* A Delegacia Especializada em Crimes Contra a Mulher em Porto Velho é ineficaz. A constatação foi feita por uma dona de casa que prefere não se identificar. Ele já esteve várias vezes na delegacia registrando ocorrência contra seu ex-marido que continua em liberdade. Na última vez que eu estive na delegacia, ele foi ouvido, deu endereço e telefones falsos e a delegada me chamou para ser ouvida. Quando saí da sala da delegada, ele havia ido embora. O pior é que a atendente disse que ele seria encontrado, já que tinham seu endereço e só aí constataram que ele havia informado seus dados errados, declarou a dona de casa.
*O drama teve início há cerca de um ano, quando a dona de casa separou-se de seu companheiro por ser agredida constantemente. Ela deixou sua casa com todos os bens para o ex-marido e levou apenas seus dois filhos, um casal de 7 e 5 anos e foi morar na casa de uma amiga. Dias depois o ex-marido encontrou-a e queria reconciliação. Com a recusa da mulher, ele agrediu-a na frente dos amigos e da vizinhança e disse que iria retornar para terminar o serviço. Ela foi até a delegacia da mulher e registrou uma ocorrência. Nenhuma providência foi tomada.
*Passado algum tempo, o ex-marido continuou a procurá-la, alegando quem queria ver os filhos e a cada encontro novas agressões e ameaças eram feitas. Por último ele pediu a guarda das crianças, alegando que a mulher abrisse mão, ele a deixaria em paz. Ela então cedeu e as crianças foram embora com o pai. Passados alguns dias ele encontrou-a na avenida 7 de Setembro e agrediu-a no meio da rua. Um transeunte ainda tentou evitar a gressão mas foi ameaçado pelo ex-marido da dona de casa. Novamente ela procurou a Delegacia da Mulher, outra ocorrência foi registrada, o ex-marido foi ouvido e saiu da delegacia como se nada tivesse acontecido.
*Ela então conseguiu um emprego de doméstica e pediu para seus amigos que não deixassem que seu ex-marido soubesse de seu paradeiro. Algumas semanas depois ele descobriu e foi até a casa onde ela estava trabalhando. Ameaçou os moradores da casa e mesmo sabendo que a mulher não tinha condições de ficar com as crianças, uma vez que estava morando no emprego, deixou-os com ela. Como ele passou vários dias indo no emprego da mulher, ela acionou a Polícia Civil, que esteve no local e conduziu o agressor à delegacia da Mulher, onde ele deu dados falsos e escapou, tomando rumo ignorado. A mulher declarou à reportagem do Clicrondonia que não sabe mais o que fazer, eu estou indo embora com minhas crianças porque não tenho segurança alguma em Porto Velho. Pelo jeito a polícia só vai tomar alguma providência no dia em que ele me matar. Eu sou sozinha e tenho dois filhos pequenos para criar. Não posso viver dessa forma. Estou indo embora para não morrer, declarou a dona de casa.
*Outras mulheres que passaram por situação semelhante também fazem coro com a dona de casa, a legislação é muito branda com os agressores. Eles pagam uma cesta básica, ouvem um sermão e vão embora como se nada tivesse acontecido, disse uma vítima de agressão doméstica ouvida pela reportagem.
*Na Delegacia da Mulher dezenas de casos são registrados diariamente mas na maioria os agressores seguem impunes. A situação da dona de casa é uma rotina que se repete há vários anos e pelo visto não deverá mudar tão cedo.