ARTIGO - Contraste perverso: Por Valdemir Caldas

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Foto: Divulgação

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O deputado Neodi de Oliveira chegou à presidência da Assembléia Legislativa de Rondônia prometendo cortar despesas, resgatar a imagem da Casa, que estava na sarjeta (não seria melhor conjugar o verbo no presente do indicativo?) e valorizar os servidores. Algumas vozes independentes, como a do autor desta coluna, uniram-se ao “discurso moralizador” do presidente, não por motivos políticos, ideológicos, pessoais ou pura subserviência, mas por acreditar nas suas propostas. Onze meses depois, a administração Neodi é o retrato do desencanto. Lembro-me de outro presidente. Não da ALE, mas da República. Trata-se de Fernando Collor, que prometeu, dentre outras patranhas, acabar com a inflação com um único tiro. Collor errou o alvo e o monstro embrenhou-se caatinga adentro. Foi preciso muito sacrifício para dominá-lo. O tempo passou e o que se assistiu foi o definhar de um governo, envolto em marmeladas de toda sorte, com o seu mandatário sendo escorraçado do poder por práticas delituosas. É incrível como ainda tem gente que não entende o que está acontecendo nos escaninhos da “Casa do Povo” (como diz a propaganda) e a razão para o descrédito de que desfruta aquela instituição no seio de expressiva parcela da opinião pública rondoniense. A parvoíce, efetivamente, é um mal incurável, que parece ter impregnado a cabeça de algumas pessoas, que não percebem que a administração Neodi caminha às cegas, rumo ao ocaso. Não é preciso ser especialista em coisa nenhuma, nem freqüentar os rega-bofes palacianos para chegar a essa conclusão. Basta uma simples conversa com quem realmente conhece o dia-a-dia da ALE: o servidor. Logo na entrada, fica-se sabendo que a Mesa Diretora cortou um punhado de gratificações de servidores estatutários. A corda acabou no pescoço do pessoal do Departamento Legislativo. Os valores variam de seiscentos a mil e novecentos reais. Em contrapartida, engordaram-se as já polpudas remunerações de cargos comissionados - cujo número é o triplo dos estatutários. ALE tem, aproximadamente, seiscentos funcionários. Dias atrás, noticiou-se que a mudança da conta da ALE do Banco do Brasil para outra agência teria rendido à Casa vários mimos (carrões de luxo), para o usufruto de parlamentares. É a isso que se chama transparência e moralidade pública? O clima entre servidores é de terror. Há um misto de revolta e decepção no ar, mas, publicamente, poucos se arriscam a emitir juízo de valor. Um deles teria sido punido simplesmente porque reclamou um erro no pagamento de diárias. Diz-se que uma servidora procurou um dos membros da Mesa Diretora para tentar reaver uma gratificação que lhe havia sido retirada, injustamente. De chofre, o parlamentar (com pinta de Chávez) perguntou-lhe quanto ganhava. Resposta: R$ 4 mil. “A senhora ganha muito bem”, disse o deputado. “O meu gerente não recebe mais que dois mil reais por mês”. E deu o assunto por encerrado. Calcula-se que a funcionária tenha cerca de trinta anos de Casa. E o gerente do deputado, quanto anos tem de serviço? Depois que deixei o suntuoso prédio da ALE, pude compreender por que o ex-presidente e ex-deputado Carlão de Oliveira (com todos os seus pecados) era endeusado por muitos servidores. Pelo menos, não se sabe que Carlão tenha perseguido ou reduzido a remuneração de ninguém.
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