Exploração explícita – Por Valdemir Caldas

Da Redação

30 de Janeiro de 2008 às 08:39

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Exploração explícita – Por Valdemir Caldas

Foto: Divulgação

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À deterioração da qualidade do ensino portovelhense ajuntou-se, desde há muito, outro mal que incumbe às autoridades colocar um freio. Trata-se dos preços abusivos cobrados pelo material escolar. Some-se a isso a falta de opção para os pais adquirirem o material solicitado para seus filhos. A relação de material pedagógico, solicitada por algumas escolas, impressiona não somente pelo tamanho, mas, sobretudo, pela repetição de produtos. A lista varia de acordo com a escola e o grau de escolaridade. Um aluno do segundo ano do Instituto Educacional Cinderela, localizado no bairro Tancredo Neves, Zona Leste da capital, por exemplo, terá de providenciar uma relação de material com cinqüenta e dois itens - 26 para necessidades pedagógicas, 13 para trabalhos de artes, seis para transportá-los na bolsa e sete para as tarefas de casa. Isso sem falar nos livros didáticos, cujos preços vêm tirando o sono de muita gente. Não é sem razão, portanto, o brado de indignação de muitos pais contra os pedidos absurdos de certas escolas e, principalmente, contra os preços extorsivos do material escolar praticados por um sem-número de estabelecimentos do ramo. Evidentemente, nem todas as exigências formuladas pela maioria das escolas têm justificativa plausível. De igual modo, nem todos os estabelecimentos de ensino cobram mensalidades justificáveis diante das leis e da própria situação econômica das famílias. A agravar ainda mais esse quadro, não são poucas as pessoas que vêem um conluio entre colégios e casas que vendem produtos escolares. Segundo denúncias, seria essa união macabra, contudo, o maior responsável pela exigência de que determinados artigos sejam comprados numa e não em outra casa comercial. O Ministério Público Estadual, que tanto se tem esforço no combate a práticas delituosas, não pode deixar campear a exploração nesse segmento estratégico da vida portovelhense. Mesmo correndo o risco de ver-se incompreendido pelos que pescam melhor em águas turvas, não pode aquele importante órgão (em sendo verdade as reclamações) fechar os olhos contra condutas extremamente nocivas à sociedade. O contrário disso, no entanto, seria adicionar outro ingrediente perverso no sistema educacional, já suficientemente recheado de problemas que impedem a superação de dificuldades, que só pela educação é possível superar.

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