ARTIGO - Olhinhos ávidos de cidadania - Por: Edneide Arruda

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Foto: Divulgação

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*Fabrício, tem um mês de vida. Sua mãe, Sara e seu pai, Paulo, ainda não atingiram os 18 anos. Os três são personagens formam o retrato da realidade brasileira destes tempos de gravidez na adolescência. Moradores de Aparecida de Goiás (GO), são catadores de materiais recicláveis e têm sonhos, muitos sonhos. Estes três cidadãos adentraram na tarde do último dia 25 de outubro, os salões encarpetados do Palácio do Planalto, sede do governo brasileiro, em Brasília. *Eles integravam uma legião de colegas da mesma profissão, os catadores de materiais recicláveis, que participaram da solenidade de assinatura de decreto que institui a coleta seletiva nos órgãos federais, realizada naquela quarta-feira, no Salão Leste do Palácio. *De tão pequenino, Fabrício se destacou entre outros cidadãos de pouquíssima idade, que, como ele, tiveram a oportunidade de participar daquilo quem nem sequer sabiam do que se tratava, mas que arregalavam os pequenos olhos a cada salva de palmas, que se seguia aos discursos proferidos. *A cerimônia também era para o Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva anunciar uma linha de financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social(BNDES), destinada a beneficiar mais de 300 mil catadores de materiais recicláveis existentes no país, e que agora vêem no fim do túnel uma luz social que aponta para a possibilidade de sua profissão vir a ser reconhecida - legal e socialmente. *No ato solene, o ainda não visto por entre as paredes frias do mitológico Palácio presidencial: uma pessoa discursando, enquanto uma criança se divertia no meio do salão com um brinquedo reciclável: uma garrafa plástica (de refrigerante). Os olhares incômodos, claro, eram sempre dirigidos às mães destas crianças brincantes. Principalmente na hora do discurso do Presidente da República. *Antes dele, o morador de rua, Sebastião Nicomedes de Oliveira, foi um dos oradores, daquela solenidade. Representando o Movimento da População em Situação de Rua, Nicomedes não conteve a emoção, ao falar de sua dor de sofrer por ser o que é: um incompreendido morador de rua. Sua fala, vinda do mais profundo de sua alma, emocionou as mais de 400 pessoas presentes, muitas delas que, pela primeira vez em suas vidas, punham o pé no Palácio. Eram senhoras e senhores de meia idade, homens de rostos queimados pelo sol, adolescentes que nem bem se formaram e que já estão na labuta; desta feita, na coleta de materiais recicláveis, país a fora. *Atento a todo o cenário, ao fazer seu discurso, o presidente Lula aguçou a reflexão de todos: “Em que momento da história um catador de papel pôde usar a tribuna num palácio governamental? Em que momento da história um morador de rua pôde utilizar a palavra no Palácio presidencial em qualquer país do mundo? Foi aplaudido e argumentou: “O que nós estamos presenciando aqui hoje, mais que um ato de assinatura de decreto, é um ato de cidadania.”. *A bem da verdade, por um momento, se sentiu que a cidadania não teve idade, classe social, ideologia, orientação sexual, seita ou crença religiosa. Teve, sim, vida, simplesmente. E, cônscio deste momento, Lula encerrou sua fala: “Eu quero dizer para vocês da minha alegria, do meu prazer, da satisfação de poder ter vivido o dia, como Presidente da República, em que neste Palácio adentrou mais uma parcela da sociedade brasileira marginalizada para afirmar, a quem quer que seja, que este País não tem dono e não terá mais dono. O dono dele são os 190 milhões de brasileiros.”. Mais palmas. E Fabrício só arregalou os olhinhos ávidos.
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