Há quem analise que a descoberta, pela Petrobras, de uma imensa reserva de gás no litoral brasileiro, que pode chegar a 80 bilhões de barris, pode acabar sendo prejudicial para a luta de Rondônia em ter seu gasoduto.
O raciocínio de quem parte dessa premissa é que, agora com gás abundante a disposição, o governo voltaria as costas para projetos regionais.
Há, contudo, quem veja a questão com otimismo em relação à batalha rondoniense pelo gás de Urucu. Neste tipo de análise, seria uma oportunidade única do Brasil somar a gigantesca descoberta com obras em diferentes regiões, podendo, com isso, se não acabar ao menos diminuir drasticamente nossa dependência em relação à Bolívia e seu inconstante governo.
Não seria a hora, enfim, da Petrobras dar um basta aos constantes arroubos bolivianos? Se somar a produção que pode sair da nova reserva com o que Urucu produz - podendo, só ele, abastecer com folga os gasodutos de Manaus e Porto Velho - o Brasil daria um passo concreto, indiscutível e seguro em direção à auto-suficiência na produção deste tipo limpo e barato de energia.
Seria uma espécie de grito da independência em relação aos nossos vizinhos, que têm usado o seu gás contra os interesses brasileiros.
É claro que se pensar apenas ideologicamente - e há importantes figuras do governo do PT que já adoram Evo Morales, considerando-o como sendo da turma - será muito difícil que os interesses maiores do Brasil não caiam para um segundo plano.
Mas se vingar a tese do que é bom para o nosso país, para seu povo, para que tenhamos segurança e tranqüilidade em relação ao gás que necessitamos tanto, o governo vai pensar é em livrar-se do tacão boliviano e crescer como nunca, dependendo apenas da sua própria produção.
A descoberta da megareserva de gás no litoral de Santos - numa bacia que pode se estender até Santa Catarina - é um passo importante e uma vitória da Petrobras e do governo. Mas ela só será realmente vital na medida em que servir para que nos livremos dos altos custos, dos perigos políticos e das ameaças constantes a que somos submetidos quando apenas dependemos dos vizinhos para termos gás abundante.
Investir também na distribuição do gás de Urucu para abastecer, com energia limpa e muito menos cara que o óleo diesel a dois grandes estados da região norte, torna-se, nesse raciocínio, um elemento crucial para o fim da nossa necessidade de estarmos de pires na mão pedindo ajuda para a Bolívia de Evo Morales. E acaba também com a idéia louca de construirmos um gasoduto desde a Venezuela de Hugo Chávez.
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