Tropas das Polícias Federal e Militar expulsaram ontem cerca de 160 famílias que ocupavam desde domingo uma área ao lado do bairro Santa Helena, no Segundo Distrito.
*A área, que pertence ao governo do Estado, já tinha sido loteada entre os posseiros e recebeu o nome de bairro Jorge Viana, em homenagem ao ex-governador do Estado.
*Os argumentos dos posseiros variaram. Alguns usaram a falta de outro lugar para morar. Outros, o desemprego. E terceiros, a carestia dos aluguéis que se obrigam a pagar mensalmente.
*Como a área, ocupada por um denso capinzal, pertence ao poder público e não havia sido beneficiada até hoje, eles resolveram ocupar para negociar, mais tarde, com as autoridades.
*“Não é nada contra o governo, essa invasão é porque nós não temos mais condições de ficar morando de favor na casa dos outros. Mais de 99% das pessoas aqui moram na casa de parentes ou mesmo de amigos e só uma minoria mesmo tem dinheiro para pagar algum aluguel”, explica Rubens Andrade Santos, que se diz desempregado desde 1992 e pai de cinco crianças.
*A situação no local era tensa. Algumas famílias temiam um confronto com a polícia, que, segundo alguns, ameaçou e agrediu verbalmente vários ocupantes.
*Segundo Rubens Andrade, um menor de idade foi detido sem mandado ou motivo por uma das radiopatrulhas. A polícia nega as acusações.
*No quarto dia de existência, o bairro Jorge Viana já tinha sido dividido em vários lotes de 12 por 25 metros. Segundo os ocupantes, também foram deixados espaços para ruas, travessas e até áreas para a construção de igrejas, duas praças, uma creche e um posto de saúde. Apesar da divisão, nesta quarta-feira, o matagal continuava intacto em 90% dos lotes.
*PM agiu preventivamente
*O novo comandante da Polícia Militar (PM), coronel Romário Célio, disse ontem que a polícia agiu preventivamente e que a invasão, ao contrário do que alegam os ocupantes, não chegou a ser efetuada.
*Segundo o coronel, a ocupação se justifica exatamente pelo fato da área ser pública - parte é do governo do Estado, parte da União.
*“Nós recebemos uma informação que esses ocupantes estavam tentando entrar nessa área e resolvemos agir antes que se configurasse de fato a invasão. Nós impedimos que ela se consumasse graças a uma ação preventiva, rápida e eficaz”, explica o coronel.
*A maioria dos bairros de Rio Branco surgiu nas mesmas condições que o abortado bairro Jorge Viana. Entre eles, o Santa Helena, vizinho da área ocupada. Uma fonte dos moradores afirmou que as famílias voltarão ao local logo após a saída da polícia. (Josafá Batista)