguir o seu curso natural, porque, a cada dia que passa, vemos nossas mais lídimas reivindicações serem confundidas com a ação deletéria de calhordas, travestidos de cidadãos decentes.
A ambição desmedida e a avidez com que se entregam à busca do lucro fácil e à prática de negociatas, prejudicando todo um povo, chegar a causar asco.
Afinal, que país é esse? Esse é o Brasil, onde ladravazes contumazes do dinheiro público são endeusados, bajulados, paparicados, reverenciados e, acredite-se, tidos como exemplos de retidão a serem seguidos.
Muitos, inclusive, são até homenageados com a outorga de títulos de cidadãos*. E o povo? Este que se dane, porque só é lembrado nos períodos eleitorais.