ARTIGO - O desafino de uma orquestra que toca de ouvido - Por Francisco Rangel

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Foto: Divulgação

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De como o povo rondoniense esquece a sua história.
A história da demolição dos pedaços finais do antigo mercado municipal, me fez pensar como o povo rondoniense, sobretudo os nativos, quando digo nativo, não é em tom pejorativo, mas na essência da concepção da palavra, se deixam modificar sem reagir. Lendo o artigo de Antônio Serpa do Amaral Filho, (O solo mais fúnebre de Júlio Yriarte) me senti na obrigação de soltar o meu grito de indignação. Em seu artigo, o autor foi muito feliz em falar da passividade como as pessoas viram uma testemunha histórica do “porto do velho” ruir. Não bastou o Bar do Zizi fincar os pés e tentar buscar adeptos para a luta. Não valeu o sacrifício das deliciosas salteñitas, nem do bom bate-papo de fim de tarde mirando o busto de Getúlio. Os freqüentadores do tradicional botequim, que outrora lutavam pela preservação, hoje fazem parte da elite administrativa da Prefeitura Municipal de Porto Velho. Não vou citar nomes para não incorrer no erro da nominação, mas quem anda pelos corredores das hostes municipais esbarra em antigos defensores por metro quadrado. A vida de Porto Velho vai perdendo aos poucos a marca de sua história. Onde estão aqueles que se diziam beradeiros? Aqueles que quando se falava em qualquer tipo de modificação ou obra corriam para a imprensa ou para o Ministério Público em busca de um remédio jurídico? Perderam a sensibilidade ou o interesse? Cadê a imprensa combativa que tantas vezes defendeu nosso patrimônio? Salvo esse artigo a que faço referência ninguém mais falou nada? Mesmo altamente tendencioso, e cheio de expressões de puxa-saquismos, ao psicólogo Roberto Sobrinho, foi o único que vi falar alguma coisa. Quando me referi no título à orquestra que toca de ouvido, parafraseando o título original do artigo, intenciono mostrar que a gestão petista, parece uma banda musical, onde os músicos que não sabem sequer ler uma partitura, tentam entoar uma peça clássica de Johannes Brahms. Não vai, não sai nada!! Respeitando os limites da vontade de fazer, o resultado são desastres de exemplos administrativos e erros incorrigíveis como esse que tratamos nessas linhas. Quanto a relação e comparação com a administração anterior, feita pelo escriba, não dá pra falar muito. Camurça administrou sem apoio de governos estaduais: Bianco e Cassol não botaram um prego numa barra de sabão em Porto Velho na então gestão, mesmo assim o ex-prefeito deixou alguns legados: revitalizou e construiu a nova Biblioteca Francisco Meirelles, abriu as principais avenidas de grande circulação que hoje existem na Capital, apoiou movimentos culturais- A Jerusalém da Amazônia é testemunha disso-, fez inúmeros quilômetros de asfalto, urbanizou mais de trinta bairros e ainda deixou obras para Roberto Sobrinho colocar as placas. (Maternidade Municipal, Mercado do Peixe, Ginásio de Esporte do Esperança da Comunidade, etc.) Imaginem se Camurça tivesse o turbilhão de dinheiro que a gestão petista diz ter? Desculpem a visível tendência, mas bater e assoprar não combina com o escriba. Ou bate, ou assopra! FRANCISCO RANGEL - Jornalista. Militou por mais de vinte anos na Imprensa Rondoniense. Hoje, advogado, mora e atua em Brasília- DF.
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