Bolívia vive conflito político e tensão social

Bolívia vive conflito político e tensão social

Bolívia vive conflito político e tensão social

Foto: Divulgação

Receba todas as notícias gratuitamente no WhatsApp do Rondoniaovivo.com.​

Bolívia vive conflito político e tensão social Evo Morales demonstra preocupação com a divisão do país. Senador diz que opositores querem pressionar La Paz por benefícios. Oito garotos disputam um jogo de futebol numa pequena rua com uma forte subida, típica da cidade de La Paz, a capital boliviana que está cerca de 3.600 metros acima do nível do mar. Os meninos, de no máximo 10 anos, pouco se importam com o clima que dificulta a respiração e passam longe do tema que mais se discute na Bolívia: a nova Constituição do país. O jogo de futebol é realizado em frente a um alto muro azul com o rosto do presidente Evo Morales pintado. Nele, se lê a inscrição: “Direccion Nacional”. Atrás desse muro, está a sede do partido Movimiento Al Socialismo (MAS), o mesmo do presidente Morales. Lá dentro, o vice-presidente da legenda, Geraldo Garcia, a secretaria de Relações Internacionais, Lineda Zurita, e o integrante do comitê político Adolfo Colque discutem a realização do ato de entrega da nova Constituição ao Congresso, previsto para ocorrer no próximo sábado (15). Neste mesmo dia, em Santa Cruz de la Sierra, deve ocorrer um referendo sobre o projeto de estatuto Autônomo do departamento (estado). Santa Cruz é um dos cinco departamentos que fazem oposição ao governo federal de Morales. Dos cinco departamentos, Beni, Pando e Tarija prometem seguir o mesmo caminho e aprovar suas leis autônomas. A iniciativa aprofundou a divisão na Bolívia. De um lado, Morales e La Paz. Do outro, os prefeitos dos departamentos opositores. “O que há hoje é uma luta de classes disfarçada por trás da discriminação e confrontação que se instalou no país”, disse ao G1 o senador Antonio Peredo Leigue, pelo MAS de La Paz. “Nós estamos divididos entre esquerda e direita e o conflito e a tensão social são permanentes”, completou o senador. O vice-presidente do MAS, Geraldo Garcia, rejeita a tese do senador correligionário. Para ele, a Bolívia está unida em torno do projeto do presidente da República, e os prefeitos opositores não expressam o desejo da população de seus departamentos. “Não existem duas Bolívias. Os prefeitos não representam o povo porque o povo está com Morales”, disse o dirigente partidário, sentado em torno de uma mesa com um saco de folhas de coca à sua frente, uma árvores de natal ao lado e os colegas do MAS o observando, num ambiente tipicamente boliviano. É tradição mascar, ou “chachar”, como dizem os bolivianos, a folha da coca. O princípio ativo da folha, o mesmo que depois de uma complexa engenharia química transforma-se em cocaína, ajuda a respiração na altitude de La Paz. Nação dentro da nação Em Santa Cruz, o departamento que faz fronteira com o Brasil, essa tradição não existe. E isso parece ser mais um fator de divisão entre os bolivianos. "Morales representa a Bolívia, nós somos uma nação distinta, no econômico, étnico e cultural. Os dirigentes de La Paz dizem "La Paz é a Bolívia e a Bolívia é La Paz" Esta declaração nos permite afirmar que os únicos bolivianos são os que vivem em La Paz e arredores. Nós pertencemos a uma nação sem estado”, diz o líder do grupo separatista de Santa Cruz, Sergio Antelo. “Nós não temos nenhuma relação com a história andina, nem com a exploração colonial das comunidades indígenas”, completou Antelo. Os dirigentes do MAS apostam que o estatuto de autonomia de Santa Cruz tenha também o tema da separação disfarçado. Morales criticou a iniciativa do departamento. “É obrigação de todos apostar na unidade do país para que a Bolívia, um país pequeno com muitos recursos naturais, seja uma só. Alguns departamentos não podem agir sobre pretexto de autonomia para buscar a separação do país”, disse o presidente. O senador Peredo rejeita a tese de separação. Para ele, os departamentos apenas ameaçam com a autonomia para buscar mais benefícios do governo central. Ele cita, por exemplo, o fato de Santa Cruz ser um departamento produtor de soja, cuja produção é subvencionada por La Paz. O governo nacional também garante compra de parte da safra para garantir renda mínima aos agricultores. “É isso que eles querem, mais vantagens do estado boliviano. Eles não vão jamais se separar ou declarar uma autonomia de fato porque depende das decisões de La Paz para sobreviver”, disse. Descentralizar é preciso O porta-voz do departamento oposicionista de Cochabamba, Eric Fajardo, disse que a intenção não é ganhar mais vantagens de La Paz, mas fazer um movimento contrário à aprovação da nova Constituição, boicotada pelo Podemos, o principal partido de oposição. Apesar das diferenças, um tema une oposição e governo: a necessidade de descentralização do poder. Hoje, como os departamentos não têm autonomia de criar leis e orçamento, através de uma assembléia legislativa departamental, todas as decisões são tomadas pelo Congresso Nacional. “Uma simples decisão que afeta um município pequeno tem que ser tomada pelo governo nacional e isso dificulta a tomada de decisões e o própria dinâmica do país”, disse Peredo. Ele, no entanto, acredita que a mudança não passa apenas por uma nova legislação, é preciso mudar a mentalidade dos bolivianos.“Temos uma mentalidade que nos coloca muito dependentes do governo central. Nós achamos que qualquer mudança tem que passar pelo governo central, desde a instalação de uma escola até a pavimentação de uma rua. E é essa mudança cultural de mentalidade que precisa ser feita”, disse Peredo.
Direito ao esquecimento

A política de comentários em notícias do site da Rondoniaovivo.com valoriza os assinantes do jornal, que podem fazer comentários sobre todos os temas em todos os links.

Caso você já seja nosso assinante Clique aqui para fazer o login, para que você possa comentar em qualquer conteúdo. Se ainda não é nosso assinante Clique aqui e faça sua assinatura agora!

Na sua opinião, qual companhia aérea que atende Rondônia presta o pior serviço?
Você ainda lê jornal impresso?

* O resultado da enquete não tem caráter científico, é apenas uma pesquisa de opinião pública!

MAIS NOTÍCIAS

Por Editoria

PRIMEIRA PÁGINA

CLASSIFICADOS veja mais

EMPREGOS

PUBLICAÇÕES LEGAIS

DESTAQUES EMPRESARIAIS

EVENTOS